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Entrei no quarto já corando. Simplesmente não sabia como olhar no rosto de Brunna. Eu estava tão constrangida, quanto envergonhada e feliz.

Para minha maior felicidade, ela ainda não havia saído do banho, e eu poderia simplesmente não tocar no assunto. Tentar disfarçar é o que, na verdade, seria mais difícil. Peguei o controle de sua TV, e outra vez mexi em toda sua conta da Netflix, pegando um salgadinho e abrindo logo em seguida.

Brunna não demorou para sair do banheiro, já vestida com um short curto assim como o meu e uma regata grande, diferente da minha camisa.

Seria muita tara da minha parte logo perceber que ela não usava sutiã?

- Você começou a comer sem mim! - Ela falou. Agradeci internamente por não precisar fazer isso. Eu era péssima em puxar assuntos, talvez questionar o preço da gasolina era o mais longe que eu conseguiria ir naquele momento. Sorri e estendi o pacote em sua direção.

- Eu só comi um pouquinho! Preciso manter minha bunda na dieta. - Brunna riu e sentou ao meu lado, me fazendo dividir mais a cama. Eu amava me jogar, melhor dizendo; ocupar espaço, então quase deixei minha perna acima da sua. Desisti quando achei que seria estranho, mas sério, mana, sou Ludmilla Oliveira, não importa.

Atirei minhas pernas por cima das delas e deitei, me esparramando de qualquer jeito naquela cama. Brunna riu, então eu roubei sua comida, logo levando um tapa.

- Hey! Direitos iguais!

- Mantenha sua bunda que eu mantenho minhas coxas. - Mostrou língua e acabei rindo, desistindo de tentar pegar sua comida. - E se fôssemos julgar direitos iguais, eu te jogaria no chão agora mesmo. Olha meu espaço e olha o seu?! - Gargalhei de sua feição irritada e outra vez levei minha mão até o pacote de Doritos, dessa vez conseguindo pegar um monte, enquanto ela se distraia com a TV.

Brunna percebeu o barulho, então me olhou incrédula. Gargalhei enquanto levava um salgadinho até minha boca, e então vi ela suspirar, logo negar com a cabeça.

- Infantil.

- Ah, Brunninha. Oh, eu divido isso com você se você dividir o seu comigo..- Estendi o braço, segurando um Doritos perto dos seus lábios.

Brunna sorriu e aceitou, pegando o salgado da minha mão com os lábios, e logo rindo.

- Idiota.

- Me chamou de gostosa, aquele dia na festa.

- Eu estava bêbada, Ludmilla. Não deveria levar tão a sério. - Levei a mão até meu peito e separei meus lábios, fazendo ela rir com minha cara de indignação. Ela parou de rir e apenas sorriu-me, me fazendo revirar os olhos.

Então eu enfiei Doritos na sua boca, sendo a fofa que eu não sou. Brunna gargalhava, enquanto eu fazia minha pose magoada e irritada, e no final acabei rindo junto.

- Dork. - Exclamei. Ela tampou os lábios e conseguiu comer todo o Doritos... será que ela consegue enfiar outra coisa na boca do mesmo jeito?

Santa Beyoncé. Ludmilla sua perversa.

Olhei para a TV e Brunna voltou a mexer no controle.

Logo abrimos uma latinha de refrigerante, dividindo entre nós e começando a assistir a tal série na TV.

[...]

Olhei no relógio ao lado da cama dela, e o mesmo avisava serem quatro e meia da manhã. Brunna estava quase dormindo do meu lado, e a terceira temporada da série recém começara a passar na tela da TV. Olhei a garota ao meu lado e sorri, ao que ela inclinava a cabeça um pouco para o lado, quase fechando os olhos.

Abracei seus ombros e trouxe sua cabeça para meu ombro, a fazendo me encarar.

- Você está cansada? Quer que eu saia para dormir? - Brunna assentiu e em seguida negou, me fazendo rir baixo. - O que quer dizer?

- Eu estou cansada, mas você pode ficar aqui. - Seus braços envolveram minha cintura.

- Vamos deitar, então. - Brunna riu e negou.

- Gostei assim.

- Folgada. - Ela riu outra vez.

Acabei conseguindo nos levar mais para baixo, deitando corretamente. Mas quem disse que ela me soltou? Quem disse que eu soltei ela também?

[...]

Abri os olhos com lentidão, não querendo sair de baixo das cobertas. Estava incrivelmente confortável, e só o fato de eu precisar levantar para fazer xixi, já fazia meu humor decair horrores. Eu poderia controlar, se fosse antes do ludssauro, mas agora nem tinha como.

Até parecia que eu estava excitada...

Respirei fundo outra vez, e então vi Brunna preguiçosamente abrir os olhos, mas voltar a fechá-los e sorrir fraco.

- Bom dia, Bru.. - Falei baixo.

- Bom...- Ela fitou meu queixo e arregalou os olhos. - Ludmilla! Meu Deus!

- Ah, o que foi dessa vez? Agora tem um pinto no meu queixo?! - Ela gargalhou e negou, tocando uma certa região, e me fazendo grunhir com a dor agonizante.

- Me desculpe...- Pediu.

- Você marcou?! Ai, droga! - Brunna gargalhou e eu rapidamente me levantei.

- Silvana vai ficar falando, falando, falando... Jesus Cristo, a mulher não vai me deixar em paz até eu dizer quem fez isso.

- Você pode contar, se quiser. Até poderia aproveitar e falar sobre...

- Contar?

- Ela é sua mãe, Lud. Merece saber disso... e ela vai te apoiar, com toda certeza. O mesmo digo sobre Cacau e Renatinho...- Assenti lentamente, tomando conta de que se eu contasse, talvez não precisaria mais passar tanto tempo com a Brunna.

- Eu realmente não quero fazer isso. - Respondi meu pensamento, ao mesmo tempo ela, que deu de ombros e ficou em pé.

- Você quem sabe. Ainda estou aqui, e acho melhor descer... meus pais já devem ter chego... sem falar que precisamos esconder essas marcas no seu pescoço...

- QUANTAS TEM?

- Não consigo contar apenas olhando... sério, desculpa.

- Jesus Cristo. Minha mãe com certeza vai me dar algemas que brilham e tocam hino dessa vez. - Ela gargalhou. - Okay. Eu preciso ir ao banheiro. - Puxei o lençol do meu corpo, e vi Brunna arregalar os olhos. Não disse nada, apenas ri e caminhei até o banheiro.

[...]

- Lud! - Brunna pediu, enquanto ria. O problema, é que as não tão poucas marquinhas que sua boca deixou ali, doíam quando ela passava a base para escondê- las. E eu me afastava, fazendo ela demorar mais ao me ajudar com aquilo. Brunna gargalhou ao que eu fiz uma careta, e me afastei outra vez.

- Eu vou te sujar de base, se você não parar de se afastar. - Falou outra vez, segurando o pincel que usava na frente do meu rosto. Revirei meus olhos e levantei minha cabeça, deixando ela voltar a tentar esconder as marcas do meu pescoço.

- Você vai demorar? Porque..- Parei de falar exatamente nessa hora. Eu havia abaixado meu rosto, e o seu estava muito perto do meu. Perto de mais. Parecemos nos perder uma na outra por breves segundos, mas me concentrei em quebrar nosso olhar, quando a vi piscar diversas vezes.

- Deixa a cabeça levantada. - Pediu simplesmente. Assenti e não tentei outra vez. Apenas me deixei sentir os choques de dores que o pincel me causava, ao bater pelos lugares mais sensíveis.

-

WISHES- BRUMILLA (Intersexual)Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz