Parte 1

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Ele não acreditava! Ele não conseguia acreditar!

Por que Adan estava fazendo aquilo com ele? Qual de suas dívidas estava pagando? Será que eram ordens de cima?

Não era possível que teria que aturá-la um dia inteiro sem nada além das árvores para lhes fazer companhia.

Talvez Aryon o estivesse punindo... Mas exatamente por quê?

Ele já aceitara que não havia chances com a Maria. Já havia parado de tentar.

A felicidade dos dois era óbvia demais e ele não tinha nada o que fazer a respeito a não ser aceitar que a humana não era o seu destino.

Mas aquela elfa irritante que empinava o nariz desafiando-o a dizer algo o fazia pensar que estava sendo punido.

Talvez Aryon ainda não o houvesse perdoado e havia ordenado a Adan mandá-lo naquela missão ridícula e sem propósito só para o chatear.

— Ele só pode estar brincando — Nilor murmurou mais para si mesmo do que para a elfa que o olhava petulante.

— Sinto muito se é de seu desagrado, também não é com quem eu gostaria de passar meu dia, mas recebi uma missão e não sairei daqui até vê-la terminada — Meira comunicou empinando ainda mais o nariz.

Nilor trincou os dentes evidenciando seu descontentamento. Aquela elfa tinha o poder de tirá-lo do seu bom humor constantemente.

— Só não me dirija a palavra e estaremos vivos até o entardecer — ele soltou e virou-se de costas demonstrando que não pretendia dar ouvidos a nenhuma das respostas mordazes que prontamente já estaria na ponta da língua dela.

— Essa foi a melhor ideia que você já teve em toda sua vida — Meira provocou se recusando a deixá-lo com a última palavra.

O silêncio reinou. Cada um cuidava de seus pensamentos que constantemente se dirigia ao outro inconvenientemente.

Meira atentou-se aos cantos dos pássaros e começou o exercício de classificá-los por espécie. Pensou que aquele pequeno passatempo direcionaria seus pensamentos para algo mais produtivo. Nilor evidentemente não era uma matéria agradável.

Mas as divindades sabiam que ela não conseguia o ignorar de todo. Por mais que estivesse de costas, ela conseguia estar consciente de todos os movimentos que ele executava. Quando passava o peso do corpo de um pé ao outro, ou quando afastava o cabelo que insistia em cair nos olhos. E aquilo era extremamente irritante.

A elfa conseguiu irritar-se consigo mesma e não havia ninguém mais ali além dele em quem ela pudesse descontar essa irritação.

— Por que você é tão barulhento? — ela indagou exasperada. — Não consigo ouvir meus próprios pensamentos!

Nilor respirou fundo ao ouvir a indagação e contou até três antes de virar-se lentamente e fitar a elfa que o encarava com cara de sabe tudo.

— Eu não estou fazendo barulho algum — retrucou pausadamente como se fosse preciso ser bem claro para que ela entendesse.

— Estou imaginando coisas então — Meira resmungou em resposta.

— Não seria a primeira vez — o elfo levantou uma sobrancelha e cruzou os braços desafiando-a veladamente.

Meira conseguia tirá-lo do sério.

Parecia que o único propósito dela era provocá-lo e exatamente isso era o que fazia sempre que estavam perto, não deixando passar nenhuma oportunidade, por menor que fosse.

— Aah é? Não sou eu que tenho fama de ficar criando ilusões por aí — a elfa o provocou novamente colocando todo seu sarcasmo naquela insinuação.

Contos de "Além do Bosque"Место, где живут истории. Откройте их для себя