Um passeio solitário

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Olá! Imaginário, Realidade. Sonho e Esperança.

  As minhas palavras são as sementes da minha consciência que leva até Vós os feitos da interpretação que lhes queiram dar, em mim enraizadas carregam ou aliviam a minha alma e a minha vida. 

Um dia difícil. Trabalho e mais trabalho. Surge-me de vez em quando a necessidade de isolamente, de estar só comigo mesma. Chove intensamente, o humor estã tão sombrio como o tempo, importa aliviar a tensão. Passear à beira mar ou parar o carro na serra e olhar a natureza, também é terapia que me serve em dias de pessimismo.

Gosto de realgir aos fenómenos que me inquietam. Hoje tratava-se de um cansaço impertinente. Em vez de ir para casa, fui pela serra e cheguei à mais bela praia do mundo, "Melides". No caminho pela serra não encontrei vivalma. Parei o carro para olhar o mar à distância. Chovia.  Olhei para as dunas e comecei a pensar onde seria o lugar da barraca de madeira onde passei belos tempos da minha juventude, lembrei que tinha uns plásticos no cofre do carro, pois bem, lá fui eu até ao local que me parecia ser o da barraca. Não sei como, estava a ver e ouvir o meu pai, a minha mãe e amigos, recordei acontecimentos que estavam apagados da minha memória. Que bom este reencontro com o passado. Uma das recordações fez-me lembrar a "barraca" de Laridas e da Maria, onde, à noite os meus pais iam ver televisão e fazer compras nos tempos de estadia/férias, e, é claro, o ponto de encontro no Sr.António onde os moços e as moças se sentiam em casa. Revivi  tempos em que o meu mundo estava  em outro dimensão. Desci a duna e encaminhei-me até ao local do espaço onde o Sr.António esteve instalado com a sua barraca com vista para a lagoa. Depois de absorver as boas energias do local, fui à beira mar, intimidade, mas fui. Ninguém para me ver e eu sem avistar seja quem for.

A imensidade do mar, o barulho das ondas, o cinzento do céu refletido na ãgua do mar, a paisagem deserta de areia, água e céu, com uma mulher revestida de uma capa improvisada em saco de plástico, dariam um desenho numa tela que no mínimo, retrataria o incomum.

Todavia, o sabor e o sentir desta mesma mulher jamais seria percetível fosse para quem fosse. O barulho da chuva na  capa que me protegia  o corpo e os pés frios, molhada não me provocou qualquer inquietação, pensei para mim  que ia ficar constipada, mas valia a pena. Olhei para as horas que hoje mesmo mudaram e vi que ainda era dia.

Pareceu-me, naquela momento, que tinha entrado no paraiso e de lá saía abençoada.

Ao regressar ao carro e até chegar a casa, fui agradecendo aos meus deuses abstratos de me ofertarem o poder de usufruir do altar por mim escolhido. A minha praia de Melides faz verdadeiros milagres.

Ainda hoje senti toda a sua vibração energética que me sussurrou: "a  vida é uma arte e cada um faz dela a sua obra, o vigor da aceitação do que compõe a vida encontra-se no sitio em que se quer que esteja".

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------A agitação que a vida nos proporciona, leva-nos a criar as nossas defesas, isto, se estivermos predispostos para uma auto-disciplina conscienciosa para moldar e apurar os nossos sentires . O que também importa é deixar-nos ir sem grandes pensares, simplesmente ir.

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------A Imaginação é uma Mariposa volátil da nossa vida.

História de CabeceiraWhere stories live. Discover now