8

4.5K 245 23
                                    

- Viu a Brunna? - Perguntei para uma garota que estudava comigo. Eu não lembrava seu nome, mas não importa.

- LUD! - Percebi Brunna pulando sobre mim. A garota na minha frente riu e saiu, logo encarei Brunna por cima dos ombros.

- GONÇALVES! ONDE VOCÊ ESTAVA, MOÇA? - Brunna riu e se ajeitou, parando na minha frente.

- Eu fui buscar bebida. - Levantou um copinho pequeno e cerrei os olhos em sua direção. - Quer virar?

- O que é isso?

- Descobre! - Revirei os olhos e peguei o copo de sua mão, tomando o líquido em apenas um gole, e quase cuspindo em seguida.

- TEQUILA?! - Brunna gargalhou e segurou meu braço. A música alta maltratava meus tímpanos, mesmo estando fora da casa.

Ela me guiou até o cômodo lotado -onde ficava um DJ da sala espaçosa,- e logo paramos em um barzinho. Não queria ser chata, então não parei ela quando Brunna virou dois shots seguidos de tequila. Ela riu e me fez virar dois também, mas eu realmente parei ali.

- EU AMO ESSA MÚSICA! - Exclamou, já me puxando para a pista. Ri de sua dança e logo tentei a imitar, só que devo ter sido mais ridícula do que já sou.

Não sei de onde, mas os copos pareciam brotar em sua mão. Ela me ofereceu o que parecia ser cerveja e eu aceitei, mal imaginando que teria vodka ali. Fui obrigada a virar, já que para Vanessa, eu parecia uma velha de 80 anos e sem graça.

Vi Cacau se aproximar e lhe sorri, assoviando para seu visual realmente ousado. Ela revirou os olhos e nos cumprimentou.

- LUD!

- O QUE?!

- QUE BUNDA SENSACIONAL! - Cacau exclamou, me fazendo rir baixo e corar. Brunna gargalhou e escorou o cotovelo no meu ombro.

- Verdade. - Disse simplesmente. A encarei por alguns segundos e Brunna deu de ombros, voltando dançar sozinha dessa vez.

- E então. Vocês vão se pegar? - Cacau perguntou. Neguei rapidamente, logo roubei seu copo e virei.

- Nossa, Ludmilla. Você tá mais lenta que seus raciocínios.

- Ahn? Não entendi.

- Apois. Olha, eu preciso falar com o Renatinho. Viu ele?

- Você. Tá. Mara. Maravilha. - Brunna disse, brotando e abraçando o pescoço de Cacau. Acabei rindo muito alto. Ela estava completamente bêbada. - Tem namorado? Ou namorada? - Perguntou, levantando as sobrancelhas sugestivamente. Cacau gargalhou.

- Eu tenho alguém. Você podia tentar com a Ludmilla, não é? Ela vai morrer sozinha de qualquer jeito, acho que ninguém se importaria. - Brunna riu e negou.

- É mas ela é linda, não vai morrer sozinha não. - Brunna exclamou.

Soltou o pescoço de Cacau e parou na minha frente. Ela me roubou um selinho e riu.

- Gostosa! - Logo saiu. Arregalei meus olhos em direção a Cacau e ela apenas gargalhava.

- Ela está muito bêbada, Lud! Você deixou ela ficar assim!

- Eu não sou chata tipo você, ridícula. - Cacau revirou os olhos e cruzou os braços, me fazendo sentir medo apenas com um olhar.

- Navalha navalhinha eu vou cortar sua cara todinha. - Gargalhei e Cacau deu de ombros, jogando o cabelo e saindo da minha frente.

- Luuuuud, ela já foi? Podemos se pegar agora? - Brunna perguntou, aparecendo na minha frente. Ri e neguei.

- Eu não vou fazer isso com você, Brunna. A gente pode se divertir sem isso, okay?! - Ela sorriu e assentiu, me puxando para dançar outra vez.

Incrível como Brunna conseguia ter um bom senso de direção para dançar, mesmo estando bêbada.

Suas mãos ao céu enquanto a outra se preocupava em não deixar o líquido do copo cair. Ri quando ela segurou minha mão e girou, logo se aproximou e começamos a dançar.

Era algo completamente inocente, até eu perceber onde sua bunda tocava e rebolava, mesmo sem intenção. Sua mão segurava a minha e as vezes ela se afastava, mas sempre voltava me fazendo ser estúpida por ter alguns pensamentos dela fazendo aquilo...

Jesus, Ludmilla. Não pense uma coisa dessas.

Tarde de mais.

Brunna encaixou a coxa entre a minha e acabei me deixando levar pela música, enquanto ela ria e equilibrava o copo. Engoli em seco e tentei disfarçar, sorrindo e me afastando um pouco.

Jesus, o que foi isso?

Mas outra vez, ela ficou de costas, me levando na dança.

[...]

- COM LICENÇA! - Falei, assim que invadi o banheiro e tirei o casal que quase se comiam.

- Hey! - O garoto reclamou.

- Desculpa! Vocês são tops, não parem por minha culpa! - Respondi, fechando a porta e trancando.

Olhei para meu reflexo no espelho e respirei fundo, descendo um pouco o olhar.

Meu Deus, Ludsconda. Virou pedra, Medusa?

Eu não poderia jogar água no rosto, estava usando delineador e infelizmente ficaria tudo manchado... então eu teria que lidar com isso.

AI PAPAI EU NÃO CONSIGO!

NÃO! Não vou bater punheta. Eu mal jogo lol pra isso...

Nem o mamilo do Kanye West me fazia broxar, Jesus.

Brunna virou stripper? Agora é aquela fanfic da stripper, só pode.

Jesus. Beyoncé minha salvadora.

O que eu faço?

Fiz uma concha com a mão direita e peguei água, cuidando pra não molhar minha roupa, e apenas passando minha mão nuca. Fiz mais duas ou três vezes e finalmente olhei para baixo, percebendo que minha situação estava voltando ao normal.

Respirei fundo e sentei no vaso - com tampa fechada, é claro -, esperando que tudo isso passasse mais um pouco, para só então sair do banheiro.

- Lud! - Vi Renatinho na escada da casa. Ele levantou a chave do próprio carro e sorriu malicioso.

- Espero que não esteja bêbada o suficiente para não poder dirigir, pois vou para casa com alguém.

EU TERIA QUE FICAR SOZINHA COM UMA VANESSA BÊBADA NA PORRA DE UM CARRO?

Nossa... quero muito.

Sorri largo para meu amigo e peguei a chave.

- Não se preocupe, eu estou sóbria o suficiente.

[...]

Enquanto eu procurava por Brunna na pista, cogitei lhe deixar me beijar... bom, a única coisa que eu não queria, era que o que tínhamos mudasse... e eu também não queria que ela fizesse isso por se sentir obrigada, então lá eu mudava minha opinião sobre ela outra vez. Ficaríamos em um carro sozinhas, ela estaria bêbada, mas eu não faria nada. Estaríamos as duas felizes por isso.

[...]

Após sairmos da casa lotada e até passarmos em uma lanchonete para comer algo, eu finalmente estacionei onde era a casa da Brunna. Ela sorriu e deixou um beijo na minha bochecha, logo saiu do veículo.

- Obrigada por isso, Lud. - Falou, se escorando na janela do motorista.

- Você está bem? Consegue entrar na sua própria casa sem derrubar nada? - Brunna sorriu e assentiu, logo ficou em pé, acenando e dando a volta. Ela parou para tirar o salto, o que me fez rir, mas outra vez, apenas saí da frente de sua casa quando a vi fechar a porta, assim sorrindo para mim antes.

-

WISHES- BRUMILLA (Intersexual)Where stories live. Discover now