O Rapaz e a Navalha

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Sem muita vontade seus dedos se moviam no ar empurrando telas holográficas uma depois da outra como se folheasse uma revista de celebridades onde não conhecia ninguém. Era para está analisando o conteúdo apresentado por aquelas telas, informações sobre casos em aberto que seu esquadrão estava cuidando, o problema era que sua mente se recusava a pensar em alguma coisa concreta, estava divagando sobre o que deveria fazer com seus sentimentos recém aflorados e problemáticos. Havia escutado uma vez alguém falar que acabamos por ter sentimentos mais fortes por pessoas problemáticas que ao nosso olhos somos o que elas precisam para seus problemas, como se a solução pudesse ser uma pessoa

Bobagem.

Por mais que achasse que poderia ser de valia para alguém, era estúpido pensar que os problemas de alguém se resolvem ficando com outro alguém.

Monad estava falando algo para ele que havia deixado de prestar a atenção faziam alguns minutos.

— Ei! Noah! Ei, cabeça de prego! — Cutucava a bochecha dele até que finalmente o fez voltar para a realidade.

— O que foi?

— Está usando narcóticos enquanto trabalha?

— Vontade não falta — deu um sorriso torto.

— Então presta a atenção. A Elizabeth passou novas informações sobre o recente avistamento da chapeuzinho vermelho na área 23.

Noah se endireitou na cadeira e começou a vasculhar as telas holográficas.

— Já tínhamos problemas com o rato que ninguém sabe se ainda faz ou não parte da Despera e agora temos essa doida homicida. Minha intuição diz que ela está atrás do rato. E você sabe o que isso significa?

— Que ela veio cobrar a mensalidade atrasada do clube?

— Que? Claro que não. Isso tudo significa que podemos pegar dois peixes grandes e subir de posição na AES. Veja isso — ela arrastou uma tela holográfica exibindo a forma silicante dos dois procurados. — O rato está classificado como rank S e a chapeuzinho como rank A. Pegar esses dois ou matá-los é um passo direto para uma promoção e um degrau na subida para ser uma agente de elite.

— Agora saquei — disse Noah sem ficar nem um pouco entusiasmado como Monad estava, sua cara ainda parece de uma bola murcha diferente de sua mente que pensava em como rastrear Monika, a chapeuzinho vermelho.

Se ela veio até a área 23 atrás do rato, então seria por isso que sumiu sem deixar recado? — Tamborilou os dedos na mesa — Alguém havia atacado ela... alguém que possivelmente não era o rato. O rato não era a vovozinha, o objetivo final da chapeuzinho vermelho. Então tinha outro lobo na jogada, um que não era o líder da Despera.

Estalou os dedos.

Eu não deveria ter deixado ela partir sozinha.

— Você está me ouvindo? — Perguntou Monad com as mãos na cintura e um olhar mau humorado.

— Em alto e bom som. E a propósito o que se sucedeu com a investigação que você iria propor sobre o motoqueiro? Vocês levaram uma surra dele.

— Deixe esse detalhe de lado — ela suspirou, — estou fazendo um relatório de algo que percebi, mas isso fica para outro momento — ela soltou um som baixo de frustração, — queria ser mais forte para conseguir pegar aquele desgraçado.

A porta da sala de Elizabeth se abriu e Noah contemplou o belo par de coxas em uma saia social branca.

— Ei Mon-mon — disse ela, — Venha aqui um momento.

Serpente do Vazio - Irregular (Completo)Where stories live. Discover now