3 • Vine Trap

1.2K 164 210
                                    

✵✵✵

Olhou atentamente o caminho à sua frente, e fechou os olhos. Por um pequeno momento, pôde sentir com mais precisão o impactos dos próprios pés no chão. O frescor do vento batendo em seu peito conforme ele corria, tornando frio o suor que descia e tocava a extensão de seu corpo. Abriu os olhos, pois o espaço em que ele memorizara já estava para trás, e Tom não queria levar um TOMbo.

Hehehe, entenderam?
Mas voltando ao foco.

Tom olhou para o lado, se sentindo meio sozinho, agora que Marco não corria mais com ele faziam semanas. Ele já tinha levado alta, mas estava fazendo cirurgias, seja lá para o que for que ele tinha.

— Eai, qual a boa? — Tom perguntou, quando Marco saiu da sala de onde recebera o diagnóstico.

Ele acreditava genuinamente que tudo ficaria bem. Quase nunca presenciara a mortalidade ou a patologia num ente tão próximo dele. Ele não tinha memórias frescas de funerais ou do pranto de luto. Para ele, Marco se recupararia rapidamente e logo ambos estariam correndo no parque, como sempre fora e sempre seria.

— É, bem... eu tô bem, por enquanto. Vou ter que fazer uns exames de acompanhamento, pra ver se preciso fazer cirurgia, mas logo mais eu tô bem. — Marco murmurou. Olhava para o chão e tinha a postura curvada. Parecia ter envelhecido uns 5 anos no tempo em que esteve no hospital.

Isso assustava Tom, era algo totalmente fora de seu controle e de sua zona de conforto. Ele não sabia como agir.

— Mas tipo, você tá curado né? Pra quê as cirurgias? — Indagou, meio sem jeito. No mesmo momento achou-se indelicado.

Marco vacilou. — Ah, bem, é... não, eu ahn... tenho... ahn, leucemia!

Leucemia?

— Nossa. Sinto muito. Meus pêsames. Não! Quero dizer, melhoras. Eu não quis dizer-

— Cara, sai da minha frente! — Marco resmungou, o empurrando pro lado.

— Desculpa! Eu não pensei direito, eu só... — Tom tentou consertar, mas Marco já se perdera de vista, pelos corredores daquele hospital.

— Olha por onde anda, caralho! — Alguém exclamou, jogando Tom violentamente de volta para a realidade. Nossa, divagara a fundo pensando em Marco. Mal prestou atenção no caminho à sua frente.

Queria chorar um pouco. Sentia muita falta de Marco, mas estava com medo de ir falar com ele. Talvez ele ainda estivesse chateado pelo que ele dissera. Ou talvez só não estivesse mais caminhando porque o acompanhamento médico tomava todo o tempo dele.

Tom só sabia que esperou Marco todos os dias no ponto de encontro, durante duas semanas. Ficou lá, achando que o amigo de caminhada chegaria a qualquer momento. Passava meia hora, uma hora, duas horas... e nada.

Na terceira semana, Tom mudou de horário todos os dias. Esperava encontrar Marco caminhando em horários diferentes, mas sua procura foi infrutífera. Na quarta semana ele simplesmente voltou a caminhar. O seu corpo corria, mas sua mente continuava lá parada, esperando pelo amigo que não viria.

Se sentiu um idiota, do jeitinho que Marco adorava chamá-lo sempre. Sua cabeça era o campo de batalha de vários conflitos internos. As dúvidas eram como demônios, gritando em seus ouvidos e anuviando seus olhos.

E se ele tivesse ficado com Marco? Gostaria de não ter fingido ter esquecido a transa com o amigo. Ele gostava dele, mas estava namorando Star haviam meses. Não podia simplesmente abandoná-la, podia? Ele a amava mesmo? Ele amava Marco? E se ele tivesse escolhido amar Marco, eles estariam bem, e juntos agora?

Azar o Meu ✵ Tomco [THREE-SHOT]Where stories live. Discover now