Relatos de um Garoto Apaixonado

CAPÍTULO 20 - 10.01

N/A: Nome da música que foi cantada no estilo High School Musical: Big Girls Don't Cry — Fergie. Se alguém quiser tradução, só falar nos comentários que eu mando. Perdão qualquer erro e deem uma olhada na mídia. Espero que gostem!

~ ❤️ ~

Eu acho incrível minha capacidade de mexer com o que está quieto e, consequentemente, foder toda a minha vida.

É o primeiro dia de outubro e, dependendo de mim, já podemos pular para novembro. Estava tudo indo bem, até o jogo da Spicer Park contra a Branch acabar. E eu assumo que, desta vez, a culpa é exclusivamente minha porque eu resolvi enfiar a cara num assunto que não devia novamente.

Eu decidi sozinho ir procurar Hideki Nakamura e estou correndo o risco de ficar sem todas as pessoas que conquistei por isso.

Eu continuava naquela paz de ontem quando larguei o diário e dediquei 100% da minha atenção às garotas, que estavam procurando mais um programa na TV. Anne estava sentada ao meu lado no sofá-cama, uma tigela cheia de salgadinhos nos separando, além do corpo de Bella jogado em nosso colo, o controle em suas mãos para mudar os canais e nunca achar um filme bom. Acabamos apelando para a Netflix e colocamos "10 coisas que eu odeio em você" para assistirmos pela vigésima vez na vida.

Embora eu ame aquele filme de coração, minha mente estava distante demais para eu focar na TV. Havia acabado de decidir que procuraria Hideki e nada apontava que era uma boa ideia, mas várias coisas apontavam que era PÉSSIMA. Como o bom teimoso que sou, ignorei minhas intuições e a voz baixinha de Samuel em minha cabeça, repetindo que eu não deveria fazer aquilo, que eu iria me machucar, que o machucaria também. Ouvi-la era dolorido, não queria que meu sentimento por Samuel no fim de noite fosse pena ou receio. Preferia o arrependimento de não tê-lo beijado antes dele ir embora com Josh e Kyle. Talvez o espírito romântico que o beijo me traria fosse me impedir de cometer uma besteira.

Na metade do filme, eu já estava imaginando toda minha vida com direito a casamento num jardim florido, um apartamento em New York, um cachorro e um gato. Clichês mexem com a minha alma, e eu odeio ser um clichê. Odeio que minha vida se pareça tanto com as fanfics que Bella lê. Mas, se ela não fosse assim, eu não teria Samuel, não teria a patinação, não teria meus amigos. Só preciso viver esse livro dramático e torcer para não morrer no final.

Quando o protagonista cantou "Can't take my eyes off you", foi impossível não vidrar os olhos na tela e surtar internamente. Ouvir aquela música e ver aquela cena sem me lembrar de Sam foi um desafio. A letra que o define quando está pensando em mim. É agradável imaginar como ele fica nesses momentos, considerando que os pensamentos podem variar de fofos até a indecentes, e eu aprecio cada um.

O problema foi que, no instante em que o filme terminou, Bella levantou a cabeça do colo de Anne e começou a chorar litros. Parecia que tinha voltado à estaca zero, porque estava realmente triste, e não emocionada. Eu e Anne trocamos olhares desesperados, sem sabermos agir. Queríamos ajudá-la e, simultaneamente, sentíamos medo de piorar a situação com nosso realismo. Nunca fui um exemplo de emoção e ajo tão expressivo quanto uma porta na maioria dos meus dias, e Anne tem um jeito um pouco bruto de demonstrar carinho.