Te vejo de manhã

Capítulo 6

- Porque você saiu de casa antes das 6h da manhã em Srta. ? - E aí está o meu tão amado irmão. Respiro fundo com a testa encostada na porta.

- Oi William! Eu estou bem também, cansada? Eu? Nunca. - Ele revira os olhos e levanta do sofá pegando minha bolsa e guardando. Enquanto eu vou para o sofá.

- Escuta Milles, eu sei que você acha que eu me meto muito na sua vida. Mas eu te amo e quero sempre o seu bem. - Pronto, já estou derretida como manteiga.

- Eu fui tomar café com o Dylan. - Ele acena e aparece com xícaras de café.

- Eu e a Emma vamos fazer uma viagem amanhã de manhã. Vamos passar o feriado em uma fazenda com uns amigos.

- Eu e o Dylan vamos sair cedo amanhã também. - Ele concorda.

- Eu e a Emma estamos namorando. - Fico surpresa mas decido não acabar com o momento.

- Dylan quer me conhecer melhor, acho que ele gosta de mim. - Ele sorri e de repente estamos os dois gargalhando.

- Escuta, já que vamos sair com os nossos pretendentes amanhã. O que acha de pizza, sorvete e noite de filmes? - Desde pequenos nós gostávamos de aproveitar a noite dos irmãos como mamãe chamava.

- Eu topo, vou só tomar um banho. O que acha de hambúrguer? - Meu irmão concorda e eu vou em direção ao meu tão esperado banho.

''...

"Gostaria de dizer que estou ansioso para te ver amanhã. Durma bem Milles. Te vejo de manhã"

Sorrio para o celular e desejo boa noite para o Will que também já estava querendo fugir para conversar com a Emma.

Depois de pronta pra dormir envio uma mensagem dizendo que também estou ansiosa.

E pensando em tudo que vem acontecendo comigo, sinto o sono chegar.

"...

- Você esta linda. - Dylan sorri e abre a porta do Jeep pra mim.

- Mentir é feio. A última coisa que estou é bonita as 7h da manhã. - Ele ri e liga o rádio.

Enquanto seguimos pela estrada ele vai me contando sobre seus dias lutando contra incêndios.

- Quando soube que queria ser bombeiro? - Ele me olha e bate os dedos no volante conforme a música.

- Eu sempre gostei da ideia de ajudar as pessoas, quando era criança eu gostava de ajudar os animais de rua. - Ele sorri e por um instante consigo imaginar ele rodeado de animais.

- ... Quando fiz 13 anos houve um incêndio na minha escola e muitas pessoas morreram. Eu estava bem próximo a saída então consegui sair sem me ferir. Quando vi tantas pessoas se sacrificando para nos salvar. Eu sabia o que eu queria. Minha mãe odiou a ideia, mas hoje ela gosta de dizer para as amigas que o filho é bombeiro.

- Eu entendo sua mãe, é difícil imaginar o filho se arriscando tanto. Mas o ato de se arriscar para salvar outras vidas com certeza a deixa muito orgulhosa.

Ele sorri e aponta com o dedo indicando algo. Fico maravilhada com a linda cachoeira, ele faz uma curva em direção ao mato que logo revela uma trilha.

Tem 5 chalés a frente, um distante do outro. Ele passa por todos esses e vai seguindo até uma clareira que esconde um sexto e maior chalé.

- Te apresento meu ponto de paz. - Ele estaciona e nós saimos do carro.

- Meus pulmões apreciam este ar puro.  - Dylan sorri e pegando a mochila da minha mão vai em direção a porta de madeira.

- Seja bem vinda ao "Recanto Kubrick".

- Kubrick? - pergunto com curiosidade.

- Não, é Recanto Peace. Mas prefiro Kubrick. - Ele pisca e sorri para mim.

O chalé de dois andares é bem aconchegante, uma sala pequena com uma lareira e uma mesa de centro com um jogo de xadrez e um baralho.

A cozinha com móveis em madeira escura tem uma vista para um belo lago.

- Você gosta muito do contato com a natureza né? - Ele coloca várias sacolas em cima da bancada.

- Sim, eu amo estar conectado com isso tudo. Cresci numa fazenda. - A cada nova descoberta sobre Dylan, ele fica mais interessante.

- Eu sempre morei em cidade grande, mas confesso que amava as viagens em família para o campo.

- Conheci aqui assim que me mudei, todos os feriados que não visito minha família eu gosto de passar aqui. Nada mais justo que estar aqui com você agora. - Ele pisca e logo muda de assunto me perguntando se sei pescar.

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O dia não poderia ter sido melhor, trilha, banho de cachoeira e muitos e muitos beijos.

Agora estamos sentados no chão da sala em frente a lareira, tomando vinho. O Dylan está lindo com um conjunto de moleton cinza claro.

- Porque escolheu ser professora? - Ele tem um sorriso de canto e tenho quase certeza que seus olhos estão brilhando.

- Eu não sei, sinceramente eu pisquei e terminei o colégio, pisquei de novo e já era professora. - Ele franze as sobrancelhas e eu dou de ombros. - Lamento não ter uma boa história. - Sorriu nervosa e ele me encara.

- Talvez você soubesse, mesmo inconscientemente, de qualquer forma se amanhã você piscar e quiser ser outra coisa. Tenho certeza que você vai amar tanto quanto você ama ensinar. - Ele dá um longo gole em seu vinho e chega mais perto de mim.

Sua mão passa por meu rosto, seus dedos traçando os detalhes, ele sorri e eu retribuo. Ele me beija com ternura, seus lábios são gentis e firmes.

O gosto de vinho e Dylan com certeza acabaram de me levar para outra dimensão.

Depois de muitos beijos ele me abraça e fica em silêncio. Consigo ouvir o som da sua respiração acelerada e a minha não está diferente.

— Eu adoraria te levar para a cama agora, mas quero fazer isso direito. Quero que o temos dê certo. — Sua expressão é de desejo mas sei que ele não vai ceder.

— Eu também quero muito que dê certo. — Ele me beija de maneira casta.

— Que tal um jogo de xadrez em? — Ele ri e eu o acompanho.