5.Quanto Ódio!

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  Humanos e dragões nunca foram espécies conhecidas pelo pacifismo, e os vikings ampliavam qualquer limite de violência conhecida na terra. Soluço não entendia o porquê da desvalorização e perseguição mútua entre os dois até conhecer o Fúria da Noite.

  Ele era belo, grande, forte, tinha lindos olhos verdes, tudo para ser carismático e, no entanto, os últimos 7252 segundos que haviam passado juntos pareciam eternizar o conceito de tempo de tal forma que o menino estava considerando se deixar ser levado por qualquer outro dragão do ninho manipulado e devorado pelo alfa impostor.

   A pior parte era que o dragão parecia compartilhar desse sentimento, o que significava que o ódio era mútuo.

  Para Soluço a missão estava clara: observar as pequenas brechas dentro do ninho e anotar mentalmente o que poderia ser usado contra o impostor. Seria mais fácil se desse para se concentrar em algo além de  não cair das costas da coisa que parecia querer que ele se esborrachasse no chão. Para sua infelicidade, o pequeno viking tinha muito vigor na hora de se segurar para não cair.

   O Fúria da Noite pousou abaixo de uma pedra e encarou Soluço mais uma vez, incerto quanto a colocar as esperanças de liberdade em um garoto que mais parecia um pernilongo em versão saco de pancadas. Não importava o quanto Pula Nuvem explicasse que Soluço era o filho legítimo do Alfa, do Grande Rei Branco, o dragão negro não ficava convencido de que ele daria conta. Tanto por isso Soluço decidiu agarrar qualquer chance de se mostrar, o que resultou nos dois caindo em cocô de Gronkel.

  - Se vai se agarrar a algo, que seja às minhas costas, porque não vou ir atrás de você outra vez só para acabar em mais cocô! - rugiu o Fúria da Noite

  - Talvez eu não tivesse caído se você não ficasse bancando o touro e agindo como se eu fosse um peão de rodeio! - Soluço se justificou - Não tenho mãos grandes o suficiente para segurar suas costas e eu transpiro!

  E esse foi o último diálogo até então. Agora, completamente contrariado, Soluço tentava encontrar um padrão de vôo nos movimentos dos Dragões abaixo, o que era meio difícil, considerando que estava agarrado ao Fúria da Noite para não cair enquanto este último pousava no teto como um morcego, como prometera em seu ultimato "mais um pio e eu vou pousar no teto." Qual foi sua surpresa quando Soluço respondeu:

  - Piu.

  Tendo Pula Nuvem deixado a carcaça de um veado na localização onde deviam estar, agora faltavam apenas alguns minutos para o que, segundo os cálculos do viking, levaria o impostor a mostrar as caras por ali. Os padrões de vôos eram sucedidos de dragões com maior caça para os com menor caça, o que significava que eles traziam não era para si: se todos tinham algo para comer, porque todos iriam à caça?

  Assim como o previsto, os dragões entravam pelas ravinas ao redor da colmeia de pedras localizadas nas laterais direitas da caverna com o que quer que tivessem caçado, mas apenas os que entraram com maiores quantidades de carne saíam pela esquerda - aos outros o próprio Impostor devorava, como que um aviso para que, em momento nenhum se pensasse que alguém incompetente viveria ali.

  A questão era: porque raios ninguém fugia? Não fazia sentido que mesmo podendo voar os dragões aceitassem ser escravizados! Para Soluço aquilo não tinha lógica, e tudo o que ele podia fazer era imaginar porque isso acontecia. Sua teoria era que o grande dragão tivesse algum tipo de controle hipnótico parecido com o que o Alfa tinha, mas em escala menor. Talvez por isso nenhum dos dragões se revoltassem e continuassem a obedecer suas ordens.

   O viking não queria nem falar com o Fúria que o segurava, mas precisava de mais uma informação crucial.

   - Onde estão os ovos?

   Fúria o olhou como se finalmente tivesse encontrado algo útil depois de escavar um ninho de rola-bostas e grunhiu.

   - Então você percebeu.

   - O quê?

   - Os ovos são confiscados pelo grandão, assim não há nenhuma chance de os dragões mais velhos se revoltarem.

   Isso fazia bem mais sentido que as teorias mirabolantes montadas em sua mente, Soluço teve que admitir para si mesmo. Ele então olhou novamente o dragão negro.

   - Então só temos que libertá-los!

   - Você fala como se fosse fácil. Vamos, temos que contar tudo pro Pula-Nuvem.

[Desculpa pela demora nos capítulos. Espero que gostem deste remake!]

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