enfrentando os demônios

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Adela

Minha mãe parecia meio constrangida quando saiu do seu quarto, percebi que também havia chorado, entrei no quarto e vi Atílio, com uma expressão confusa.

___ o que você fez Atílio? Minha mãe esteve chorando! ___ ele me olhou, e percebi algo mais que confusão, era preocupação.__

___ eu a beijei, calma! Ela... ela permitiu mas depois saiu correndo e eu não entendi mais nada.__ claro que não entendeu, só eu consigo ver o que a assustou, ela se lembrou, se lembrou do infeliz__ eu ... Eu não entendo o que houve! ___ então eu vi, vi tristeza e impotência como se não soubesse o que fazer.

___ você precisa ter paciência com ela, ela passou por momentos muito traumáticos Atílio, somos frutos da sua dor mais terrível e você sabe, sabe disso e eu também sei.... Se você realmente se importa, vai ter que fazer ela perder o medo e conquistá - la da maneira mais doce e carinhosa, como ela merece.__ ah não! Ele me olhou com aquela cara, como se falasse "você precisa me ajudar a fazer isso!" E eu tenho escolha? Quantas vezes não sonhei que minha mãe iria encontrar o amor?

__ olha Atílio eu não sei como você vai fazer nem o que vai fazer, não posso sair por aí falando o que você tem que minha mãe gosta. Até por que as vezes nem eu mesma sei, vá atrás dela, tente Atílio apenas tente!_ sai do quarto deixando ele com seus pensamentos e encontrei Consuelo sentada na escada cabisbaixa.__

__ o que houve Consuelo? Desde cedo te noto calada e você não é assim ...

__ é que por mais que a dona Paola insista, eu nunca vou ser normal, sempre estabanada e falando pelos cotovelos,  dona Paola tem muito afazeres, não tem que ficar se empenhando num caso perdido.

__ Olha eu tenho certeza que ela não pensa assim, mas se você quer posso te ajudar ! Vem comigo quero te mostrar uma coisa.

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Paola

Andando pela fazenda me permiti pensar em como seria minha vida se aquela tragédia não tivesse acontecido, eu poderia ter amado Atílio quando o conhecesse, minhas filhas poderiam ser filhas dele, eu poderia ter a vida perfeita que sempre sonhei, mas, como todo sonho, meus devaneios foram interrompidos pelas cenas horrorosas que vivi, as mãos daquele cretino em mim, suas investidas dolorosas, e as cicatrizes que ele deixou, nunca poderia esquecer aquele maldito dia, viveria atormentada o resto da vida.

Ernesto_ dona paola, está tudo bem com a senhora ?

O susto que levei foi grande, e logo meu humor triste passou e percebi que estava queimando de raiva.

_ está louco ernesto ? Quer que eu te acerte na cara com o chicote

_ não senhora, é que a dona estava tão distraída que não ouviu eu chamar...

Olhei para Ernesto, eu sabia que ele era perigoso, mas ainda assim era um bom capataz, e eu conseguia mantê-lo no controle.

_ como anda os touros garanhões Ernesto? preciso deles vacinados e antifungizados antes de colocá-los com as vacas!

_ já cuidei disso dona, eles já estão vacinados, já foi aplicada as duas doses antifúngicas, pesados e avaliados pelo veterinário, só esperando seu consentimento para por no pasto junto com as vacas para cria...

fiquei observando como ele se empenhava em me surpreender, como se fizesse mais do que a própria obrigação, como se devesse receber agrados por fazer o trabalho bem feito. Qual agrado melhor do que o salário mais do que justo que ganhava! Onde já se viu ...

_ pois faça isso logo Ernesto, já tem meu consentimento, ande! vá fazer isso agora!

_ sim senhora!

No Coração Da feraWhere stories live. Discover now