LXXXI) Cores [GAT] [FINAL]

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[AVISO DE GATILHO: Alta carga emocional sobre humor depressivo e cansaço mental, com reprodução de alguns pensamentos ansiosos meus; referências à sufocamento como metáfora]

Se você estiver com vontade de ler esse poema, mas não estiver bem pra isso, tudo bem!, tem uma versão alternativa dele logo em seguida :)









🎨

- março, 2019 -


Foi uma época muito boa da minha vida

Minha pele era laranja, a maior parte do tempo

Brilhava escaldante

Mas aí

Veio uma onda de tinta

Ela me sufocou

Deixando marcas no meu pescoço

Pesando sobre minhas costas

E me pintou

Azul, me tornei

O laranja, quase não vinha


Mas não notei

Ou não dei devida atenção

À minha pele azul

Nos espelhos, ignorei sua cor

Estranha, eu me sentia

Como a boca de quando se acorda

Babando

Anestesiada

Não notava que...

Era a cor

Me acostumei com ela

Com a baba

Sem notá-las


Mas um dia

Um outro espelho tomou minha visão

Me avisou

Eu percebi a cor

Tão intensa

A baba escorrendo

Também azul

Me re e re pintando

Numa retro-alimentação

De vício

De culpa

De exigência

De preocupações

De pensamentos e

pensamentos incessantes


Mais azul ainda,

Me tornei


Não era eu no espelho

Mas era

Os olhos mortos olhavam

Meus olhos mortos

Minha pele azul

A baba escorrendo

Também azul

Me re e re pintando

Quem é ela? E eu?

Pare de ser assim!

Por que não consigo...

Por que não sou...

Como antes?

Me sinto inútil

Eu peso

Absorvo sofrimentos alheios

Nutro e nutro os meus

Pensar... dói

A baba escorrendo

Me re e re pintando

Numa retro-alimentação

De vício

De crise

De culpa

De exigência

De preocupações

De pensamentos e

pensamentos incessantes


Eu só queria ser... Laranja...

De novo...

Mas não sou

E tá tudo bem

Posso ser laranja de novo

Mas jamais como antes

Serei diferente, de um outro laranja

A onda me pintou

Eu vivi outras cores

E, ao menos agora,

Sou azul

E tá tudo bem

Mesmo eu tando mal

Porque tá tudo bem não tar bem


Passei muito tempo azul

Perdida em sua tintura

E de outras cores

Sabendo e sem saber

Eu me repintei

Não sei de quais cores foram

E outras pessoas também

Me ajudaram a segurar o pincel

Ou a limpá-lo na água

Ou a tacá-lo no chão

Quando minha mão tr-r-e-emia


Tenho me sentido roxa

Ainda tenho crises

Às vezes, sou azul

Às vezes, sou laranja

Na maioria das vezes, roxa

Talvez eu volte a ser azul

Talvez eu volte a ser laranja

O que for que aconteça

Tá tudo bem

Às vezes, a gente melhora

Às vezes, a gente piora

O que for que aconteça

Tá tudo bem

Porque, mesmo a bad não sendo good,

Tá tudo bem não tar bem 

Bate a bad  [COMPLETO]Where stories live. Discover now