O Lago dos Elefantes

O Encontro

Swakopmund. - Que cidadezinha de nome estranho! – pensou Carol - Era a segunda cidade mais populosa daquele país. 42 mil habitantes! – Quase a população do meu bairro – pensou. Angalia deixou sua cliente no hotel e combinou o horário de buscá-la na manhã seguinte. Seis e meia da manhã para chegarem às 8:00 em Gobabeb, que era o lugar aonde a Sassy tinha uma das unidades de produção de cosméticos.

Eram quase quatro horas da tarde. O hotel que a secretária havia reservado era bem agradável com poucos quartos, no máximo dez. Era um estilo de hotel boutique, com acabamento de primeira linha. Lucia, que dava assistência ao departamento de Carol, sabia que ela não gostava de se hospedar em grandes cadeias de hotéis, não que Swakopmund comportasse uma série deles. Mas em suas viagens, a preferência para a estadia era sempre um lugar que se aproximasse da cultura local.

Uma vez acomodada em seu quarto, era hora de colocar a mão na massa. Escreveu à Frank, o seu chefe, informando que estava correndo tudo bem na viagem e que em breve lhe traria mais notícias detalhadas sobre o seu plano de ação. Trocou mensagens com Claudia que tratou de aterrorizá-la informando que Arthur estava questionando a sua atitude de "abandonar" o escritório para uma súbita viagem a outro Continente. Carol escreveu que não estava nem um pouco preocupada, que tinha convicção sobre os seus atos. A amiga perguntou então quais seriam os próximos passos para encontrar o tal Arusi. Foi então que ela percebeu que... ainda não tinha um plano sobre o que faria no dia seguinte!

Seu coração palpitou por um segundo e ela então fechou a caixa de correio eletrônico para que nenhum email atrapalhasse a concentração no desenvolvimento do que faria no dia seguinte. Entrou no Google e pesquisou novamente a Sassy. Impressionante como o site não fazia nenhuma referência às pessoas executoras de seus produtos, embora tivesse o rosto de seus produtores estampados na embalagem. Aquilo tinha que mudar! Não era possível ignorar as pessoas que produziam as mercadorias com tamanha qualidade.

Especificamente no site da unidade produtora na Namíbia, encontrou um campo onde era possível agendar uma visita à fábrica. Bingo! Aí estava a sua entrada. Ela se disfarçaria de turista para conhecer a unidade e uma vez lá dentro, esperta que era, daria um jeito de encontrar Arusi ou qualquer outra pessoa que ela pudesse conversar à respeito dos produtos da empresa. Era um plano ruim, mas era um plano. Em seu íntimo, estava começando a pensar que talvez aquela viagem parecia uma loucura mesmo, então que fosse verdadeiramente uma loucura!

Voltou a escrever para Claudia contando sobre o que tinha imaginado fazer no dia seguinte. A amiga, a voz racional em sua vida, questionou novamente o porque ela não conversava com o gerente de marketing da Sassy que poderia apresentar a fábrica inteira e passar todos os detalhes que ela precisasse para desenvolver a campanha maravilhosa que ela queria, ao que Carol respondeu. "Clau, eu quero vivenciar o produto, respirar a empresa, conhecer o bom e o ruim para poder desenvolver uma campanha verdadeira e sem hipocrisia. Sabemos que a comunicação com o cliente mudou muito nos últimos tempos."

Quero conhecer o fel para prover o mel!

O mel adoça a boca de todos... mas se o fel aparece sem que você saiba, a campanha vira um tremendo fracasso e você está fora! Agora me diz, qual é a empresa que vai expor os seus esqueletos? Eu prefiro descobrir por mim mesma e direcionar a campanha para o outro lado, sacou?"

Claudia não tinha outra alternativa senão desejar boa sorte à amiga.

Carol rabiscou mais algumas ideias para a Campanha e percebeu que eram quase sete da noite. Ligou para a recepção do hotel para pedir um jantar no quarto e foi informada de que eles não serviam jantar. Hotéis pequenos tinham lá as suas desvantagens. Perguntou à recepcionista o lugar mais próximo para comer alguma coisa ao que ela respondeu que há uns trezentos metros havia um bar que serviam comida.