Quiet Words (Parte 1)

8.4K 634 912
                                    

Seus geniaaais! Shegay aqui com mais um capítulo DUPLO. Particularmente eu adorei escrever eles. Obrigada pelos 25k de views que alcançamos together ♥ Amo vcs!
○ Se você ainda não viu, eu fiz uma Oneshot que tá "de cair o cu da bunda" segundo quem já leu, é só ir no meu perfil, se chama Rewrite History.

Temos uma música pra esse capitulo que vocês já sabem que tá na playlist da fic no meu perfil e eu indico quando é pra dar play:

-> The Words That You Say - Harrison Storm

-------------------------

O que são as palavras além de um conjunto de sons de manifestação verbal ou escrita para expressar ideias? Perde-se a conta de quantas vezes são utilizadas como subterfúgios para aquilo que se quer esconder. Como conseguem tanto com mínima simplicidade de escape ao vento? Como salvam? Como libertam tanto com sua própria liberdade?

Por outro ângulo, tem-se seu cárcere, as famosas não ditas. Vagantes de gargantas travadas e corpos trêmulos, órgãos contorcidos e línguas detidas. Alojam-se debaixo da pele, borbulham internas reivindicando a fuga. Como são capazes de esconder-se em um gesto, quiçá em outras palavras?

E por fim, timbrando o desfecho de seu influente espetáculo, as mais poderosas: as que saem sem sair. São gritaria infinita sem emitir um único ruído, são as que logram a proeza de se fazerem presentes na própria ausência, que moram em um carinho, em um sorriso, em um abraço.

Baseando-se nelas, quantas confissões Lauren não já havia feito? E quantas delas Camila não teria fincado em um fluxo contínuo detento de sua derme?

Havia entre elas um rio de palavras pronunciadas, mas também um oceano de ocultação. Um suspiro e elas estavam lá, voando, invisíveis e inaudíveis pelo vento. Às vezes o que importava não era as propriamente ditas, mas os mundos de palavras mudas que cabiam em seus olhares.

Julho de 2014

O avanço do calendário era inversamente proporcional à como ela lidava com as novas sensações tão disformes. Seu cotidiano em nada havia mudado, mas os detalhes de enfrentamento aos quais era submetida dia a dia com Lauren, estavam causando-lhe desconfortos prazerosamente inevitáveis.

As semanas haviam passado entre aulas e alguns programas caseiros com as meninas, principalmente com Lauren, que havia jantado em sua casa várias vezes em todas aquelas noites. Era incrível como sua relação havia se estreitado, Lauren era... Diferente. O único momento que a incomodava era quando Brad estava por perto, nada a descia, tomava-o por desnecessário em 100% do tempo. E isso era apenas com ele, só não gostava mesmo.

Como uma incógnita, o desenho a sua frente, colado em seu teto era um espelho de tudo que ignorava em seus pensamentos mas reconhecia estar sentindo na pele desde a tarde na qual estiveram juntas no terraço há pouco menos de um mês. Aquele momento fundido às novas tão encobertas sensações, forçava serem de uma sutileza ignorável inexistente.

Um sorriso surgiu em seus lábios percebendo que o traçado em nanquim não delineava perfeitamente aquele rosto quase angelical dormindo, jamais o faria, os traços faciais da culpada por suas privações e devaneios recentes nunca poderiam ser postos perfeitamente em papel. Era quase infame sua tentativa de retratá-los.

As lembranças do dia em que a desenhou dormindo, do dia em que aquela garota louca quase morreu afogada, vieram à sua confusa cabeça mais uma vez. Os sentimentos daquela noite pareciam os mesmos, com pitadas de desconhecimento e estranhamento um pouco mais abrangentes, apenas. Nada havia mudado, apenas se estendido. Mas não os havia notado anteriormente ou, como ela fazia agora, talvez só os tivesse ignorado novamente.

Change Of Time (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora