Capítulo 12 (REVISADO)

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Paloma

Acordo cedo com meu despertador berrando, me lembrando que tenho mais um longo dia de trabalho pela frente. Pois mesmo depois da pior noite da minha vida, infelizmente eu tenho que agir como se nada tivesse acontecido. Levanto da cama, pego minha toalha e sigo para o banheiro.

Me esfrego com tanta força que chega machuca minha pele. Só queria amenizar essa sensação de estar suja. Saio do banho e vou me arrumar. Coloco a blusa da empresa, uma calça jeans e meu tênis. Passo maquiagem nos roxos que tinha em meu pescoço e um reboco na cara para disfarçar a cara de acabada. Do meu quarto sigo para a cozinha com minha bolsa do trabalho em mãos.

- Bom dia para avó mais linda desse mundo - digo tentando mostrar o máximo de entusiasmo possível.

- Bom dia, minha filha, está tudo bem?

Quando minha avó me perguntou isso, minha vontade foi de desabar ali.
Deitar a cabeça no colo dela e colocar tudo para fora, deixar a cachoeira de lágrimas escorrer, e esperar pelas palavras dela dizendo que tudo ia ficar bem, ou que me ama muito, qualquer coisa que amenizasse a dor que eu estava sentido. Porém, novamente fingi, coloquei meu melhor sorriso no rosto.

- Estou ótima, vózinha. E a, senhora?- Falo dando um sorriso.

Ficamos conversando por mais alguns minutos até eu terminar de tomar meu café, e seguir meu caminho pelo morro.

Mandei mensagem para minha cacheada favorita, marcando de tomar um açaí após o serviço.
Não gostava de andar pelo morro, mas nesse calor do Rio de Janeiro impossível não tomar algo refrescante, né?! Fora que precisava me distrair e ninguém melhor que a Brenda para isso. Esperei a reposta dela confirmando e desci toda contente, amo demais minha melhor amiga.

As horas hoje passaram voando e eu não via a hora de dar cinco da tarde logo para ir embora. Quando deu cinco horas quase gritei de alegria. Jefferson meu gerente anda muito no meu pé e para não perder o emprego escuto calada. Mas já estava me torrando a paciência.

Mando mensagem para Brenda me encontrar na entrada do morro e sigo para o ponto de ônibus.
Como eu trabalho no asfalto dá o tempo certinho, da Brenda se arrumar e eu chegar, já que o ônibus demora um século para passar. Chego na entrada do morro, e vou subindo devagar, até que acabo esbarrando em alguém.

- Ai... Cuidado! - digo assim que sinto um esbarrão.

- Desculpa! - pede sem nem olhar para mim, mas do nada ele me mede dos pés a cabeça e parecia que tinha travado.

- Tira uma foto que dura mais -  torno a dizer, só que vermelha e num tom brincalhona.

- Desculpa, princesa, é que eu vim visitar minha avó, e desci o morro correndo. Nem vi você, mas eu te machuquei? - pergunta parecendo preocupado.

Começo a reparar nele, e poxa, com certeza seria o homem dos meus sonhos.
Ele era um moreno, não muito alto, magrinho e tinha os cabelos escuros e lisos, seus olhos cor mel. Poxa, estava apaixonadinha ali, certeza. Mas os olhos dele não me eram estranho, eu podia jurar que já vi em algum lugar...

- Não me machucou. É... Como é seu nome? - pergunto curiosa. 

- Que cabeça a  minha! Fiquei admirando sua beleza e esqueci de me apresentar. Prazer Gustavo, mas pode me chamar de Guto - solta um sorriso.

Meu Deus, que sorriso lindo.

- Prazer, Guto!Meu nome é Paloma - me apresento sorrindo gentil também.

Após mais algumas palavras trocadas, Guto pede meu número e eu passo.
E por incrível que pareça ele me pediu um beijo. Eu ia dizer não, mas ele estava tão perto, que quando nossas bocas estavam quase juntas, escuto a voz da última pessoa que queria ouvir no mundo.

- Ora, ora, atrapalho em algo? - pergunta em um tom de deboche, saindo do carro.

Pelos seus olhos vejo as chamas do ódio.

- Pô, cara, atrapalhou sim. Tava tentando encatar a gata e você chega assim?! - diz rindo.

Tenho certeza que o Guto não sabia que estava falando com o dono do morro.
E pelo seu tom de voz percebi que para ele aquilo estava sendo uma brincadeira.

- Então ela é gata? - gargalha.

Nunca fiquei com tanto medo de uma resposta igual agora, DG não parava de esfrega os punhos, seu rosto chega estava vermelho, diria que pegando em chamas e sei que isso sobraria para mim.

- É sim, meu parceiro.

E para foder com tudo, ele coloca seu braço em volta da minha cintura. Quando dei por mim, DG tinha dado dois socos certeiros na cara do Guto, fazendo o mesmo cair no chão.

- ENTRA AGORA DENTRO DA  PORRA DAQUELE CARRO, PALOMA. VOU ENSINAR ESSE PAU NO CÚ A NÃO TOCAR NO QUE É MEU, E NÃO LEVAR UMA COM CARA DE BANDIDO.  AINDA MAIS EU O DONO DA PORRA TODA E VAI SE PREPARANDO QUE A PRÓXIMA É VOCÊ! - grita em pura fúria.

Faço o que ele me manda, e começo a horar enquanto  escuto os gritos de Guto. O garoto não tinha mais forças, eu simplesmente estava chorando dali. Maldito ele é um maldito! Isso tudo para não ferir essa porra de ego?

Peguei meu celular e vi várias mensagens da Brenda, dizendo que não tinha dado para ela ir, que me explicava depois. Agradeci mentalmente por isso, seria tudo pior com ela aqui. Após um tempo, vi que chegaram uns vapores e ouvi o DG falar em descobrir aonde o Guto morava e abandonar ele na porta da casa dele.
E deixar o aviso para ele, que se pisasse no morro de novo, saia de lá apenas o corpo.

DG entra com fúria no carro e acelera como um louco, observo ele apertando o volante com força. Não conhecia esse caminho que ele estava fazendo, então era certeza que não era para o beco que ele estava me levando, já que estava subindo reto. Mil cenas passavam na minha cabeça, imagina se ele fosse me matar?! Deus tenha misericórdia!!

Minutos depois, vejo um muro azul, e em volta muitos homens armados.
DG apenas buzina e os homens dão passagem, por que ele me trouxe aqui?

Saio do meu transe assim que sinto meu corpo sendo arrancado do banco, e jogado no chão.

- O que eu disse, porra? Você quer me tirar é? Vamos ver se aguenta marra com bandido então!

Não consegui nem raciocinar suas falas e a sessão de tortura começou. DG desferia tapas, chutes e principalmente socos pelo meu corpo. Ele não dizia literalmente nada, nem uma palavra, apenas me batia. Na verdade me espancava.
Não tinha mais forças para pedir que parasse. Até que senti o impacto da minha cabeça indo em contato com a parede.

Antes de me entregar de vez para a dor que eu sentia e fechar meus olhos, ouvi a seguinte frase:

- A partir de hoje você mora aqui. E na sua casa você só vai ir pegar suas coisas, só sai daqui quando eu disser, e ai de você se me desobedecer. 

Seu tom é firme e duro.
 
Não, não aguentaria isso!

Não consegui nem responder, apenas me entreguei para toda a dor que percorria o meu corpo, apagando.


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Perdida no Dono do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora