Radioativos

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Os tubos de contenção foram esvaziados, inclusive o da jovem Clarice, o líquido foi jogado pelos canos do esgoto levando junto a história de uma garota de 18 anos que um dia sonhou em ser uma dançarina famosa.

                  CLARICE
"Naquela noite eu estava cuidando do bar, geralmente eu dançava com as meninas, mas nesse dia não estava em condições, meu pé estava contundido devido um movimento errado nos ensaios. Há três dias Tábata, Klyne e Larisy vinham aparecendo com marcas de agressão no corpo, e elas ficavam a semanas com os mesmos 3 caras, até que Klyne veio desabafar comigo, ela disse que não estava aguentando mais, que dessa vez ele tinha exagerado nos fetiches sórdidos, ascendendo e apagando cigarros no corpo dela, fez isso inúmeras vezes enquanto chamava ela de vagabunda, entre outros nomes pelos quais garotas como nós somos chamadas, Tábata era do tipo que chorava sozinha no banheiro, mas eu já tinha notado o corte que um dos marmanjos tinha feito no lindo cabelo dela. Eu fiquei muito nervosa e acabei colocando uma dose considerável de veneno na cerveja deles, os três chegaram a sair da casa mas não foram muito longe, de resto vocês ja sabem, vocês descobriram e agora eu tô aqui nesse lugar maravilhoso para se passar umas férias de verão."

Esse foi o depoimento de Clarice na delegacia após assumir sozinha a morte dos três homens que frequentavam a casa de shows Magic girl's onde ela trabalhava antes de ser condenada por 80 anos de cárcere privado na prisão Alcatraz, isso levando em consideração a ficha limpa dela e a agressão as jovens amigas, colegas de trabalho, o que fez parecer crime em defesa de um terceiro.
Aquilo foi o que ela disse, o que era quase verdade, tirando o fato de que ela não cometeu o crime sozinha, na verdade Klyne não era só colega ou uma simples amiga, ela era o amor da vida de Clarice. As duas se conheceram a muito tempo atrás, quando juntas decidiram fugir de suas casas para viver esse amor proibido, devido as famílias delas não aceitarem de forma alguma que duas garotas ficassem juntas, todo aquele preconceito disfarçado de famílias conservadoras só serviu pra jogar duas adolescentes de 16 anos nas ruas, elas passaram por vários altos e baixos até encontrar a Madame Lovemander, que as deu abrigo em troca dos seus serviços na casa de shows, depois de um ano na rua elas tinham a certeza que pra lá não queriam voltar, elas ficavam com os homens, mas no final da noite só existiam elas duas e o carinho que uma sentia pela outra. Naquela noite não foi a Clarice que colocou o veneno nas cervejas, mas quando Klyne estava prestes a desistir e a derramar tudo, Clarice não deixou e tomou as cervejas das mãos dela, entregando para os agressores, ela sabia que tinha veneno mas não hesitou em punir quem tinha machucado suas amigas e sua amada, depois quando a policia foi investigar, e achou o frasco de veneno na lixeira do bar, Clarice assumiu a culpa para que não descobrissem que no frasco continham as digitais da Klyne, ela fez isso para cumprir a promessa de muito tempo atrás, quando Klyne não tinha coragem pra fugir, Clarice disse que sempre a protegeria, não importasse o que acontecesse.
Antes de ser levada como cobaia no experimento multigene, Klyne foi visita-la no presídio, elas ficaram, e aquilo tinha mesmo um ar de despedida.

Os jovens já tinham sido avaliados depois dos 3 dias nas cápsulas, todos estavam em perfeitas condições para o próximo estágio do experimento, esse era, como eles ficavam após serem expostos a radiação, primeiro eles foram colocados em uma sala branca, onde não havia a menor chance de fulga, era parte do plano para causar instabilidade emocional nas cobaias, assim eles seriam mais suscetíveis a resistir a radiação. Dentro da sala foram instruídos a contarem suas historias uns para os outros, os gêmeos Gryffin eram mais autênticos e abertos, não se importavam em contar sua trajetória, por mais que isso trouxesse péssimas lembranças.

              Gêmeos Gryffin

-Bom, acho que a gente vai ter que começar né Trin?- Digo após olhar ao redor e ver que ninguém estava interessado em conversar.

-Vai lá Travel, você sempre contou essa história melhor que eu.

-Então, eu sou Travel Gryffin e esse é meu irmão Trin, somos irmãos gémeos.

-A, jura? Nem notamos. -Debocha uma garota de cabelos pretos e olhos castanhos.

-Sim, juro. -retruco após perceber o sarcasmo em sua fala. -Trin e eu fomos criados até os 09 anos com nossa avó Margô, mas infelizmente ela morreu, até então, ainda tinhamos nosso vô Peter, que criava varias teorias da conspiração contra o governo, agora vejo que ele estava certo. Nosso avô morreu um dia depois do nosso aniversário de 13 anos, o que foi uma barra por que sentíamos que agora estávamos sozinhos, mas nossa mãe apareceu ao saber da notícia, e pegou nossa guarda, ela era casada com um cara que não fazia nada bem pra ela, nós presenciamos duas vezes ela chorando após ter sido agredida, nossos laços nem eram tão fortes mas aquela convivência era de fazer qualquer um que estivesse perto chorar. Ela acabou entrando em depressão e cometendo suicídio, e mais uma vez era só eu e o Trin, quando achávamos que não poderia piorar, aparece o pai do ano pra requérir nossa guarda, ele era a própria xerox do capeta, colocava a gente pra trabalhar na oficina mecânica e a noite, toda noite, achava um motivo pra bater na gente, por menor que fosse, mas a gota d'água foi quando ele quebrou um copo na cara do Trin, e deu essa cicatriz ai na testa dele - falou apontando pra cicatriz. -nós então explodimos um carro na oficina, fazendo tudo voar pelos ares, a casa dele era separada da oficina então só quebrou uma das paredes pelo impacto, ele sobreviveu mas nós fugimos, com dinheiro da carteira dele mudamos de cidade, e morávamos na rua até esses caras nos pegarem e trazerem a gente pra cá.

Era notável a emoção com que ele falava, tanto que em alguns momentos da história, lágrimas involuntárias saiam dos olhos dos gêmeos que agora estavam com 16 anos, prestes a serem colocados em uma câmara de radiação. Os demais jovens não quiseram contar suas histórias, ainda achavam aquilo perda de tempo, mas ficaram tocados de alguma forma com o relato dos irmãos, e isso era o que precisavam para iniciar a fase de mutação radioativa.
Após saírem da sala eles foram enviados para câmaras individuais onde foram amarrados e preparados para receberem fortes camadas de radiação pelo corpo.

-isso pode doer um pouco -Diz a Dra. Szczygiel.

A sessão foi iniciada e gritos de dor ecoavam pelos corredores do laboratório. transcrevendo em sua prancheta, a doutora dizia o quanto alguns eram mais resistentes que outros, mas ainda estavam todos vivos. Ao final dessa fase, todos sobreviveram, fisicamente só o ex presidiário Danyel mudou, ele acabou crescendo dois chifres na testa, devido ao gene de touro que foi aplicado nele, de resto todos pareciam normais e prontos para fase da floresta de onde só 3 sairão vivos, Afinal o governo quer os melhores soldados em campo de batalha.

(Galera, no próximo capítulo iremos conhecer mais algumas historias e descobrir os poderes de alguns das nossas cobaias. Flw, vlw)

          

                

                  

COBAIAS Where stories live. Discover now