Um Evento No Futuro

1 0 0
                                    

Um dos fenômenos que mais me apaixonam sobre a mente humana são os conhecimentos que temos sobre o futuro, seja o meu ou de outra pessoa. De início ficarei só com o que tenho sobre mim mesmo. Qualquer pessoa que tenha o mínimo de sensibilidade sobre si mesma, verá que em sua vida através de um sonho ou uma intuição que este conhecimento existe, embora ela não saiba explicar.

Partindo do ponto de vista de que ele existe poderíamos ter duas versões sobre ele: de que o evento no futuro seja fixo, aí então eu estaria dizendo que o "destino" existe e portanto, é imutável e por mais que eu me esforce eu não poderia mudá-lo. Disto também podemos concluir que todo valor humano não tem sentido, afinal o bem e o mal não depende de minha escolha e que toda história da minha vida já estaria escrita não restando nada para eu fazer. Seria um mero expectador de minha desgraça ou minha felicidade, guiado por forças que eu desconheço, como no caso dos gregos que acreditavam nas três moiras , as terríveis deusas do destino: Cloto, fiava a linha em sua roca, Láquesis a media com seu metro e Átropos a cortava com sua tesoura, na imaginação dos gregos podem até ter algum sentido visto o pouco que eles sabiam sobre a ciência. Mas entre nós! Isto perde o sentido.

A outra vertente é que o evento possa ser mudado, aí nós poderíamos construir nosso próprio futuro e mesmo que o víssemos em um sonho mesmo assim ele não seria fixo. Teríamos condições de mudando nossas atitudes presentes mudarem aquilo que poderia ser uma tragédia, seríamos então senhores do nosso próprio "destino" o que nos dignificaria como seres humanos. Pode então dizer que toda ação presente gera uma reação futura.

Tentarei colocar um evento no futuro usando o sistema cartesiano ortogonal, aquele que é constituído por dois eixos: o eixo "x" das abscissas e o eixo "y" das ordenadas, muito usado na matemática para localizar um ponto no plano ao qual eu chamarei de ponto "E", ou seja, o ponto do evento, o ponto do evento seria o encontro dessas duas linhas. Poderíamos colocar uma linha como sendo a do tempo nas ordenadas e outra como sendo o fato em si na linha das abscissas. O encontro dessas linhas seria o evento propriamente dito.

Vamos supor que dentro do meu inconsciente exista este mapa e que nele existem centenas de eventos ligados ao tempo - Quando eu digo tempo, lembre-se temos um relógio biológico interno. Ele não necessita do relógio físico para que ele saiba as horas, os minutos e até os segundos – estes eventos no futuro já estariam "fixados" à medida que eu caminho no meu presente.

Levarei em conta um evento de grande importância e que não esteja só relacionado a mim como, por exemplo: a queda de um avião, mas que também esteja ligado a outros "mapas", ou seja, outras pessoas. Podemos até complicar mais o evento dizendo que esta queda seria provocada por outra aeronave, aí teríamos mais "mapas". Como eu poderia me salvar só pelo meu "mapa"? Se eu tivesse um sonho um dia antes da queda do avião poderia eu me salvar? Só se eu sentisse que deveria dar crédito ao sonho, mas perder uma viagem que já está marcada há meses só por causa de um sonho! Seria sensato? E quando outra pessoa tem o sonho da queda do avião, no caso de algum parente próximo, mas que vai viajar. Que "mapa" o inconsciente dela está usando? Será o meu? Do mesmo jeito que existe em mim um "mapa" como eu exemplifiquei, então também existe este mesmo para os nossos outros dois pilotos que são causadores do evento e também para cada tripulante das duas aeronaves em questão. Levando em conta que são centenas de fatores que irão ocasionar o tal evento, posso supor, meu inconsciente precisa trabalhar com muitos "mapas" para me dar certos graus de certeza de que isto mesmo viria a acontecer, visto que qualquer pessoa envolvida no acidente poderia mudar seu "mapa" antes disto acontecer.

Veja como a questão vai se complicando para que os dois aviões se choquem, afinal o piloto tem seu "mapa" e quando é questão de vida ou de morte nosso inconsciente tende a aflorar esta informação. Quando isto não acontece, será que não é dado o devido valor aos sonhos ou intuições? Neste sentido parece que os gregos podem nos ensinar a dar mais valor a certas coisas que não entendemos e a prestar mais atenção a certos sonhos ou intuições, afinal isto também é objeto da ciência. E que muitas vezem salvam a nossa vida.

A Saliva do DragãoWhere stories live. Discover now