Capítulo 1

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  Um novo dia se inicia, posso ouvir o barulho da chuva forte lá fora acompanhada de trovoadas bem assustadoras. Mas agosto é sempre assim, tempestade atrás de tempestade, guarda-chuvas são disputados nas pequenas lojas, as cafeterias lucram e muito com as bebidas quentes, mas no meu caso não é nada satisfatório, sempre acabo com um guarda chuva quebrado, um café entornado e toda molhada, como agora por exemplo. 5 minutos fora de casa e essa é a minha situação atual, isso sem acrescentar o atraso que me coloca na corda bamba se pensar em voltar pra casa.
—Merda! — Esbravejo repensando se deveria mesmo ter saído de casa, deveria ligar e dizer que  peguei uma virose ou qualquer coisa parecida.
  As pessoas passam ao meu redor como se eu não estivesse ali parada pensando na solução do meu problema. Eu não posso ir para a escola dessa forma mas se for em casa vou me atrasar bem mais. Que se dane vou assim mesmo não estou tão ruim assim, só ensopada e com o tênis manchado de café, isso é claro se eu não pensar na situação que o meu cabelo deve estar.
Saio andando apressada por entre as pessoas e me esgueirando por qualquer toldo que acho no caminho como se isso fosse amenizar a minha situação, contenho a vontade de revirar os olhos pra mim mesma.  10 minutos depois vejo a fachada da escola e respiro aliviada, talvez só talvez eu não pegue uma pneumonia depois de tanta chuva. Entro pelo portão dos fundos e vou correndo até a sala dos professores vê se por acaso deixei uma troca de roupa, a cada novo passo vou deixando um rastro de água e prometo pedir desculpas para Joanna e Julles assim que as encontra-las por aí. Entro na sala e não encontro ninguém o que me diz que estou muito atrasada. Reviro o meu armário e só encontro uma calça de moletom que eu normalmente uso para as atividades no ginásio, essa vai ter que servir. Depois de tirar minha calça e meias ensopadas e vestir meu moletom e calçar de volta meu tênis, pego o meu material que por sorte fica na escola e vou até a minha sala de aula. 

Abro a porta de maneira um tanto brusca e acabo chamando a atenção de todos presentes. Todos os meus lindos alunos estão me encarando de um jeito esquisito, até mesmo Kate que sempre corre pra mim está quieta, dou um longo suspiro que trava ao notar um homem de 1,70 de altura, corpo esguio, cabelos rente ao couro cabeludo, trajado com um conjunto de moletom cinza.

— Com licença o senhor é? — Depois do meu breve susto consegui recuperar a minha voz e questionar o intruso.

— Dylan Kubrick sou capitão do corpo de bombeiros e estou aqui para uma atividade com as crianças. — Ele estendeu sua mão grande junto com um sorriso pequeno, retribui apenas o estender de mão e me virei para criançada.

— Vocês estão animados com as atividades com o senhor Kubrick ? — Eles estavam saltitantes, animados e foi impossível  conter um sorriso.

— Certo amiguinhos, vamos fazer uma fila organizada dos mais altos para os mais baixos, professora você pode me ajudar? — Sua voz era suave, seus olhos castanhos brilhavam em expectativa.

— Claro, vamos lá.

Depois de organizar a fila de maneira correta, Kubrick puxou a fila até o ginásio coberto, as crianças estavam animadas e prestavam atenção a cada palavra. Aproveitei o momento para ir até a sala dos professores, enquanto ia até lá torcendo pra que não tenham acabado com o meu combustível de cada dia.

Quando estava voltando para o ginásio depois da minha dose diária de cafeína, dei de cara com Joanna que estava trazendo uma bandeja com algumas xícaras vazias.

— Joa precisa de ajuda? — Joanna era uma senhora de 45 anos que amava essa escola, seus olhos puxados e o cabelo escorrido preso em uma toca mostravam claramente sua descendência asiática.

— Não se preocupe com isso Milles, mas me diga o porque você não esta com sua turma neste momento? — Joa sabe que amo minha turma e que dificilmente sairia da sala e os deixaria sem supervisão.

Te vejo de manhãWo Geschichten leben. Entdecke jetzt