Parte 7

245 36 18
                                    

Meira jazia no jardim buscando acertar frutos podres que pendiam das árvores mais altas com suas flechas certeiras.

Havia passado a manhã ansiando por encontrar Nilor e se controlando para não sair de fato caçando-o pelos corredores.

Dizia a si mesma constantemente que quando ele quisesse vê-la ele apareceria, e que não seria ela a procurá-lo pelo castelo, pois havia sido o próprio elfo que tinha insistindo em permanecer em sua companhia e sendo assim, ela não deveria estar se sentindo do jeito que se sentia.

Nilor a estava tirando do eixo e aquilo era muito perturbador.

— O que está havendo comigo? — a elfa se perguntou não aguentando a confusão em sua cabeça causada pelo elfo.

Soltou a flecha vendo-a voar com um assobio suave e passando absurdamente longe do alvo.

— Uuuhh... quase!

Ouviu a voz a suas costas e virou-se vendo o elfo que tomava seus pensamentos olhando para a copa da árvore e bloqueando o sol dos olhos com a mão.

— Por pouco... — disse ele olhando-a em seguida.

Meira sentiu o coração palpitar e por incrível que pareça desejou sumir da vista de Nilor. Só de saber que estava sob o escrutínio dele já se sentia constranger e queria absurdamente sentir-se segura... bem longe dele.

O sentido havia sumido de sua vida deixando-a completamente maluca.

— Errei feio — comentou Meira feliz por ver que a própria voz não havia sumido.

— Costumo sempre errar feio então — Nilor anuiu lembrando-se da sua péssima pontaria e o quanto ficava feliz quando demonstrava um desempenho semelhante ao da elfa.

Ele coçou a cabeça emaranhando os cabelos dourados nos dedos olhando-a como se a analisasse com aquele sorriso no rosto que por vezes a irritava.

— O que foi? — a elfa perguntou incomodada.

— Esperei por você ontem e não apareceu.

— Preferi comer sozinha — Meira respondeu por impulso negando-se a dizer a verdade.

— Que pena... estava ansiando por encontrá-la — o elfo disse carinhosamente desarmando a elfa que sentiu-se vacilar dando um passo para trás.

Sempre que ele agia daquela forma deixava a elfa, que sempre tinha uma resposta ácida na ponta da língua, sem reação. E Meira inconscientemente se afastava, pois não se sentia segura de estar perto do que não podia se defender.

E de Nilor definitivamente ela não podia se defender.

— Humm... mas então... não o vi na refeição hoje — ela falou tentando se recompor e mudar o foco da conversa.

— Adan precisou de mim — Nilor respondeu —, mas agora estou livre. Pensou em algo para fazermos? — perguntou entusiasmado.

Meira o olhou perplexa demorando para compreendê-lo até que por fim se permitiu compreender. Mas não queria fazer nada com ele. Na verdade, tinha medo.

Então a elfa falou a primeira coisa que veio a sua cabeça.

— Desculpe, estou ocupada!

— Derrubando frutas podres? — a pergunta veio com um levantar de sobrancelhas.

— Isso já não lhe diz respeito — respondeu ela sem questão de ser educada.

— O que me diz respeito — Nilor falou avolumando-se sobre ela ao se aproximar — é que você está arrumando desculpa, e muito ruim por sinal, para não cumprir o nosso acordo e isso me parece péssimo.

Contos de "Além do Bosque"Onde histórias criam vida. Descubra agora