— Alemão, o dono do morro e da casa também — levanta da cama. — Vim conversar contigo sobre o aluguel.
— Como você entrou aqui? — continuo assustada.
— Você escutou a parte do sou dono da casa? Tenho uma chave reserva. A casa, a princípio, não era para ser alugada — continua tranquilo.
— Você devia pelo menos avisar antes de entrar assim. Pensei que mal cheguei e já iria morrer — suspiro e ele ri.
Sorriso bonito. Caralho. Mas a carinha de homem que não presta é um sinal vermelho.
— Sou a Victoria. Tem como você me esperar na sala? Só vou trocar de roupa e já vou — ele me olha de cima a baixo e morde o lábio.
E só depois, obedece meu pedido e sai do quarto. Fecho a porta do quarto e vou até o armário.
Que cara safado! O descarado nem disfarçou.
Procuro uma roupa mais apresentável no armário e me troco. Sigo para a sala e ele está sentado no sofá assistindo televisão. Ótimo, é folgado também.
— Já podemos conversar — chamo a atenção dele para mim.
Me sento no sofá ao lado dele.
— Quanto é o aluguel? — quero resolver isso o mais rápido possível.
Quero ele fora dessa casa o mais breve.
— Geralmente os aluguéis são de quatrocentos a quinhentos reais, porém como essa casa era minha particular — faz uma pausa para pensar e volta a falar. — Faço por seiscentos reais para você — meus olhos se arregalam.
— Acreditei que seria mais barato — fico frustrada.
— Não é a filhinha dos papais milionários? — é sarcástico.
Idiota! Com essa cara, claro que tinha que ser.
— Se você sabe de quem sou filha, você já sabe da história — sou grossa.
— Esse é o valor final para mim, não tenho como fazer mais barato — dá de ombros.
— Ta fechado, preciso da casa de qualquer jeito — mesmo relutante, me rendo. — Como falei, vou pagar três meses adiantado. Amanhã saco o dinheiro e te entrego.
— Beleza, mina. Leva lá na boca para meus vapores e tá tudo certo.
— Tá bom — concordo, mesmo sabendo que vou ter que descobrir sozinha a onde fica isso.
E um silêncio estranho se instala.
— Tô vazando então — quebra o silêncio. — Deu meu horário.
— Eu nem te ofereci nada para beber ou comer. Aceita algo?
Tento ser educada, mesmo querendo me livrar dele o mais rápido. Vai que ele abaixa o preço do aluguel mais para frente.
— Tô de boa — levanta.
Levo ele até o portão. Quando pisamos o pé na calçada, a menina que esbarrou em mim mais cedo está em pé ao lado de um carro. Acredito que deve ser o carro dele.
— Que porra e essa, Alemão? Essa daí quase quebra meu braço esbarrando em mim mais cedo e agora quer roubar você de mim. Mal chegou e já que levar corretivo! — tenta vir para cima de mim.
O Alemão entra na minha frente a tempo e segura ela pelo braço.
— Em primeiro lugar, fala baixo comigo que você não ta falando com qualquer um. Segundo, não fode que eu não sou seu homem e nem porra nenhuma — ele lança um olhar fulminante pare ela.
Ela fica raivosa, sinto o sangue dela fervendo e ela me olha como se quisesse me matar.
— Eu ainda acabo contigo piranha! — aponta o dedo para mim.
Dou um sorrisinho para ela.
O Alemão arrasta ela pelo braço até o carro estacionado.
— Entra na porra do carro! — ele solta ela e vem até mim novamente. — A gente se vê por aí.
— Uhum — torço para não acontecer.
Volto para dentro de casa e tranco tudo. Visto novamente meu pijama e deito para dormir. Amanhã procurarei emprego com a ajuda das meninas.
Não consigo dormir e fico perdida em pensamentos. O morro. O Alemão. As meninas. A Raquel e a Catarine. Muita informação para um dia só, mas gradualmente vai tudo escurecendo.
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A Nova Morada
Teen FictionA Victoria tentou resistir e o Alemão sabia que ela não era mulher para ele. Ela tinha a vida perfeita se olhada pelo superficial e perdeu tudo em que acreditava de um dia para noite e o destino dela a levou a área de domínio dele. Ele, com a criaçã...