#06

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Acordei de um pesadelo, algo que estava sendo muito frequente desde que a minha vida real também havia se tornado um pesadelo.
Estiquei meu braço até a escrivaninha ao lado da minha cama e peguei meu celular, eram 07:30 e eu tinha que estar em uma campanha de doação de filhotes da ONG ás 09, então logo me levantei e tomei um belo banho quente. Ao sair do banho soltei meu cabelo que já havia lavado na noite anterior, vesti uma calça de alfaiataria preta e uma blusa de cintura alta lilás, calcei uma sandália slingback preta, coloquei minha bolsa branca sobre o ombro e desci para a cozinha.
Assim que entrei na cozinha Dona Solange, a nossa cozinheira do turno da manhã á mais de 5 anos, sorriu para mim.
- Bom dia Leninha! - disse ela.
— Bom dia Tia Sol! — eu respondi simpaticamente.
— Quer que eu prepare algo para o seu café, querida? —
— Não precisa, preciso comer algo rápido, já estou de saída, mas obrigada. Tenha um ótimo dia! — respondi sorrindo enquanto percorria a cozinha rapidamente pegando uma barra de cereal de morango e uma maça verde e saia apressadamente. Mordia a maçã enquanto caminhava pela sala em direção a porta da garagem, depois de algumas mordidas joguei o resto fora na lixeira da garagem.
Entrei no meu carro e até a praça no centro da cidade onde ocorreria a campanha de adoção.
Estacionei ali perto e logo avistei os outros voluntários e responsáveis pela ong terminando de organizar a barraquinha.

— Oi gente!  — eu disse ao chegar.
— Sempre atrasada mas nunca ausente. — disse Anthony em tom de brincadeira.
— Tem razão, a Lena é definitivamente anti-despertadores. — disse Luiza. Anthony e Isabelle riram.
- A realeza não usa despertadores Lu. - Disse Isabelle entrando na brincadeira.
— Ei ei! Gente, vocês estão exagerando, eu nem me atraso tanto assim, na verdade me considero uma pessoa bem pontual. — Eu disse. Todos pararam e olharam para mim e então riram novamente.
— Pontual... claro. — Disse Anthony, olhando pra mim com uma sobrancelha levantada segurando um sorriso. Eu balancei a cabeça em desaprovação e comecei a ajudar na organização das gaiolas com os filhotes, que pareciam agitados.
- Anthony você está contra mim? - brinquei.
- Jamais princesa. - Ele disse. Eu sabia que eles brincavam de me chamar de "princesa" ou de "realeza" por saberem quem eu sou e minhas condições de vida, eu não me importava com isso, pois já os conhecia faziam anos e tínhamos intimidade para isso, além disso, eu sabia que eram pessoas boas e que tínhamos uma amizade sincera. Mas admito que toda vez que Anthony usava o termo "princesa" eu tentava não levar para o contexto errado. Afinal apesar de sermos só amigos ele ainda era um rapaz atraente e da minha idade. Anthony era bem mais alto que eu, tinha uma radiante pele em tom de caramelo, cabelo escuro e uma excelente forma física. E além de tudo isso, ele era um cara realmente muito legal. Eu ainda não conseguia entender por que ele não tinha uma namorada.

Ficamos algumas horas ali com os filhotes e conseguimos que 5 da ninhada de 7 filhotes fossem adotados! Era um dia de vitória para nós. Desmontamos a barraquinha e levamos tudo se volta para a caminhonete que eu havia comprado para a ONG fazer certos transportes. Luiza foi dirigindo e Isabelle foi junto. Anthony pilotava e sua moto estava próximo a onde meu carro estava estacionado, então caminhamos juntos até lá.
— Então... até a próxima! - Eu disse quando chegamos. Mas assim que me virei Anthony segurou meu braço.
- Espera Lena! -
— Sim? — eu disse me virando para ele, confusa.
— Você tem algum compromisso agora? poderíamos sei lá, almoçar juntos. - Ele disse, parecia meio sem graça a coçar a cabeça.
— Claro! Eu estou morrendo de fome. - Fomos caminhando até o Imperius Shopping e entramos em um restaurante que servia uma excelente comida ali dentro.

Quando chegamos, escolhemos uma mesa de dois lugares. Eu pedi Espaguete ao molho branco e ele Lasanha, e então esperamos a comida chegar.

— Podemos dizer que hoje a campanha foi um sucesso! - Eu disse sorrindo. Ele sorriu de volta.
— Sim! 5 filhotes ganharam um novo lar hoje! — ele disse.
— Isso deixa meu coração quentinho! — Eu disse colocando o rosto sobre as minhas mãos.
- E você vai na ONG essa semana? - perguntou ele.
— Claro! Sexta é meu dia de dar banho nos cachorros da ala 3.  — Eu disse.
— Ah! eu posso te ajudar, se quiser... —
— Seria ótimo, na verdade! — Eu disse realmente agradecendo. Anthony era incrivelmente prestativo.
Ele sorriu.
- Seria realmente ótimo, afinal eu gosto muito da sua companhia... - Ele disse. Parecia meio nervoso ao dizer isso. Ele estava... flertando? Não. Ele não estava, éramos apenas amigos.
- Eu também gosto da sua companhia! E da sua gentileza. E do seu senso de humor! Anthony, me diga, como você ainda não tem uma namorada? - Eu brinquei. Ele olhou para mim e limpou a garganta.
- Me diga você. - Ele falou baixo.
- O que? - Eu perguntei para ter certeza do que eu ouvi.
- Além de dificuldade com pontualidade a realeza também tem problemas de lerdeza? - Ele disse em tom de ironia. Eu ri.
- Ei, você me trouxe para almoçar ou para me julgar? - Eu disse cruzando os braços fingindo estar brava. Ele sorriu.
- Foi você quem começou me chamando de encalhado. - Rebateu ele.
- Eu não te chamei de encalhado. Eu só quis dizer que é surpreendente um cara com tantas qualidades como você ainda estar solteiro. Olha, eu tenho uma amiga, o nome dela é Maya e... - Eu disse.
- Então você acha que eu tenho muitas qualidades? - Perguntou ele me cortando. Eu sorri, nossa comida chegou na mesa e começamos a comer.
- Olha você é o único homem que é voluntário na ONG, certamente já é uma grande qualidade. - Eu disse após mastigar e engolir a primeira garfada. Ele pareceu pensar enquanto mastigava também.
- Você é a única voluntária milionária que está preocupada em ajudar animais resgatados das ruas ao invés de sei lá, viajar para Dubai, postar dancinhas na internet ou fazer preenchimento labial. - Ele disse. Eu olhei fixamente para ele. Ele realmente era um cara muito legal.
- Aw, então eu não sou só atrasada e lerda? - eu disse em tom de ironia. Ele riu suavemente e voltou a comer.
- O que eu quero dizer é que se existe alguém com grandes qualidades aqui, esse alguém é você. - Disse Anthony, desta vez não em tom de brincadeira mas parecia falar muito sério. Eu sorri para ele.
- Obrigada. Acho que sofrer acabou moldando meu caráter afinal... - Eu disse refletindo sobre meu passado. Anthony pareceu não entender.
- E me diga quais os sofrimentos da realeza? - Ele perguntou voltando ao tom de brincadeira. Eu ri em resposta. Certamente não iria contar sobre meus traumas para um amigo em um almoço. "Ah eu sofri um bullying sinistro por que era uma criança gordinha. Ah e a propósito, vou me casar com o cara que fazia bullying comigo daqui a 2 meses. Engraçado, né?" Eu ri mentalmente da minha própria desgraça e continuei comento em silêncio.

Amor em Chamas: O ContratoHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin