3 - Alice

120 6 0
                                    

Em casa, finalmente. Deixo minha mochila no quarto e vou para a cozinha almoçar. Milagrosamente minha mãe estava lá também.

- Oi mãe.

- Olá Alice. Como vai?

- Estou bem... É... Está de folga hoje?

- Não. Só vim aqui para casa arrumar as malas.

- Malas? Vamos viajar ou alguma coisa do tipo?

- Eu vou. A trabalho, vou passar uma semana fora.

- Ah... E eu?

- Vai ficar aqui. A semana vai passar rápido, você vai ver. - Ela diz por fim, com um sorriso no rosto. Um sorriso que me incomodava. - Agora chega de perguntas e vem almoçar por que daqui a pouco você tem que ir para a aula de teatro.

- Mãe... Eu estava pensando sobre isso e... Não sei se quero continuar no teatro...

Nem preciso dizer que ela ficou brava e disse que eu não sairia de jeito nenhum. Minha mãe era assim, controlava minha vida ao máximo, e sempre dava a desculpa de que tinha medo de me perder. Como se eu fosse me divorciar dela como meu pai fez há dois anos.

Eu já estava acostumada com essa possessividade dela, por mais que isso fosse extremamente ruim para mim, e era exatamente por isso que eu queria sair do teatro, para arranjar um emprego e sair de casa.


Estava no palco, treinando as falas da minha próxima peça quando uma de minhas colegas se aproxima de mim e me entrega um pedaço de papel dobrado.

- O que é isso? - Pergunto completamente confusa.

- Um garoto pediu para te entregar!

- Sério? - Reviro os olhos. - O que eles têm contra vir falar pessoalmente comigo? - Minha colega dá de ombros. - Como ele era?

- Alto, tinha o cabelo curto e era loiro. - Eu já tinha uma leve ideia de quem era...

- Ele falou o nome dele?

- Alex. - Reviro os olhos de novo. Ele não.

- Eu só queria que ele parasse de encher meu saco. Caramba! Até aqui?

- Nossa, mas o que você tem contra ele?

- Várias coisas. Daria até para escrever um livro sobre isso. Enfim, só deixa quieto. - Rasgo o bilhete e o jogo fora.

- Tá. - A garota dá de ombros.

- Vamos continuar a treinar, certo?

- Certo!

Vamos para as nossas posições e começamos a contracenar.

O que as cores sentemWhere stories live. Discover now