(quarenta e quatro) vitrine de doces

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Aurora

- O que vai pedir?

- O que você sugere?- Corro os olhos pelas dezenas de opção e  fecho o cardápio.

Uma mulher com o cabelo perfeitamente preso em um rabo de cavalo se aproxima, seu corpo fica totalmente emoldurado pelo uniforme como se tivesse sido feito por medida.

- Boa tarde, oque gostariam de pedir ?

- Dois filés por gentileza.- Adam sorri. Eu sei que isso é normal, mas da forma que ele faz revira meu estômago.

Esse sorriso é meu.

- Algo para beber senhor ?

- Rivetto Barolo Leon Riserva.- Ela acena com a cabeça e se afasta. - Tudo bem ?

- Hurum.

- O que foi ? Porque ficou assim?

- Nada, só estou com fome.

Que merda estou pensando, estou com ciúmes de uma pessoa que ele nem conhece. Paranóia. Afasto os pensamentos e volto a minha atenção para o momento.

Retiro um dos saltos com cuidado por debaixo da mesa. Subo o pé lentamente entre suas pernas.

- Aqui não, tem muita gente. - Ele ainda folheia o menu. Me sento na ponta da cadeira ficando o mais próximos possível. - Aurora, não. - Me olha por cima do cardápio.

Continuo meu caminho, ele fecha as pernas prendendo meu pé.

- Nossa Adam, eu não posso fazer nada.- Faço manha emburrando a cara o máximo possível.

A mulher volta  com duas taças em uma bandeija e uma garrafa em um balde de gelo, ela retira a rolha e nos serve. Meu telefone vibra no bolso.

- Oi !

- Ele está no hospital. - Bea fala rapidamente.

- Sério?! Por que?

- Parece que ele brigou com alguém, e foi feia a briga. Ele vai ficar três dias de observação... - Encerro a ligação antes que ela termine a frase.

- Foi você? - O encaro séria.

- Eu oque?

- O Matheu está no hospital. Foi você?

- Isso faz diferença?

- Me responde. - Perco a paciência aumentando o tom de voz.- Adam, me fala que você não brigou com ele.

- Ele apareceu no estacionamento do meu trabalho e começou a gritar...

- Que porra Adam... Merda eu te pedi pra não machucar ele.

- Porque você está do lado dele ?

- Eu não estou.

- Está sim, eu disse que iria bater nele. Poxa o cara aparece gritando no meu trabalho. Não foi eu que fui atrás dele.

A garçonete trás nossos pratos dando uma pausa na discussão. Cruzo os braços fechando a cara.

- Quero ir pra casa.

- Você tem que comer. - Diz calmo.

- Perdi a fome.- minto.

- Você está sendo infatil.

- Eu ?! Sério ?! Você não consegue se controlar.

- Então somos dois porque não era eu que estava tentando te masturbar com o pé.- Sinto vergonha, abro a boca algumas vezes mas as palavras não saem. - Desculpa não queria te ofender.

- A claro eu percebi ,foi um puta elogio. - O sarcasmo escorre por meus lábios.

- Porra Aurora você realmente quer brigar por causa daquele cara ?!

- Por que você não me contou?

- Eu não queria estragar o dia...

- Não funcionou muito bem né?! - Levanto a sobracenlha . Ele balança a cabeça negativamente.

- Olha se realmente quer voltar pra casa eu te levo mas você tem de comer um pouco. - Sua voz é rígida. - Por favor

Não consigo sustentar minha greve de fome por muito tempo, meu estômago ronca me denunciando.

O sabor  é ótimo, teria me arrependido de não comer.

- Quer mais alguma coisa? - Pergunta quebrando o silêncio que se estendeu  durante o almoço.

- Não. - Digo olhando pra vitrine de doces próxima a recepção.

- Tem certeza? - Adam sorri.

- Absoluta.- Ele estende a mão em segundos a a garçonete volta pra fechar a conta.

- Então vamos ?! - Me levanto ajeitando a roupa.

Caminho em direção a porta, ele me puxa pelo braço.

- Qual ? - Me para enfrente a vitrine.

- Nenhum.

- Você mente muito mal mocinha... Um desse por gentileza. - Diz ao rapaz no balcão apontando justamente para o que eu queria.

Me entrega a sacolinha de papel com o doce dentro.

- Ainda tô com raiva. - Ele da de ombros .

Entramos no carro e  o silêncio se instalou novamente. 

- Eu não estou do lado dele. - Digo assim que ele estaciona.- Mas ele está no hospital...

- Tudo bem eu entendo.

- Poderia ser você. Ele poderia ter te machucado, não quero que você vá para o hospital. - Adam me dá um selinho.

- Eu estou bem, não vou a lugar nenhum se você quiser. - Ficamos calados por alguns minutos. - Eu tenho que te entregar uma coisa, eu ia te dar mais cedo mas você ficou nervosa e tal ...

- O que é? 

Desejos  proibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora