Capítulo 1

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Se me contassem que meu dia seria tão agitado, eu não acreditaria! Sabe quando você passa a noite inteira na cama, buscando e rezando para o sono chegar? Pois é, essa sou eu. Tudo que eu desejava, era dormir. Mas não conseguia de jeito nenhum. Tentei assistir televisão, mudei de posição várias vezes, fiquei com a cabeça pendurada para fora da cama na intenção de fazer o sangue descer pra eu desmaiar e nada. Enquanto meu pedido não era atendido, deitei de costas e fiquei pensando como meu fim de semana tinha sido bacana. - Almoço com a família: Ok. - Shopping: Ok. Ah... Essa foi a melhor parte do meu fim de semana, não que minha família não fosse, mas fiz coisas que toda mulher adora. Cabelo, unhas, limpeza de pele, e gastei só um pouquinho com besteira. Amo fazer isso! - Filme em casa com pipoca, sorvete, chocolate e Coca-Cola: Ok. Certo. Cometi o pecado da gula, mas eu precisava disso para controlar meu estresse e ansiedade. Toda vez que fico assim, preciso dessas besteiras. Principalmente o chocolate e a Coca-Cola, os dois juntos são perfeitos amantes. - Cama: Ok. Estava tudo listado no meu bloquinho de "não esquecimento". Consegui fazer tudo isso com êxito, até a parte da cama. Já são 4:30 da manhã, e nada de pregar os olhos e relaxar. Quando eu mais preciso do meu sono, aqueleingrato me abandona. - Por quê? Será que eu mereço isso? - A única coisa que eu queria era chegar linda e bela no meu novo trabalho, e entrar com o pé direito. Dessa vez, eu não seria apenas uma estagiária, eu seria Maitê Perroni , administradora de negócios da grande, reconhecida e internacional "Empresa de Publicidade - Levy Group Corporation". Há dois meses, eu havia me formado em administração, e trabalhar em uma empresa como essa era um sonho. A Wilson Group Corporation é uma grande empresa americana do mercado publicitário que está no Brasil há 10 anos. Pessoas que cursam e se formam em administração e publicidade são loucas por uma vaga de emprego. É conhecida pelas excelentes estratégias de marketing, fidelização de clientes com louvor eprincipalmente por tornar seus colaboradores bons naquilo que fazem. Os donos são americanos, e pelo o que eu soube, da porta pra dentro da empresa, o idioma dominante é o inglês. - Valeu a pena cada sábado perdido de 9:00 as 11:00 que eu me dediquei em aprender inglês. Obrigada pai e mãe por investirem em mim! Mas não... Nunca as coisas saem como eu quero, estou aqui acordada sem um pingo de sono. Tenho certeza que estarei com uma olheira profunda, que nem toda a base do mundo irá esconder. - Estou sendo exagerada... Eu sei! - Fiquei pensando e refletindo sobre a vida pra tentar me manter calma, pois o desgraçado do sono só resolveu dar as caras, depois de me fazer contar 500 carneirinhos.Depois de quase duas horas descansando no meu país das maravilhas, acordei assustada com barulho de pássaros cantando, me fazendo pular da cama. - Que porra é essa? - Não consegui raciocinar direito, e achei que tivesse deixado a janela do quarto aberta. Com o coração acelerado, procurei pelo pássaro e descobri que era o toque que eu tinha escolhido para o despertador do meu celular. Ainda zonza do susto, olhei para o relógio e quase cai dura. - Porra... Já são sete horas da manhã. Só pode ser brincadeira. Logo hoje no meu primeiro dia de estrela... Quero dizer trabalho. Merda... Merda! Arrumei-me em meia hora. Coloquei minha saia lápis preta que eu havia comprado especialmentepara meu primeiro dia, uma blusa branca de seda e um scarpin preto da Carmim que era um arraso. Não coloquei meia calça, preferi deixar minhas pernas de fora, era uma das partes do meu corpo que eu amava. Minha saia era de cintura alta e na altura dos joelhos, não ficou vulgar. Deixei meu cabelo solto, e fiz uma maquiagem leve me preocupando em cobrir as olheiras que a noite passada me presenteou. Como eu tinha olhos cor de jabuticaba, caprichei no rímel e passei uma sombra marrom. Pra finalizar a maquiagem, usei um pouco de blush e meu hidratante labial da MAC. Sempre gostei da cor natural da minha boca, era de um vermelho delicado e por isso, eu quase não usava batom. Combinava com minha pele branca e o negro dos meus cabelos. Parei em frente ao grande espelho que tinha no meu quarto, e dei decara com uma mulher bem vestida, segura e decidida. Curti o resultado. Peguei minha bolsa, uma maça e as chaves do banguela. - Ah... Pareço louca, mas não sou. O banguela é o meu carro. Sabe aquele desenho, como treinar seu dragão? Então... Meu carro é um New Fiesta preto, e como eu adoro o dragão do desenho, batizei meu carro com seu nome. Já são 8:10, e eu estou a vinte minutos de distância enfrentando o trânsito infernal do centro do Rio de Janeiro. Pra não começar a chorar, tentei relaxar ao som de "Single Ladies de Beyoncé" que tocava na rádio e deixei meu corpo mexer ao ritmo da batida. Os minutos se passavam, e meu desespero só aumentava. Cinco para as nove, eu cheguei ao estacionamento da empresa, e fiquei aliviada de saber que eu teria direito a uma vaga. Deixei meu carro comum dos manobristas e fui com tudo. Cheguei a recepção da empresa as 9:00 me sentindo um cachorrinho com sede, com metade da língua pra fora. Peguei minha identidade e entreguei para a recepcionista. Enquanto, ela verificava todas as informações no seu sistema, aproveitei para admirar o edifício todo espelhado. A decoração interna era divida nas cores marrom e preta, com um toque meio sombrio, mas de uma beleza que ostentava poder. Fiquei olhando meio encantada, quando a recepcionista chamou minha atenção, e entregou meu crachá e minha identidade avisando que eu estava autorizada a subir e deveria ir para o segundo andar. Peguei o elevador e respirei fundo para me acalmar. Chegando ao meu destino, as portas se abriram e encontrei uma bela mulher nos seustrinta e poucos anos, de pele branca, cabelos pretos preso em um coque bem feito, batom vermelho, um vestido preto tubinho e com olhos castanhos amigáveis me esperando. Na hora senti uma coisa boa. Minha avó sempre me diz que estamos rodeados de energias boas e ruins, e isso era verdade. Quando ela me viu, abriu um sorriso enorme e logo em seguida, após olhar seu relógio de pulso, seu sorriso morreu. Eram 9:10 da manhã. - Merda... Merda vinte vezes! Eu estava atrasada dez minutos. - Bom dia, senhorita Maitê Perroni! Meu nome é Susan Oliva, serei sua chefe na área de negócios com investidores da empresa. Seja bem-vinda! - Bom dia, senhora Susan Oliva! Obrigada pela recepção! Desculpe-me o atraso. Ela me olhou e sorriu mais uma vez. - Bem, Maite. Chame-me apenas de Susan. Como você está atrasada, não temos muito tempo para apresentações nesse momento. A empresa está na correria, pois o presidente, o Sr. William Levy está nos fazendo uma visita, e convocou todos os colaboradores para uma reunião. Mas, antes de irmos, preciso lhe passar três importantes informações com relação ao Sr. William. Primeira: Nunca olhe nos olhos dele. Segunda: Nunca chegue atrasada sem um motivo válido, como saúde ou morte. E terceira e última, mas não menos importante. Em dias de reuniões, esteja sempre bem informada nos assuntos relacionados à sua área, mostre conhecimento e esteja sempre bem vestida. O Sr. William observa muito esses pontos nos seus colaboradores. Agora vamos que a reunião começa em cinco minutos, e depois vamos para o nosso andar, e eu lhe mostro a sua mesa e suas funções. Porra... O que é isso? - Relaxa Maite... Respira fundo, porque você sonhou com isso durante muito tempo, você chegou até aqui e vai conseguir. Não seria tão difícil lidar com um velho podre de rico com 60 anos... Né?! Vamos lá garota... Você consegue. Andamos a passos largos por um corredor, onde muitos outros ao invés de andar, praticamente corriam. Meu estômago revirou e meu termômetro interno foi de zero a cem em segundos. Entramos em um auditório com capacidade para umas trezentas pessoas ou mais, com uma estrutura moderna e cadeiras em estilo coliseu. O lugar estava cheio com pessoas sentadas e em pé. Caminhei seguindo Susan, mas algo me fez parar e meu olhar foi atraído para o lado direito do palco como um ímã. Fiquei hipnotizada com aquela visão. Alto, loiro, cabelo dourado... O típico cabelo arrumadinho bagunçado que eu tanto amo. A barba bem feita e com um terno preto maravilhoso que tinha sido feito sob medida para seu corpo. Ele usava uma gravata da mesma cor completando o look, dando um ar de poder ao seu lindo rosto de modelo. E algo em mim, bem no fundo do meu ser, deu sinal de vida e cochichou no meu ouvido que por debaixo daquele terno, havia um mundo a ser explorado. De repente, fui pega no ato e trazida para o mundo real. Olhos verdes, mas não eram simples olhos verdes... Eles tinham um amarelo misturado com o verde de seus olhos, me encaravam de um jeito que um homem nunca havia feito. Parecia que estavam lendo meus pensamentos. Eu queria desviar, mas minha mente não ajudava. Fechei meus olhos tentando recuperar minha sanidade mental, e quando os abri novamente, ele caminhava em minha direção, e todos abriam caminho como se ele fosse o rei do pedaço. Ele parou bem na minha frente e perguntou para minha chefe. - Susan, você não ensinou aos seus funcionários que não se deve olhar diretamente nos olhos de alguém? O que? Isso era sério? Era sério que eu não podia olhar nos olhos do cara? Minha mãe me dizia que quando olhamos nos olhos desendo sinceros. Ok... Se o cara não quer, eu não olho. Abaixei minha cabeça e fiquei calada. Susan tentou falar e gaguejou. Puta merda, aquele era o presidente da empresa. Realmente ele era o rei do pedaço. Pra ficar pior, alguns segundos atrás, eu o estava comendo com os olhos. Estou ferrada de verde e amarelo. Posso bater no peito e gritar que sou brasileira com muito orgulho. - Sim, William. Essa é Maitê Perroni, nossa mais nova contratada da área de negócios com investidores, e como ela é nova, não tive tempo de passar todas as políticas da empresa. Desculpe! Ok, eu errei... Que atire a primeira pedra quem nunca errou. - Mas alôoooo... Cadê o velho de 60 anos de idade? Porra, vida... Está querendo me ferrar no meu primeiro dia? - Minha respiração ficou alguém, mostra o quanto estamosfraca, quando senti seus olhos me rasgarem por inteira. - Senhorita Perroni, já que a primeira coisa que fez assim que entrou na empresa foi quebrar uma das três regras principais, olhe para mim. O que? Isso é sério, meu povo? É serio que o cara está fazendo isso comigo, na frente de toda essa gente que eu ainda nem conheço? Por favor... Abram um buraco no chão, porque quero virar um suricata e me esconder. - Levantei a cabeça e fiquei olhando para ele, esperando por um grito ou algo do tipo. Ele me encarou de um jeito, fazendo meu corpo arrepiar dos pés a cabeça. - Não sabia que olhar diretamente nos olhos de alguém é falta de educação?Virou as costas e começou a andar, me deixando de boca aberta no meio do auditório. - Idiota! Então, o que eu aprendi com minha mãe está errado? - Mas como eu não me seguro, acabei pensando alto. - O que? Sério? Ele parou, virou e olhou-me nos olhos mais uma vez, e juro... Juro que pude ver um sorriso no canto de sua boca. Ergueu uma sobrancelha, como quem diz: Você está me questionando? - Sim... Não, quero dizer... Claro que não. - Respondi antes mesmo de ele me perguntar qualquer coisa. O Sr. William virou e voltou para aonde estava, pegou o microfone e iniciou a palestra.- Agora vamos ao que interessa! Merda... Que cara arrogante! - Procurei a cadeira mais próxima vazia, e tentei me controlar, porque eu tinha certeza que de branca, eu estava vermelha. Duas horas depois... Assim que a palestra do Sr. William acabou, que por sinal foi muito interessante, explicando as mudanças que a filial no Rio de Janeiro teria, os novos projetos, clientes, benefícios, e tantas outras informações que pelo o que eu pude ver, eram excelentes pelas reações dos colaboradores. Também reparei metade da empresa, mulheres e alguns homens, babando pelo presidente. O homem exala poder e sexo, e sexo dos bons e selvagens. Ele tinha um corpo incrível, que mesmo estando de terno, dava para ver suas curvas. Braços fortes, ombros largos, uma bunda maravilhosa... Tudo era tão bom, que senti algo no meio das minhas pernas, algo que só pude ter certeza do que era, quando lembrei que durante sua apresentação, os nossos olhares se cruzaram algumas vezes... Isso foi o que eu precisava pra ter certeza que eu estava excitada.

Em Teus OlhosWhere stories live. Discover now