Chase

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Arttur estava sentado no sofá com uma lata de Coca Cola na mão quando entramos na sala.

Tínhamos tanto costume de ir lá que agíamos como se a casa fosse nossa, Mufasa nem se importava, ao contrário de muitos que não podia nem chegar em frente ao portão, nós podíamos até mandar em seus soldados que era tudo normal. Às vezes eu acho que ele nos considerava como os filhos homens que ele não teve por algum motivo desconhecido por mim, já que ele poderia ter se casado de novo ou tido mais algum filho por aí, mas... vai entender a cabeça dos velhos.

Assim que percebeu nossa presença, ele se pôs de pé e foi logo em direção a minha menina, mas como eu já esperava, ela ficou toda envergonhada e foi se esconder atrás de mim.

- Opa, o que foi? - Arttur pergunta com suas mãos para cima parado em minha frente.

- Você com suas brincadeiras idiotas assustou a criança.

- Bebezinha, era só brincadeira, você sabe que é minha irmãzinha. - Ele se desculpa vindo em nossa direção, logo ela sai de trás de mim ainda com a bandeja de bolo nas mãos e deixa que ele a abrace escorando a cabeça em seu peito. - Porque está enchendo a cara de doce? - Ele pergunta assim que nos sentamos no sofá, ela vem se sentar no meu colo chupando os dedos sujos de chocolate.

- Seu irmão me engravidou.

- Meu irmão... espera, você ta grávida?

- Uhum... - Murmurou comendo o último pedaço existente.

- Que diabos! - Foi a única coisa que ele disse por um longo tempo, depois de se sentar ao nosso lado e adotar uma expressão pensativa enquanto Jenny passava o dedo pelo chocolate derretido na forma como uma criança de dois anos; eu a abraçava com os braços ao redor de sua cintura e a cabeça apoiada em seu ombro.

- Então eu vou ser tio?! - Disse com um tom meio interrogativo depois de mais de meia hora parecendo uma estátua.

- E se ele ou ela puxar essa criança aqui, pode ir preparando a sua carteira para comprar porcarias. - Avisei tirando a forma da mão da "criança" em questão, que já estava toda limpa de tanto ela passar o dedo.

- Bem, se puxar ela, pelo menos vai ser uma criança bonita.

- Não se esqueça que você é meu irmão e somos parecidos.

- Mas eu sou o mais bonito, você é apenas minha cópia estragada. - Zomba com um sorriso largo me olhando. Jenny se levanta do meu colo totalmente alheia a tudo e vai em direção ao corredor do lado esquerdo da sala que levava aos quartos e um banheiro. Menos de um minuto depois, ela volta parecendo ainda em algum mundo da lua - já que não percebe os olhares interrogatórios em sua direção - se deita em meu colo, coloca minha mão sobre sua barriga junto com a sua e só depois de uns dois minutos se toca e nos olha com a testa franzida.

- O que?

- É doida. - Diz Arttur balançando a cabeça tentando segurar um sorriso.

- Nada Branquela, volte para o seu mundo. - Respondo rindo entrelaçando nossos dedos. Ela dá de ombros e volta a olhar para nossas mãos como a doida que ela realmente é, e tenta esconder dos outros.

- Como eu já te disse antes, o Black me passou o que aconteceu por aqui. - Concordei com um aceno. - Já mandei que investigassem sobre o ataque na nossa casa e sobre os outros dois loucos que foram até vocês. Logo teremos resultados, mas de todo jeito, não acho que seja coincidência esses dois ataques.

- Também não. Mesmo no Tennessee tendo sido algo independente, eles falaram que faziam parte de um grupo.

- Do tal de "R". - Resmunga Jenny no meu colo.

Meu irmão olha em sua direção e abre um sorriso divertido, acho que assim como eu, ele achou que ela estava dormindo.

- É também tem isso, temos que descobrir quem é esse inútil, pelo jeito ele é o mandante de tudo.

- Será que tem alguma possibilidade dele ser alguém de dentro? - Jenny pergunta se sentando e deitando a cabeça em meu ombro.

- Um traidor...

- E espião! - Completo a frase de Arttur. - Faz todo sentido! - Reflito, e ficamos em silêncio novamente, certamente com os mesmos pensamentos. Na maior parte do tempo quando tínhamos alguma coisa desse tipo para resolver, nossas mentes funcionam como se fossem ligadas.

- Então, não podemos confiar em ninguém.

- Não acho que seja precisamente "ninguém". - Ela se levanta e fica parada em minha frente como se estivesse pensando em alguma estratégia.

Talvez esteja pensando em possíveis suspeitos...

Ou mais alguma coisa para comer...

Eu não descartaria essa possibilidade tão facíl.

Mas para minha surpresa, ou não; ela se vira de lado e senta no meu colo, depois vai se mexendo até ficar igual um Bebê com a cabeça em meu peito e a mão segurando a gola da minha camisa. Passo meu braço por suas costas, segurando-a melhor e lhe dou um beijo na testa.

- Concordo... - Meu irmão volta a dizer. -... Tenho certeza que Black e Fabrício estão do nosso lado.

- Verdade. Quem você mandou para investigar ?

- Os dois. - Diz abrindo um sorriso e dando de ombros. - Um para cada lado. Acho que mesmo sem parar para pensar já sabia que só podia ser eles.

- Deve ser porque sempre soubemos que um dia ia aparecer algum traidor no meio de nós. - Diz Jenny novamente, agora apertando meu peito. - Peitinhos. - Murmura com um sorriso sapeca.

- Para de ser tarada menina, se comporta. - Digo tirando sua mão e rindo.

- É meu.

- Então também vou pegar nos seus. - Ponho as mãos nos dois do jeito que dá, por causa da nossa posição

- Você não pode. - Briga tirando minhas mãos.

- E porque não? É meu!

- Ey vocês dois, parem com essa pouca vergonha. - Escutamos a voz de Arttur e olhamos em sua direção. Ele estava olhando algo no celular com uma expressão séria. - Fabrício mandou notícias.

- Boas?

- Nada de muito interessante. Os dois eram orfãs de mãe e o pai é um Nefilim que é famoso por ficar enchendo a terra de filhos sem dar a mínima para eles ou às mulheres, ele vive viajando de pais em pais e fica um tempo em cada parte até enjoar ou achar algo melhor pra fazer. O mais velho não era um Nefilim, por isso você conseguiu pega-lo tão fácil, só o mais novo que é. Eles faziam parte desse grupo de Nefilins que vocês foram dar uma olhada e pelo jeito decidiram atacar antes para terem um crédito a mais com o chefe.

- Isso é um saco! - Jenny resmunga de olhos fechados.

- Mufasa foi interrogar o outro.

- Ele vai matar o cara.

- Não, eu falei pra ele deixar o moleque vivo. Ele é novo, serve como soldado depois de um reajuste.

- Certo, mas de qualquer jeito, o que temos a fazer é esperar.

- Eu odeio esperar. - Ela resmungou e depois abriu os olhos me encarando. - Drê, to com fome.

Não falei?!

- De novo? Onde cabe tanta comida? - Pergunto indignado e escuto o palhaço do meu irmão rindo.

Não é esse idiota que tem que alimentar esse leoa no meu colo.

Filhos da Guerra (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora