Capítulo 71 - Atingidos

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Sabrina

  Meu corpo todo dói por ficar nessa posição ruim. Wagner se aproxima de mim novamente.

Me abraça pelo ombro.

- Já pensou? - diz passando a mão entre as minhas pernas, em minha intimidade, por cima da calça jeans.

Choro, tento fechar as minhas pernas o máximo que eu posso, me sinto invadida e humilhada.

- Sai de cima de mim.

Ele apenas gargalha. Até a voz desse homem é irritante.

- Socorro! - grito na esperança de quem sabe Billy possa fazer algo por mim.

Ele aperta o meu queixo.

- Cala sua boquinha se não eu calo.

- Socorro! - Grito novamente aos prantos.

Billy aparece.

- Solte a moça! - ordena apontando a arma para o bandido.

Ele põe as mãos pra cima.

- Que isso cara! - Ri. - Somos amigos! Vai me ameaçar por causa dessa puta?

- Não somos estupradores e se você for um não podemos trabalhar juntos.

Ele o fuzila com os olhos.

-  Você olha para essa carinha dela e fica com pena, fique sabendo que é a maior vadia e se acha superior ainda por cima, tá liberado para fazermos o que quiser! Palavras da chefia.

- Esse chefe de vocês pensa que me conhece, eu não tenho proximidade com nenhum bandido. - Cuspo as palavras e pelo olhar dos dois percebo que estou complicando a minha situação.

Wagner ri.

- Não disse? É a maior vadia.

- Deixe ela em paz. - Billy responde ainda apontando a arma. - Vamos fazer apenas o necessário, nada mais do que isso.

Suspiro aliviada quando o verme se afasta, mas seu olhar de ódio me assusta.

- Vim avisar que a carta foi entregue. - Billy diz e eu choro.

A essa hora Anthony deve estar chorando pela minha morte, mas é como se eu já estivesse morta mesmo.

- Obrigada, pelo menos pude me despedir. - digo e ele me olha, diria até que com pena remorso não sei explicar. - Quantas pessoas morrem e não tem nem mesmo a chance de se despedir não é mesmo?

Ele suspira.

- Sim, muitas. Eu li a sua carta e acho que nunca mais vou esquecer as suas palavras. Me perdoe pelo que irei fazer, tenho certeza que pra me punir, Wagner sugira ao chefe que eu atire, não será a primeira vez que ele faz isso, mesmo ele amando matar.

- Eu te perdôo, se continuar impedindo que seu amigo encoste em mim.

- Eu o mato, mas não deixarei que encoste em você.

Anthony

Abro o Armário Cofre para armas, que era do meu pai. Nunca usei nenhuma delas, mas já pratiquei tiro ao alvo, tenho uma boa pontaria.

- Eu também quero uma. - Adam diz.

Eu entrego uma para ele e pego uma para mim, ambas 38. Confirimos para ver se estão carregadas.

Fecho o armário.

- Porque você acredita que não devemos chamar a polícia? - Questiono enquanto corremos na direção do carro.

- A polícia daqui costuma fazer vista grossa para os bandidos e eu não duvido que colocariam a vida dela em risco para salvar a deles. Já morreram dezenas de políciais nessa cidade. E os Xerifes não costumam ficar nem um ano em seus cargos.  - Ele diz ofegante. - A maior autoridade dessa cidade não é John McKagan e sim William Neil.

Entramos no seu carro e ele saí em  alta velocidade.

- Se William está envolvido nisso, eu nunca irei me perdoar, fiz um acordo com o próprio diabo.

- Não temos certeza do envolvimento dele, ou se é apenas traficantes revoltados com a Sabrina, pelo o artigo. Fiquei sabendo que William está viajando.

- Pode não ser por ordens dele, mas esses marginais trabalham para ele. Depois de tudo isso eu vou levar as provas que tenho e fazer a denúncia para o FBI.

- Acredite em mim, ser preso não dará um jeito em William Neil. Com o dinheiro que esse homem tem, uma fortuna gigantesca, ele compra qualquer agente que mandará matar você ou aqueles que ama. Entrar no caminho dele e foder com a própria vida.

- Se por culpa dele Sabrina estiver morta, eu não terei nada a perder.

Tento não pensar no pior, quero pensar que ela ainda está viva e que temos tempo.

Ao chegar no galpão dou um tiro na tranca do portão.

- Boa mira Trevor, mas podia ter me avisado antes, vamos entrar sem termos um plano.

- Não temos tempo a perder.

Entramos e escutamos dois tiros.

- Querem nos amedrontar. - digo.

Somos recebidos por dois marginais que apontam suas armas para nós.

Sabrina

Escutamos um forte estrondo, parece um tiro.

Billy aponta sua arma pra mim.

- Me perdoe. - Ele pede pela segunda vez hoje, só que dessa vez está pronto para me matar.

- Já disse que te perdoo. - Digo com os olhos cheios de lágrimas.

Lá se vai a minha chance de sobreviver a isso, mas quem sabe o perdoando, mesmo ele tirando a minha vida, ele não repense o seus atos e mude.

- Droga, eu não consigo! Eu tenho que ir ajudá-los. Vieram te resgatar.

Escutamos mais dois tiros.

- Billy se esconda ou fuja, não direi a ninguém que está aqui, claro se prometer não tentar me matar de novo.

Ele assente.

- Não tentarei, eu prometo. Mas antes deixe eu te desamarrar. - Ele diz cortando as cordas que prendem as minhas mãos com uma faca afiada, repete o mesmo gesto nos pés.

- Mude de vida, ainda dá tempo.

- Eu serei mais seletivo na hora de matar alguém. - Ele diz e ri.

- Isso não tem graça.

- Adeus, Sabrina.

- Adeus, Billy.

Ele se afasta e levanta uma madeira do chão, entra em um buraco, imagino ser um túnel.

   Ouço quatro tiros, corro a caminho da entrada do galpão.
  Vejo os dois bandidos no chão e Anthony e Adam atingidos.

Irmãos TrevorOnde histórias criam vida. Descubra agora