Os passos de Izuku ecoavam pelo salão, suas orelhas de gatinho prensadas na cabeça por uma presilha de plástico idêntica a que prendia sua cauda a sua cintura, a pele alva exposta e com apenas uma peça íntima muito pequena para cobrir sua intimidade, seus pulsos estavam presos por mais uma daquelas peças de plástico desconfortável e em seus pés algemas acolchoadas pretas o impediam de correr, o garoto chegara a se sentir como uma Barbie prestes a ser posta em uma caixa, mas agora só sentia suas bochechas queimarem de vergonha por estar tão exposto. Era só um garotinho ainda na noite anterior, mas agora, teria que ser um adulto e aguentar o que viria para sí, só torcia que quem quer que comprasse sua vida inútil para sí não fosse um esquisitão tarado ou qualquer coisa desse tipo... Se sentiu enjoado nos últimos passos antes de se posicionar no palco de leilões enquanto Tomura se desculpava pelas amarras e explicava o por quê daquilo, as cortinas ainda estavam fechadas enquanto posicionavam ao seu lado um outro híbrido que lhe lançava um olhar malicioso, estariam na mesma situação, se não fosse por Izuku ser um ômega pequeno e delicado e aquele ao seu lado ser um alfa, a sorte precisava sorrir para Izuku, sabia que se seu mestre humano fosse mau consigo não iria ser capaz de se defender.
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A cacofonia de sons do outro lado da cortina incomodava os ouvidos sensíveis do esverdeado, se sentia envergonhado por saber que estaria exposto daquela forma no meio de um monte de estranhos, mas não havia volta agora, não é como se o esverdeado realmente se importasse, só estava ali por quê não queria mais viver, então deveria torcer para que seu mestre fosse alguém terrível... Não é? A cortina vermelha que antes estava entre a "mercadoria" e os possíveis compradores é retirada para revelar um auditório cheio de pessoas mascaradas, usando roupas de gala como se aquilo fosse um verdadeiro evento, Izuku estava assustado, aquilo não lhe era tão atrativo quanto antes, estava com vergonha e só queria que aquilo acabasse de uma vez. Talvez percebendo o nervosismo do esverdeado, Tomura começou a venda com o pequeno, antes que o mesmo tivesse a chance de se arrepender de sua escolha.
- Muito bem, começaremos com um espécime muito especial - Ele sorri, segurando os ombros do pequeno esverdeado levemente e levantando os dedos mindinhos para evitar tocar demais, uma mania que adquiriu com os anos de venda - Este pequenino aqui é um híbrido de gato que acabou de completar dezoito anos, ele é um Ômega delicado e pelos exames médicos, totalmente virgem. - Midoriya sentiu seu rosto esquentar, precisava dizer aquilo? - Os olhos da cor do cabelo indicam pureza de raça então ainda há a probabilidade de que ele seja um Lúpus, e, incrivelmente, ele veio aqui por conta própria então a chance de tentar fugir é mínima. Muito bem, que tal começarmos com... Cem mil dólares?
Izuku congelou só de ouvir aquele valor estratosférico, estava sendo vendido em dólares e não em Yens como os anteriores, por quê? Não achava que alguém pagaria um valor tão alto assim em si, mas não só alguém ofereceu os cem mil como o preço subiu em uma quase discussão, cem mil, cento e cinquenta, duzentos, duzentos e cinquenta, trezentos, deus, os valores eram tão altos para o esverdeado que o mesmo se sentia tonto, e mesmo assim, continuava uma discussão acalorada enquanto os valores só subiam, quão ricas eram aquelas pessoas?! A discussão e o burburinho diminuía enquanto o preço aumentava mais e mais até alguém mais no meio gritar que oferecia um bilhão em dinheiro, o esverdeado ficou pálido com aquele número, mesmo com só metade daquele valor isso era dinheiro o suficiente para acabar com a dívida da família e manter sua mãe vivendo no luxo pelo resto da vida! Parecia que aquele homem seria seu mestre com toda a certeza, até um garoto, com provavelmente dezenove anos, cabelo bicolor metade branco e metade vermelho, olhos heterocromáticos e uma máscara dourada com o formato da asa de uma borboleta que lhe cobria a maior parte do rosto, se levantar e aproximar-se do pequeno esverdeado, ele levava uma mala preta que estendeu para Tomura assim que estava bem a frente do menor.
- Dois bilhões e meio em dinheiro, pode checar, ele é meu. - Ele sorriu olhando fundo nos olhos verdes do gatinho que sentia sua barriga revirar, quem era aquele garoto para sair por ai carregando tanto dinheiro assim com ele? E por que ofereceria um valor tão grande para comprá-lo? Além disso, ele tinha uma voz grave, grossa, que fazia o esverdeado se arrepiar até o último pelo - Oi, pequenino.
- Muito bem senhor Todoroki, mas por favor, desça do palco, não é permitido subir no palco, não importa o quão bem esteja disposto a pagar.
- Então pegue a maleta, foi isso que eu vim trazer. - O tom sério dele fez o gatinho em sua frente se arrepiar em lugares que nem imaginava, aquele tom o fazia sentir... Medo... - Não vou participar do resto do leilão então...
- Sei, sei, entrego ele para seus subordinados logo que terminarmos o lote, ou você quer carregar ele daqui agora como fez da ultima vez, senhor Todoroki?
- Posso mesmo escolher? - O homem levantou a sobrancelha com um olhar desconfiado, Tomura fez sinal positivo e ele soltou um murmúrio contente - Muito bem, eu levo ele agora então, a maleta fica com você ou seja o que for.
Tomura pegou a maleta que o tal Todoroki o estendia e assim que o fez, Todoroki cobriu a pele alva de seu novo brinquedo com seu blazer e o segurou com cuidado em seu colo como se ele fosse uma noiva, o que fez Izuku morrer de vergonha, estava mesmo tudo bem ser carregado daquela forma na frente de todos? Todoroki sentiu o menor se encolher e esconder o rosto em seu pescoço, o corpo do híbrido era quente então simplesmente presumiu que o garoto em seus braços estava com frio e por isso estava se agarrando a ele e continuou seu trajeto para fora do salão de leilões até um quarto da casa, conhecia Tomura e já havia estado naquela casa, por tanto, sabia qual quarto poderia usar. O de cabelos bicolores colocou Izuku sentado na beirada da cama com todo o cuidado antes de gritar por Ochaco, sua criada, que entrou no quarto com uma expressão não muito boa e um terno preto com uma camiseta verde em mãos, estava clara a sua irritação.
- Seu excelentíssimo pai vai adorar saber da cena que você fez no salão não acha? E meu Deus, imagine quando ele souber quanto você gastou!
- Eu vou ter o dinheiro de volta em uma semana mesmo - O bicolor deu de ombros, sorrindo. - NÃO! - Ele parou a empregada antes que ela pudesse começar a ajudar o esverdeado a se vestir - Não toque nele, nem pense nisso, eu visto ele. Saia. - A ordem foi clara e límpida mas os olhos bicolores mostravam uma irritação clara, o que fez a criada obedecer imediatamente. Assim que a morena saiu do quarto Todoroki deixou escapar um suspiro e tirou do garoto as algemas em seus pés e a única peça que o cobria, antes de ajudá-lo a vestir uma roupa íntima mais decente - Assim é melhor não é? - O bicolor perguntou sorrindo enquanto ajudava o garotinho a vestir o terno. - Desculpe pela cena com a minha empregada, ela é bruta, fiquei com medo que ela lhe machucasse.
A explicação não era nessessária, mas o bicolor se explicou mesmo assim enquanto tirava um canivete dourado de seu bolso para cortar as amarras plásticas do corpinho do garoto, deixando-o mais livre e tornando mais fácil a tarefa de vestir o pequeno gatinho. Os dois ficaram em silêncio enquanto Todoroki vestia o o menor com cuidado, prestando atenção para não prender muito a cauda do menor na calça, o que foi um pouco complicado mas que ele eventualmente conseguiu. O esverdeado observava seu novo mestre enquanto esse o vestia com todo o cuidado, estava surpreso por ser tratado dessa forma, há final, aquele homem parecia ter um poder imenso e era seu dono, então, por quê seria tão doce com um menino qualquer? Todoroki terminou de vestí-lo e se afastou um pouco, apenas o suficiente para oferecer sua mão direita ao gatinho, que moveu suas orelhinhas fazendo uma carinha confusa, o que fez um meio sorriso surgir no rosto do maior.
