_ Safira abra a porta.
_ Vai embora Lucchesi, estou sem fome.
_ Safira abra, não tenho o dia todo.
_ Já disse que estou sem fome Anthony, me deixa em paz.
_ Marta! Você é testemunha de que eu tentei ser educado.
Segundos depois do grito de Anthony reverberar por toda a mansão, Safira nota o barulho da porta sendo destrancada, e logo em seguida ele passa por ela.
_ Qual a dificuldade em abrir a porta?
_ Qual a dificuldade de respeitar o fato de que eu não quero manter contato com você?
_ Eu disse que tomaríamos café da manhã juntos e vamos.
_ Lucchesi, vá embora.
_ Dio mio...
Ela observa a forma irritada com que ele esfrega os cabelos, mas ignora e se senta na cama, dando_lhe as costas.
_ Você tem um minuto para se trocar e vir comigo Safira.
_ Vou tomar café no quarto.
_ Marta não está autorizada a trazer suas refeições.
_ Então ficarei sem comer.
_ Deixa de ser infantil Safira, se troque.
Ele se acomoda na cadeira da penteadeira,verifica o relógio e crava seus olhos em Safira que, permanece no mesmo lugar.
_ Bom, seu tempo acabou.
Ele se levanta olhando o relógio e respira fundo.
_ Lembre_se de que você teve uma escolha.
_ O que você está fazendo?
Ele se aproxima rapidamente e a joga nos ombros, mesmo com os seus protestos.
_ Lucchesi, me coloca no chão!
Os socos que ela desferia nas costas dele não tinham efeito algum.
_ Anthony, me coloca no chão.
Ele simplesmente a ignorou, descendo os lances da escada com ela nas costas, como se fosse uma pluma.
_ Isso é o suficiente?
Anthony apontava para a mesa posta, enquanto encarava Safira com uma de suas sobrancelhas arqueadas.
Vendo que não obteria nenhuma resposta da parte da morena com feições fechadas a sua frente, revirou os olhos exageradamente, suspirando fundo.
_ Se você continuar me ignorando irei castigar você Safira.
Ela continuou imóvel sentada onde Anthony a havia colocado. Mesmo que tudo naquela mesa parece estar com um gosto maravilhoso, Safira não sentia nenhum ânimo em se alimentar.
Os minutos se arrastavam vagarosamente e o único som que se ouvia na enorme sala, era o tilintar dos talheres de Anthony.
_ Cazzo, já chega.
Safira teve um pequeno sobressalto com o barulho e a bagunça que o impacto da mão de Lucchesi causou na grande mesa.
Levantando_se com um olhar furioso no rosto, as mãos fortes de Anthony se fecharam ao redor dos braços frágeis de Safira, arrastando_a escada acima.
_ Marta!
Algum tempo depois Marta entra no quarto com uma expressão assustada estampada no rosto.
_ Estou aqui senhor.
_ Parece que Safira não faz questão de se alimentar, ela ficará trancada no quarto pelos próximos dois dias. Se você e todos os que vivem nessa casa, temem seus empregos e suas vidas, não ousem me desobedecer.
Acenando positivamente para Anthony, Marta deixa o quarto.
_ Safira, eu estou tentando manter a calma mas você não está ajudando.
Ela não o olha nos olhos. A todo o tempo mantém as costas viradas para ele, tentando controlar a raiva crescente que emana de seus poros.
_ A gente têm muito o que conversar e eu quero mesmo esclarecer as coisas pra você. É perigoso que você esteja no meio disso tudo às cegas, sem saber com o que está lidando.
Se aproximando de Safira com passos calmos, ele toca seu braço suavemente, enquanto afasta seus cabelos do ombro com a mão livre.
_ Se comporte Safira, eu quero que você seja capaz de sobreviver a isso. Quero que seja capaz de sobreviver a mim e que algum dia, você me olhe nos olhos sem todo esse ódio que existe no seu coração.
A sensação do beijo calmo e cheio de ternura que ele depositou em seu ombro e o cheiro marcante do seu perfume, ainda estavam presentes alí minutos depois que ele havia deixado o quarto.
Safira passou o resto do dia pensando em quê Anthony se referia ao dizer que ela estava às cegas a algo e o motivo de ela ter que sobreviver a ele.
O que de tão horrível ele poderia causar-lhe depois de tê-la obrigado a torturar e matar uma pessoa?
Ela estava acostumada a ficar reclusa no quarto sem comer e sem ter contato com qualquer outra pessoa. E aparentemente, alí não seria tão diferente do seu antigo "lar".
Após horas terem se passado Safira se distrai olhando as notícias em suas redes sociais.
Para o mundo lá fora, ela estava mesmo passando uma temporada em Paris. Era realmente impressionante a facilidade que pessoas influentes tinham para esconder algo.
Em breve ela estaria nos canais de TV ao de seu amado noivo e seu querido pai, anunciando seu "tão sonhado casamento" .
É claro que ninguém desconfiaria de nada quando eles inventassem uma história patética e clichê de como se conheceram e do quanto ela havia adorado o pedido de casamento.
De fato, Safira se sentia um pouco mais aliviada em estar longe da casa onde vivia e sofria constantes abusos e torturas, mas estar aqui ao lado de Anthony não era tão diferente assim. Ele era sempre bipolar quando estava com ela. Algumas vezes a tratando carinhosamente e em outras sendo rude e cruel como quando a obrigou a matar o tio.
Ela já cogitava a possibilidade de que não teria sido criada para a felicidade. Talvez todo o seu destino tivesse sido moldado em torno de perdas, dor e sofrimento.
VOUS LISEZ
A Filha Do Presidente
Roman d'amourVocê seria capaz de passar por cima do seu passado, que insiste em te sufocar com lembranças dolorosas para ir em busca de um futuro feliz? Conseguiria renunciar à suas dores para curar as feridas de outro? Independente da resposta, isso pode ser...