Prólogo

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[Doze anos atrás]

Matteo Giordano

Sempre quando ouvia o som da chuva ficava na janela do meu quarto observando-a cair contra o chão, eu gostava da sensação, do cheiro fresco, sentia cada vez mais o gosto da liberdade, eu queria ser livre, mas o lugar onde moro isso não é possível, ninguém nesse lugar é livre, estamos todos presos a essa maldita máfia. Por ordens do meu pai minha mãe me treinava para ser um bom submisso daqui a alguns anos, eu sabia que num futuro próximo me casaria com algum homem idiota, todos nesse lugar são idiotas.

Tenho somente onze anos agora, eu sou feliz, tenho uma boa infância, minha família é legal, eu só não gosto do meu irmão mais velho, ele é muito cruel, uma vez o vi enfiando uma faca no meu hamster, o grito que o bichinho soltou me deixou com medo e chorei muito, contei para o meu pai e meu irmão apanhou, por isso ele me odeia. Mas como meu irmão matou meu hamster, sabia que era para ele ter sido premiado e não ganhado uma surra, dentro da máfia isso seria algo bom a se fazer, começar matando bichinhos era um bom começo para eles; meu irmão só foi castigado porque foi o meu bichinho, ele mexeu comigo e meu pai não gostou disso, papà está sempre me defendendo junto de vovô. Eles não são homens ruins, só prezam em seguir as regras da máfia, fora de casa os dois são sérios e secos, mas dentro de casa eles sorriem e brincam muito com a família, só meu irmão mais velho que não participa de nossos momentos, ele diz que isso o tornará um homem fraco e cheio de frescuras.

Meu pai nunca levantou a mão para mamma, sempre a defendeu, eles se ajudam nisso, mamãe faz tudo o que papai pede, pela máfia ele seria obrigado a bater nela casso ela não obedecesse, por isso mamma obedece, ela sabe a dor que seria para papai bater nela. Eu tento entender tudo isso, meu vô sempre me explica as coisas, inclusive que quando me casasse teria que ter o mesmo lugar que minha mãe no casamento, obedecer quieto. Mas eu não gosto de fazer algo que não acho certo.

- Matt. - ouvi uma batida na porta e vi vovô entrar vindo até mim. - Está pensando no que filho?

- Em nada. - ele ri vendo que tentava desconversar.

- Você não me engana garoto, te conheço, sei que sua cabecinha está cheia. - ele bagunça meus cabelos. - Sei inclusive no que está pensando. Mas não foque nisso, você ainda terá uns bons anos até chegar a hora. Venha, sua nonna fez biscoitos.

Peguei na mão de vovô e fomos para fora do quarto, a chuva ainda caindo forte lá fora. Chegamos na cozinha e vovó parecia bater uma massa numa tigela, ela sorri feliz quando me vê, deixa um beijo na minha cabeça quando sento a mesa e deixa um prato com biscoitos junto de um copo de leite na minha frente.

- Coma querido, separei esses para você, seus irmãos passaram por aqui e atacaram feito dois ratinhos. - ri junto com ela e mordi um dos biscoitos sentindo as gotinhas de chocolate derreterem na boca. - Está gostoso?

- Sim nonna, são os melhores biscoitos da Itália. - digo a deixando feliz.

Isso era verdade, nonna é uma ótima cozinheira.

- Sua inocência me encanta ragazzo. - ela joga o conteúdo da tigela na forma. - É muito precioso Matteo.

- Isso é verdade. - vovô sentou do meu lado. - É um ragazzo muito especial.

Eles sempre diziam isso, que eu muito especial aqui, muito especial alí, mas eu me via como um garoto qualquer, eles dizia também que apesar de tudo eu ainda via a bondade do mundo onde vivíamos. Eu acreditava sim nisso, se um dia essa droga de máfia fosse derrubada viveríamos felizes e tranquilos em outro lugar.

Minha atenção foi para o meu irmão do meio que entrou na cozinha com um olhar pensativo, sua testa estava franzida e isso chamou também a atenção de meus avós.

- Ettore? - nonna o chamou, ele a olhou continuando quieto. - O que foi querido?

- Vincenzo será iniciado. - disse e olhei para meu nonno o vendo encarar vovó de forma séria. - Ano que vem serei eu não é?

- É sim Ettore, ano que vem será sua vez, fará 14 anos e terá seu compromisso com a máfia. Fará sua promessa? - vovô se ajoelhou o segurando nos ombros.

- Sim. - respondeu não muito animado e correu para fora.

- Por que tem que ser assim nonno? - minha voz de choro fez vovó ficar do meu lado e limpar meu rosto molhado pelas lágrimas. - Por que não podemos ir embora?

- Infelizmente não podemos mudar nossa origem Matt. - ele me faz olhá-lo. - Nós viemos dessa organização, devemos servir a máfia sem questionar.

Não disse nada, dei de ombros voltando a comer os biscoitos. Ignorei os olhares dos meus nonni e foquei somente no que mais desejo.

Eu vou sim acabar com essa máfia, nada vai me impedir.

°°°

O que acharam do prólogo? Foi só para aquecer, e só soltei por não me aguentar 🙃

Mais uma história que em breve estarei postando aqui. Espero que quem for me acompanhar goste e se sinta confortável para expressar sua opinião, essa sendo de total respeito com todos por aqui será muito bem vinda.

Em dezembro estarei iniciando as att, não começarei agora por conta da escola.

Bjs e até lá.

Amor Mafioso - MpregWhere stories live. Discover now