CAPÍTULO 6: Porquês

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Já era sábado e eu me via ansiosa e, principalmente, nervosa. Eu não sabia como faria aquilo, mas eu tinha que fazer o quanto antes. Não podia deixar para depois — por mais que fosse o maior desejo do meu lado covarde naquele momento.

Mas era de praxe: todo sábado, Jin sempre vinha para minha casa logo de tardezinha, assim que saía do escritório onde trabalhava, e aqui passava o final de semana inteiro — já que durante a semana era sempre mais complicado de a gente se ver, por conta de nossa rotina intensa de trabalho. Raríssimas eram às vezes em que em vez de ele vir até o meu apartamento, eu que ia até a sua casa. Ele já era tão habituado à minha residência que, todo final de semana, vivíamos como se fôssemos realmente marido e mulher. E eu adorava isso, é claro. E sempre acreditei que ele também.

Sempre fomos bastante caseiros. Nunca gostamos muito de sair para baladas ou lugares muito agitados. Nos conhecemos e namoramos desde muito jovens, então meio que crescemos com esse gosto incomum para as pessoas da nossa faixa etária. Simplesmente estar na presença um do outro era o que já nos bastava para ficarmos contentes. Ainda mais por conta da saudade que sempre ficava durante os dias da semana, nos quais tínhamos que nos contentar em nos ver, no máximo, por vídeo chamada.

Só que naquele sábado, em específico, notei que Jin parecia mais inquieto que o normal. Todo o seu jeitinho bem-humorado, divertido e piadista estava completamente ausente naquele dia. Nem a sua tão característica gargalhada de limpa-vidros — que eu tanto adorava ouvir — deu o ar da graça. Porém, não o julguei mal por isso, pois realmente ele estava numa semana bem estressante em seu escritório de advocacia. Estavam no meio de um processo complicado, que segundo ele me explicou, tratava-se de um divórcio não muito amigável envolvendo a guarda de uma criança, filha de pais residentes em estados diferentes. Mas confesso que fiquei com um pé atrás, pois não era normal vê-lo tão quieto e com as sobrancelhas franzidas com tanta constância. Seokjin era sempre muito bem-humorado — às vezes até demais, com todas aquelas suas piadas bobas de tiozão. Mas naquele sábado ele estava diferente. Porém, tentei relevar por conta de sua rotina desgastante como advogado super-requisitado que ele era.

Após um bom banho e depois de vestir roupas mais confortáveis, o chamei para juntar-se a mim no sofá da sala, para assistir um filme comigo naquele friozinho gostoso que fazia — algo que sempre fazíamos e adorávamos fazer juntos todo sábado de tarde. Após algum tempo olhando o catálogo para lá e para cá, Jin acabou escolhendo um filme qualquer que começamos a ver enquanto comíamos um belo balde de pipoca doce com caramelo que eu havia preparado antes que ele chegasse — e que era algo que ele realmente adorava e reclamava horrores se eu não fizesse.

Que Jin estava um tanto esquisito naquele dia, isso eu já havia percebido. Mas a cada cena que passava daquela comédia romântica, mais eu via que Jin estava incomodado com alguma coisa, ou mesmo ansioso para me falar algo, não sei ao certo. Nós sempre fomos muito abertos e sempre conversávamos de tudo. Tentei esquecer aquilo, afinal, se fosse algum problema — o qual eu pudesse ajudá-lo, principalmente — ele certamente teria me falado.

Juro que tentei não me incomodar com o seu jeito esquisito, mas não estava dando. Até tentei me aproximar mais ainda dele, tentei lhe roubar beijinhos e lhe fazer carícias, mas ele não parecia lá muito animado para isso.

— O que houve, Jin? O que você tem? — finalmente não me aguentei e perguntei.

— Nada... — disse após respirar fundo, sem me encarar. — Só estava pensando em uma coisa... — falou pensativo.

— Quer mudar de filme? — perguntei inocentemente. — Eu até estava gostando, mas se quiser trocar, por mim tudo bem. Não tem problema algum.

Hall Pass | Bae Joohyun (Irene - Red Velvet) e Kim Seokjin (Jin - BTS)Where stories live. Discover now