Parte 2

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Quando chegaram a Adan com o ladrãozinho que se contorcia inconformado nas mãos, Nilor não deixou de perceber o olhar curioso que o comandante lhes ofertou.

— Ainda estão vivos... — ele observou como se aquilo fosse um feito e tanto.

— O peguei — Nilor falou e lançou o anão a frente se controlando para não exigir ao elfo que o olhava todos os motivos que o fizeram colocá-lo naquela situação.

— Não! Eu o peguei! — Meira protestou logo em seguida se sentindo injustiçada.

— Não! Você o deixou escapar — Nilor a contradisse satisfeito com a indignação que surgiu na face da elfa.

Meira controlou-se para não respondê-lo de forma mal-educada e se virou a Adan acreditando que seria mais prudente manter uma conversação com este.

— Fui eu que o encontrei — falou tentando aparentar calma.

— E o deixou fugir — Nilor murmurou não conseguindo se controlar.

Meira logo o encarou arregalando os olhos rosados e já o ia rebater, mas foi interrompida por Adan que definitivamente já estava cansado de presenciar aquelas cenas que os dois sempre lhes ofertava:

— O importante é que o capturaram e a partir de agora eu me encarregarei de saber o porquê ele está roubando e destruindo as nossas plantações.

A elfa estava inconformada. Detestava que lhe tirassem o direito de se defender, ainda mais quando era preciso se defender de Nilor. Aquilo era quase como que uma necessidade primitiva de seu ser. Sempre havia sido assim entre os dois e sempre iria ser.

— Adan... — Meira começou com seu melhor tom educado —, gostaria de pedir, se for possível, que nas próximas missões, se for necessário à minha colaboração, que esta não seja em conjunto com este elfo — indicou a Nilor com um gesto muito pouco lisonjeiro.

O elfo mencionado logo se sentiu ultrajado apesar de o pedido dela se conformar perfeitamente com seus desejos.

Ela que era a chata. Ela que era o problema. E não ele.

— Adan... — Agora seria a vez dele —, é impossível colaborar em uma missão com ela. Ela não sabe se comportar como um membro da guarda e fica se permitindo a condutas pouco maduras para uma elfa em tal idade.

— Você! — Meira gritou virando-se imediatamente para ele e Nilor prontamente soube que o que brilhava nos olhos rosa não era nada bom. — Você! — Ela repetiu com uma indignação admirável. — Você é um completo IDIOTA!

— E VOCÊ...

— Chega! — Adan interveio não compreendendo como voltaram a discutir tão rapidamente. — Chega!

Os dois o olharam vendo o comandante se avolumar sobre eles de forma autoritária.

— Vocês não são obrigados a gostar um do outro, mas são obrigados a se respeitarem minimamente — Adan respirou admirando o efeito de suas palavras em ambos. — Não vou mais tolerar essas ofensas entre membros da guarda. E os dois terão que aprender a conviver de uma forma ou outra.

— É que...

Meira tentou, mas logo foi cortada.

— Já disse que chega! — Ela assentiu constrangida e Adan continuou. — Pensarei algo para puni-los.

— Punir? — Nilor indagou em um sussurro tão retraído que poderia se julgar difícil ouvir.

— Sim, Nilor, punir! Nunca foi tolerado esse tipo de comportamento. Vocês não podem desrespeitar um ao outro de tal forma e agir como se nada fosse. — Ele segurou o anão que olhava a tudo sem compreender nada e concluiu antes de sair. — Pensarei em algo que os puna e que ao mesmo tempo os ensine a conviverem respeitosamente. Agora partam que preciso resolver esse pequeno contratempo.

Contos de "Além do Bosque"Where stories live. Discover now