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Ei, acorda — com meus olhos ainda fechados escuto alguém me chamar. — bom dia minha princesa, dormiu bem? — Thalita sempre me assustando com suas surpresas repentinas.

— Bom dia, senti sua falta. O que está fazendo aqui essa hora da manhã?

— Não gostou da surpresa? Sua mãe me deixou entrar e eu não ia aguentar te ver no outro dia…

— Mas é claro que gostei. Vou tomar um banho rápido e nós descemos para tomar café, tudo bem?

— Sim.

Entro no boxe do banheiro e Thalita fica atrás da porta.

— Lau, você lembra que fiquei te devendo uma noite divertida? Depois daquele acontecimento na sua antiga escola… — Por incrível que pareça nem estava lembrando mais.

— Lembro sim. Por quê?

— Então, hoje vai ter uma festa na casa de uma amiga, e eu gostaria muito que você fosse comigo. Mas claro, são adolescentes, sem álcool ou drogas. Já avisei para sua mãe, ela deixou.

— Se prometer que iremos nos divertir muito… Eu topo! — finalmente um tempo, sozinha com a minha namorada.

Saindo do banheiro vou em direção ao espelho do quarto para pentear os meus cabelos. Distraída sinto alguém pôr as mãos na minha cintura.

— Eu prometo que vou te recompensar hoje a noite. — Thalita beija o meu pescoço

— Guarda toda essa energia para mais tarde, agora sai para eu poder trocar de roupa. — Ela sai e ri. Descemos para tomar café e subimos para o quarto para escolher as roupas.

— Não faço a mínima ideia do que usar hoje… Algo simples que não chame tanta atenção.

— Você tá de brincadeira, né? Qualquer coisa que você colocar vai ficar perfeito — Eu suspiro. É bem a cara dela dizer exatamente a coisa certa para me derreter.

De primeira pensei em usar calças com alguma blusa. Mas pensei em utilizar algo mais ousado, tipo um vestido. Nas profundezas do meu armário encontro o vestido que usei na formatura do meu primo, ele estava muito curto, mas mesmo assim resolvi usá-lo. Era preto e completamente justo. Algo que tiraria Thalita do sério.

— E agora só falta escolher os sapatos!

Resolvi escolher um salto que não era nem alto e nem baixo. Alguns acessórios como brincos, pulseiras e colares ainda falta escolher. Preferi deixar isso por último.

Chegara a hora da festa, então me arrumei com Thalita. Ela estava perfeita e também usava um vestido, azul-marinho.

— Você é linda demais para ser verdade, não consigo tirar meus olhos de você — Estar apaixonada é maravilhoso.

Minha mãe deu carona para gente. Era em um pequeno clube da cidade. Havia muitas pessoas e boa parte dessas pessoas eram adolescentes como nós. Tinha também um bar que com certeza não iria nem ao menos chegar perto. Fomos nós sentarmos com alguns amigos na mesa em frente ao banheiro. Eu amo banheiros. Ela me apresentou a eles.

— Essa é minha amiga, Laura — ainda não me acostumei com ela me chamando sempre de amiga na frente dos outros.

— Prazer.

A conversa foi fluindo até que algum engraçadinho queria apimentar um pouco as coisas.

— Por que não brincamos de Sete Minutos No Paraíso?

O que seria a opinião de uma pessoa contra as de outras dez? Exatamente, nada.

O primeiro a girar a garrafa foi o Caio, o primo de Thalita. Estava torcendo para não cair para mim ou Thalita.

— Droga, queria que tivesse caído na Laura, ela é uma delícia — Caio sussurra no ouvido de Thalita

— Mais respeito com ela, Caio! — Parece que Thalita não gostou de ver sua namorada sendo cantada. Quem gostaria?

O jogo prosseguiu até que chegou a minha vez de girar a garrafa. Que não caia para algum menino, amém.

— Tá com medinho, Laurinha? Gira logo essa porra!

Esse caio é tão repugnante! Estava por ver Thalita brigando com ele.

— Se deu bem hein, Carlos — Caio, estava muito puto com ele.

Thalita me olha estranho por saber que sou bissexual. Não queria participar, então disse:

— Olha, eu não vou participar de porra nenhuma! Não me importo se sou menininha ou não.

— Por acaso você é lésbica? Eu não gosto de lésbicas! — Caio bate na mesa com uma força inexplicável. Fiquei com medo, medo de que ele descobrisse sobre mim e Thalita, então acabei aceitando.

— Não vai rolar nada mesmo…

Eu e Carlos fomos ao banheiro. Passar sete minutos com um garoto desconhecido não é tão confortável assim.

— Eu sou o Carlos, te achei muito gostosinha nesse vestido.

— Você pode por favor me respeitar e calar a boca? Eu tenho namorada!

— Então quer dizer que você é lésbica? Como meu caro irmão disse, nós não gostamos de lésbicas!

Que situação foi essa em que me meti? Que droga, que droga!

— Então vou te mostrar como virar hetero! — Ele se aproxima para mais perto e tenta me beijar a força. Ele toca nas minhas pernas. Ainda faltava 2 minutos. Parecia que não iria acabar nunca, uma eternidade.

— O que você pensa que estava fazendo, garoto? — Ele me dava nojo.

— Cala a boquinha

Começo a gritar e alguém entra batendo na porta com força.

— SOLTA A MINHA NAMORADA AGORA — Thalita grita se aproximando para mais perto.

— E o que você vai fazer? — Ele continua a apalpar minhas pernas.

Acreditando que aquilo nunca iria acabar, pedi para que Thalita fosse embora. Ela não podia me ver naquela situação constrangedora e muito menos poderia fazer algo.

— Hoje você é minha sua put… — Thalita interrompe sua fala

— Não, ela não é sua e nem nunca será! Thalita pega uma garrafa de uísque jogada ao chão e acerta na cabeça dele. Imediatamente ele cai no chão e desmaia.

— Você está bem? Eu te amo muito, muito mesmo. — Chorando corro para os seus braços, só aquele abraço poderia fazer me sentir melhor. — Agora vamos antes que alguém chegue.

Saímos andando. Entramos em uma farmácia para comprar curativos para o ferimento na mão de Thalita. Ela avia se cortado ao entrar em contato com a garrafa.

— Você sabe que me salvou hoje, não sabe? Eu me sinto imensamente grata a você, não só por hoje, mas sim por sempre. Penso que dizer eu te amo ainda seria muito pouco para demonstrar meu carinho e amor por você.

— Estraguei as coisas novamente. Se não tivéssemos ido aquela festa, se não tivesse te convidado nada disso teria acontecido. Eu não posso continuar te prejudicando, te fazendo mal. Me desculpa eu quero…

— Você tá querendo terminar comigo? Não, você não é tóxica na minha vida. Você é importante para mim, porra! Coisas assim acontecem e sempre vamos superar, lembra? Por favor Thalita… Não…

— Então… O que acha de um tempo? Por tempo indeterminado, pensar se é isso que realmente queremos. Eu também amo você. — Thalita me beija.

— Um tempo. Promete não me esquecer durante?

— Não vou te deletar da minha vida para sempre, Laura. É só um tempo — Retribui seu beijo, mas dessa vez um longo, e me despedi.










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