Capítulo 36

187 12 8
                                    

Magestic Incorporated, Dallas, TX

— Demetria, onde estava com a cabeça?

— Do que raio está falando Austin? — Perguntou com um sorriso fraco no rosto.

— Eu estava conversando com você e você me ignora, pura e simplesmente. Devo confessar que essa é uma ótima forma de começar o dia. — Zombou.

— Você não devia estar em lua-de-mel neste momento? Onde está a sua mulher? — Perguntou ignorando-o.

— Não podemos neste momento. Ela está envolvida em um desfile da nova colecção e não consegue escapar. Além disso, Joseph viajou e é bom que eu fique por aqui. — Explicou.

— Você sabe que quando precisar de um tempo para isso vai tê-lo, certo?

— Eu sei. — Confirmou sorrindo. — Agora, voltando ao que eu estava dizendo, tem aqui a pasta com os documentos da empresa de Seattle. — Disse lhe entregando a pasta e se virando para sair. — Ah, já me esquecia. Tem uma mulher querendo falar com você lá fora. — Avisou fazendo uma careta. — Ela é muito parecida com você. É bizarro.

— Ela disse quem era? — Perguntou confusa. Seria Elena?

— Não. Apenas disse que precisava falar com você e que era importante. — Demetria pensou em quem poderia ser e não conseguiu imaginar ninguém além de Elena. Mesmo que tivesse muito trabalho por fazer, sabia que não ia conseguir conter a sua curiosidade. Pediu a Austin que deixasse a pessoa entrar e esperou pacientemente enquanto olhava o céu acinzentado no lado de fora. O tempo estava ruim desde que Joseph viajou. Chovia o tempo todo e de alguma forma isso a confortava. Não era só a sua relação com Joseph que estava danificada.

— Obrigada por me receber. Sei que deve ser uma mulher ocupada. — Ouviu uma voz delicada dizer atrás de si.

— Não há problema. — Falou prontamente ao mesmo tempo em que se virava com um sorriso no rosto. Demetria olhou a mulher à sua frente com bastante atenção e franziu as sobrancelhas. Já a tinha visto antes. — Nos conhecemos?

— Não creio. — Respondeu com um meio sorriso. — Digamos que eu não estava na cidade. — Demetria assentiu e aguardou que ela se apresentasse. — Alison. Alison Miller. — Disse olhando-a. Um calafrio percorreu o corpo de Demetria ao finalmente reconhecê-la.

— Alison? — Sussurrou.

— Você sabe quem eu sou não sabe? — Perguntou brincando com os próprios dedos. Arfando pesadamente, Demetria deixou sua mente vagar no tempo até encontrar todas as lembranças sobre aquela mulher. Lembrou-se da noite do baile em Trieste e sentiu o seu coração se apertar no peito.

Você é parecida com ela. — Afirmou. — Os olhos brilhantes, os cabelos, a estrutura física e até o jeito meigo e frágil de ser. (...)

É por isso que me odeia? Por eu te fazer lembrar dela?

(...) Você é como ela e ao mesmo tempo é totalmente diferente.

(...) Quando eu te vi naquele cemitério eu não queria acreditar nas semelhanças que havia entre você e Alison. Nunca pensei que teria que cuidar da mulher que mais se parecia com ela. Desde o primeiro momento em que eu te vi, já sabia que você era frágil e delicada. (...)

— Mesmo vendo a sua fragilidade, fiquei com raiva de você por fazer-me lembrar de quem eu queria esquecer. Fiquei com raiva porque pensei que seria falsa como ela. Por isso que a tratei tão mal no princípio. (...)

Logo em seguida lembrou-se de todas as vezes que Alison estivera presente na sua vida sem o estar fisicamente. A noite em que Joseph agira de forma estranha, o fato de ter desaparecido durante todo o dia, o motivo desconhecido de ele ter bebido, o desespero dele em querer que ela fosse viver com ele e as fotografias na gaveta do closet. Sua cabeça latejava e seu corpo pareceu endurecer. Ela tinha a resposta que precisava.

Inocente DemetriaOnde histórias criam vida. Descubra agora