6 | Isso não vai continuar por muito tempo.

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Alemão

Caralho mano, a Milena não faz nada direito. Já avisei a ela muitas vezes para não pisar um pé fora do morro sem me avisar. Caralho! Ela não me escuta.

Estaciono a moto na barreira da entrada e desço.

— Atividade nesse caralho! Minha irmã ta sendo perseguida. Vou encontrar ela e volto direto para o morro, é para meter bala no outro carro — todos prestam atenção enquanto falo. — O carro da Milena e uma BMW i8 preta com detalhes rosas, sem erro.

— Vou contigo irmão — o Lins se aproxima.

— Beleza, bora.

Monto na minha moto e saio do morro sendo seguido pelo Lins, em direção a onde a Milena disse estar chegando.

Victoria

Caralho, que povo insistente. Quanto mais a Milena acelera, ele acelera também.

Estou quase dando um ataque.

— Milena, quem é esse cara e o que ele quer? — tento entender.

— Ele é sub dono da penha e irmão do dono de lá, o cobra, o cara odeia meu irmão — ela suspira. — E você já deve imaginar o que ele quer.

— Você? — ela concorda.

— É assim que as coisas funcionam por aqui. Se eles não conseguem pegar o próprio inimigo, eles vão atrás dos amigos, parentes, pessoas importantes para a pessoa — que no momento é ela.

Que merda que a gente foi se meter. Se eu soubesse, tinha vindo sozinha de Uber.

— Eles procuram coisas que afetem o alvo e eu sou a única família de sangue do Alemão — dá para notar a tristeza na voz dela. — Essa vida não é só festa, droga e bebida, também tem muita rivalidade que custam muitas vidas.

Fico em silêncio pensando no que ela acabou de dizer, não sei se teria sangue para tudo isso.

Continuamos fugindo, até que avistamos o Alemão e o Lins vindo de moto em nossa direção. Eles começam a atirar contra o carro que está nos perseguindo e em poucos minutos, começa uma bagunça no trânsito.

Em meio a confusão o carro some, mas quem aparece é a polícia. Aí que a fuga começa novamente, foi o Lins e o Alemão na frente e a gente atrás, pois o carro da Milena é blindado.

Depois de muita estrada, finalmente chegamos no morro e a barreira já está liberada, entramos com tudo e só escutamos os tiros.

A Milena segue o Alemão até uma bela mansão no alto do morro. Ela entra em uma garagem que parece de shopping, cheia de carros, estaciona e desce. Eu a sigo.

Ela sobe uma escadinha que dá na sala da casa, uma casa enorme no mesmo nível da que eu tinha. Melhor nem lembrar. Estranho pensar que existe isso no meio de uma comunidade, incomum.

— Essa é a casa de vocês? — olho para todos os lados.

— Sim, peculiaridade do meu irmão que não sabe com o que mais gastar dinheiro.

— Cadê o Alemão? Ele não devia estar aqui?

— Se prepara — faz cara de tédio.

— Para o quê? —  não entendo.

— Milena! — o Alemão grita de algum lugar.

— Para isso — revira os olhos. — Sermão de milhões.

O grito dele me dá um arrepio na espinha. Acredito que estou começando a achar ele mais assustador a cada vez que o vejo.

— CADÊ A SUA RESPONSABILIDADE, CARALHO? — aparece na sala com uma cara de poucos amigos.

A Nova MoradaWhere stories live. Discover now