Rosas

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POV Ae

— Chompoo, se concentra! — A menina parecia completamente perdida em meio a tantas flores.

— Desculpa, P'Ae! É que são tão lindas. — Do jeito que ela falava, fazia parecer que nunca havia as visto na vida.

Eu tinha pedido a ajuda dela, já que sozinho eu não conseguiria escolher as flores. Na verdade, eu poderia pedir a minha mãe se eu tivesse como ir pra casa. Mas isso seria impossível no meio dos treinos. Então, minhas únicas opções seriam Aim ou Chompoo. Mas chamar a namorada de Pond para me ajudar a escolher as rosas em um final de semana não seria a melhor opção.

Nós tínhamos passado em tantas floriculturas que eu já tinha até perdido a esperança de encontrar algo bonito por ali. Quer dizer, todas eram lindas, mas eu sentia como se nenhuma estivesse à altura de Putcha. Aquela mulher elegante merecia algo que se comparasse a ela e a posição que ocupava. E da forma que eu havia imaginado, nada se encaixava.

E apesar disso, eu não tinha escolhido a cor que queria. Levando em conta os significados, pesquisados por Chompoo, eu deveria dar rosas que o próprio nome dela levava. Cor de rosa claro. A garota era tão franca e determinada que sua energia me puxava a andar ao lado dela, e eu não me referia aos seus passos literais.

— Escute, P'Ae... qual sentimento você quer demonstrar para ela? — Eu cocei o queixo enquanto a baixinha – mais do que eu – ria.

— Gratidão, simpatia... talvez carinho? Acho que gosto muito dela. — O olhar da garota voltou-se para o celular que estava firme em sua mão.

— Chompoo¹! Você precisa lhe dar rosas dessa cor. Mas precisam ser claras. Nada de coisas escuras. Isso desanima o ambiente. — Eu já havia ouvido falar sobre isso várias vezes. Nem sabia se era real, nunca tinha parado para prestar a atenção.

— Tudo bem. Então você precisa me ajudar a escolher. Foi para isso que eu te trouxe. — Seu olhar se revirou ao me fitar.

— Eu vou tentar, ok? Não me cobre tanto, Pi. — Seu rosto parecia exasperado comigo. Mas na verdade, eu só estava brincando.

Nós andamos pelo shopping em Siam, por floriculturas de rua, por lojas grandes e meu olhar focado em encontrar uma única coisa não me permitiu achar nada. Eu já estava muito desanimado e essa incomodação era evidente, pelo menos para a garota que me acompanhava.

— P'Ae, vamos comer algo na ja²? — Seu olhar parecia tão doce quanto sua frase. Não é que fosse impossível para mim negar algo a ela, aliás, me pareceu muito mais fácil quando eu descobri que ela havia me pedido em namoro e eu tinha rejeitado, mas eu também estava com fome.

— Vamos. Eu estou com o estômago roncando. — Durante o final de semana, eu só tinha um treino, no sábado. Assim que eu soube que estaria livre no domingo, não pude evitar de querer procurar o presente para minha chefe. Afinal, no dia seguinte, seria a comemoração do aniversário dela.

Nós caminhamos até encontrar um lugar que a minha companheira de missão gostasse de comer. Meus pés já estavam cansados de tanto andar na caça daquele local. Não era cansaço físico, mas meu cérebro já estava enjoado de procurar aquilo que nem mesmo ela sabia onde encontrar e isso foi refletido na sola do meu all star.

— P'Ae kha, eu estava pensando em algo. — Assim que sentamos na mesa do pequeno restaurante no meio do Siam, com inúmeras mesas ao redor, Chompoo chamou minha atenção.

— O que é? — Seu rosto parecia tão piedoso que eu me senti levemente irritado. O garçom chegou com o cardápio e ela o olhava de cabeça baixa.

— Suas memórias não voltaram por completo ainda, não é? — Eu tomei uma rajada de vento com aquela pergunta, como se estivesse me puxando para um passado que eu não sabia se queria ir.

Memories of YouWhere stories live. Discover now