be brave *.✧ reddie

0.8

— Rich? — a voz de Beverly saiu em um sussurro quando ela abriu a porta.

      Richie não respondeu. Com a cabeça baixa, ele entrou no apartamento, ouvindo a porta se fechar atrás de si. As mãos de Bev se aconchegaram em seus ombros, o fazendo suspirar levemente. Ela o guiou até o sofá, onde Ben, que tinha seu olhar voltado para o notebook, o fechou para os dar atenção.

— Está tudo bem? — Ele questionou, com a voz baixa.

    Não houve resposta. Bev começou a mover suas mãos, fazendo um leve carinho em seus ombros.  Quando Richie ergueu o olhar, Ben pôde ver os primeiros resquícios de lágrimas em seus olhos.

    Beverly se sentou no sofá, cuidadosamente guiando Richie para o seu lado.

— Querido… você pode falar com a gente. Tome seu tempo, tudo bem? — Ela murmurou, acariciando o rosto dele.

— Eu- — Ele começou a falar, com a voz rouca pelo desuso, mas enquanto ainda pensava em como terminar, um soluço irrompeu de sua garganta. Ben se aproximou mais, cautelosamente colocando uma mão nas costas de Richie.

      Quando não pôde mais segurar as lágrimas, Richie se inclinou para Bev, escondendo o rosto na curva de seu pescoço e deixando os braços caírem ao lado do corpo. Ela não hesitou em o envolver em um abraço, trocando um olhar desesperado com Ben. Ele suspirou com pesar, também passando os braços grandes ao redor do corpo de Richie, o apertando com carinho.

— Ele- hoje é o aniversário dele. — Richie murmurou, com a voz quebrada. — Desculpa, eu só não queria ficar… Eu não queira ficar sozinho… de novo. — Ele disse a última parte em um tom quase inaudível.

— Tá tudo bem, querido. — Bev murmurou, com a voz um pouco embargada.

—Você não está sozinho, Rich. Nunca vai estar. — Ben completou, falando da maneira mais doce que pôde. Ele fechou os olhos, apertando mais o corpo de Richie contra si e deitando a cabeça em seu ombro. — Nós te amamos.

       Quando Richie ergueu novamente a face, com os óculos tortos e os olhos vermelhos, Beverly pegou seu rosto entre as mãos, sorrindo ternamente e beijando sua testa levemente. Ben estendeu a mão, juntando-a com a de Richie e fazendo carinhos circulares em seu pulso com o polegar.

— Eu não queira…

— Shii. — Bev o interrompeu, ainda com os lábios pressionados em sua testa. Ben libertou Richie do abraço, sem soltar sua mão, e se levantou.

— Já está tarde. — Antes que Richie pudesse começar mais um pedido de desculpas, Ben levantou a mão livre, sinalizando para que ele não falasse. — Não temos mais 20 anos, Richie. Não podemos dormir no sofá.

    Beverly sorriu para o olhar confuso do amigo, e se levantou também.

— Vem, Rich. Vamos dormir.

  Na amanhã seguinte, quando Richie acordou – preso em um emaranhado de pernas e braços de Ben e Bev – ele percebeu que, mesmo com os três apertados em uma única cama, aquela foi a melhor noite de sono que Richie teve em meses.