62 - Rafael

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Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagens. Deixe sua mensagem após o sinal. Desligo a chamada. Era a vigésima sexta vez que eu estava tentando ligar para Alice. Taco meu celular no chão. Pena... Me arrependi de tê-la acusado disso segundos depois, mas o estrago já estava feito.

- E aí, algum sinal de vida? - Pergunta Gabriel, ao adentrar meu quarto. Eu já havia dito para ele tudo o que tinha acontecido.

- Não.

- Já tentou ir na casa dela?

- Ela não está lá. Foi viajar.

- Caramba! Calma rafa, a gente vai dar um jeito nisso.

- Não, não vai. Eu perdi a mulher da minha vida, Gabriel. Não tem como dar um jeito nisso.

- Espera. Você o que? - Gabriel pergunta confuso. Eu ainda não tinha dito a ele que eu e Alice estávamos num relacionamento além da amizade.

- Pois é, isso mesmo que você entendeu... Eu pego uma das únicas pessoas que se importa verdadeiramente comigo e falo que ela tem pena de mim. Acho que eu mereci toda essa situação...

- Espera aí, vocês estavam namorando?

- Quase isso. O ponto é que ela transformou minha vida, e fez tudo ser diferente. Aí eu fui lá e estraguei tudo. - Só após proferir essas palavras começo a ter noção de quem eu realmente perdi. Não que não estivesse doendo antes, mas a dor agora era maior, como se alguém estivesse abrindo meu peito a sangue frio. Sem anestesia nem nada. Começo a sentir as lágrimas querendo cair. - Acho que eu preciso de um tempo sozinho.

- Tudo bem. Mas você sabe que ainda não a perdeu por completo né?

- Como não? Ela está indo pra Espanha e só volta no domingo. Aposto que quando as aulas começarem ela não vai nem falar comigo, e você sabe muito bem que ela poderia passar por mim e nem falar comigo que eu não iria saber. - Minto ao dizer essa última parte. Reconheceria o cheiro de Alice a quilômetros de distância, porém seria bem menos doloroso se eu não soubesse que ela estava por perto.

- Rafa, ela só não está te atendendo, mas ela não bloqueou seu número. - Às vezes eu achava incrível a minha incapacidade de não pensar em coisas óbvias como essas.

- Tá, e o que eu faço com isso? Espero ela me bloquear para aí saber que é para valer? - Pergunto ironicamente.

- Não. Eu tenho uma ideia bem melhor que essa...

O que as cores sentemWhere stories live. Discover now