Capítulo Quatro - Pillowtalk

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Capítulo Quatro - Pillowtalk

Brandon Atwood

Erros acontecem, apesar de eu sempre me culpar por eles, é como algo que vai te consumindo por dentro, junto com a culpa. É quase como um combo, onde se tem erros a culpa sempre está à espreita. Mas, se tem um erro que não me culpo é essa viagem. Alguns momentos são tão bons que é impossível se sentir triste por ter feito aquela escolha.

Com certeza irei sentir falta de todos os momentos que passei com Zoe, não sei qual será nosso futuro mais, naquele momento não importava de fato. Mesmo que existisse aquela voz na minha cabeça pensando no que aconteceria amanhã ou depois de amanhã. Na maioria do tempo eu conseguia não dar ouvidos a ela.

Ao longo dos anos eu já tinha acumulado minha cota de erros, e também culpa de mim mesmo por eles, um deles era a estrada que por alguma razão se tornou algo bom para mim e que me levou realmente a viver a vida como eu queria e não mais um legado que minha família impôs para mim. Eu me sentia livre na maioria das vezes, mas é inevitável pensar no que teria acontecido se eu não estivesse aqui hoje.

Por isso o cansaço bateu a porta quando acordo de manhã, a vida na estrada nem sempre é como as pessoas pensam, muitas das noites eu passo acordado pensando no que irei comer e outras em tantos pensamentos, mas aquela vida incerta me preenchia de alguma forma, algo que eu nunca iria entender, talvez era isso o que meus pais não entendiam. Quando olho para o lado vejo Zoe dormindo, apesar de sua posição desajeitada ela estava linda, parecia tão serena que de alguma forma é como se eu estivesse recuperando minhas energias.

Quando Zoe abre pela primeira vez os olhos e me vê, é a melhor sensação que já senti, algo quente preencheu mais um pouquinho do meu coração, ser a sua primeira visão ao acordar é de certa forma excitante. Desde a primeira vez que a vi, através de uma tela, eu sabia que ainda nos encontraríamos, e alguns meses depois nos encontramos.

''Bom dia. '', digo a ela enquanto se espreguiça.

''Bom dia, acordou faz tempo? '', pergunta.

''Não muito tempo. Temos que voltar a viagem. '', digo.

''Queria poder ficar aqui para sempre. '', disse me olhando, eu sabia o que ela estava sentindo e eu queria também ficar ali para sempre.

''Eu também. '', digo pegando em sua mão e beijando em seguida.

Ela me puxa para mais perto sem se preocupar com nada, eu gostava quando ela simplesmente deixava curtir o momento sem pensar nas consequências. Após muitos minutos em que ficamos nos beijando ainda deitados, entre conversas e beijos precisávamos levantar, afinal tinha muitos quilômetros para percorrer ainda.

''Não é um adeus, é apenas um até logo. '', disse Betty para nós e dando um último abraço em Zoe.

Zoe colocou seu rosto na janela e acenou em despedida quando começo a dirigir o carro, eu vi que ela derramava algumas lágrimas. Acaricio seu rosto e ela sorri com o gesto, se despedir das pessoas realmente era a parte mais difícil.

Stars and Boulevards tocava no rádio enquanto saímos da cidade rumo Atlanta, ainda tínhamos dois dias de viagem, dois dias até eu não ver ela mais. Exatamente 48 horas e nada mais. Viagens nunca me assustaram, mas aquela em especial fez com que eu quisesse parar o tempo pela eternidade.

''Você gostou mesmo deles né. '', digo.

''Sim, Betty me fez lembrar de meu avô. '', disse ela triste.

''É por isso que está voltando para Atlanta? ''

''Sim, ele está muito mal, e precisa da família inteira junta. '', disse ela. ''Ele foi meu melhor amigo quando criança e não quero perdê-lo. ''

lembre-me de te esquecer [CONTO]Where stories live. Discover now