Tudo terminou

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"E se eu tivesse tudo
Fazer de novo então eu segurava cada segundo com você e nunca deixava isso terminar"

Ele foi abrindo os olhos aos poucos. Quando viu a expressão de Anahi, bufou, disse um palavrão e se sentou, soltando um grunhido.

– Não é nada, Annie. Juro. É só que... – Ela cruzou os braços e ele riu, meio sem jeito. – Ok. Tem uma oportunidade para todos os alunos do segundo ano na minha área de concentração: ir trabalhar numa
companhia no exterior para conhecer outros aspectos do mundo dos negócios. Dura quase todo o ano letivo e faz parte do programa, valendo créditos extras para o estudante. Além do mais, é tudo pago. Neste ano, foi Tóquio. No ano que vem, vai ser Londres.

O coração de Anahi disparou, assustado.

– Você vai para Londres?

– Eu poderia ir, se as minhas notas fossem boas o bastante e eu me inscrevesse, claro.

É óbvio que as notas dele eram boas o bastante. Anahi tinha certeza disso. Alfonso sempre menosprezava a própria inteligência.

– Poncho... – Ela chegou ainda mais perto dele. Era como se o manto negro que ela sentia nas costas começasse a apertar sua garganta. – Você se inscreveu? Vai para lá?

O rapaz segurou o rosto de Anahi  com as mãos e a beijou.

– Não.

Por um instante de egoísmo, o coração de Anahi se encheu de alívio. Ele estar em Nova York era
uma coisa, mas em outro país era algo que a fazia querer se agarrar a Alfonso para nunca mais soltar.
Ela o observou atentamente, e foi aí que percebeu o lampejo de decepção no olhar do namorado.
Ele poderia disfarçar para qualquer outra pessoa, mas ela o conhecia melhor do que ninguém.

Alfonso queria ir. Claro que queria ir. Era mais do que óbvio. Porém, estava abrindo mão da própria
vontade por causa dela.

Considerando os acontecimentos do último ano, não era uma surpresa. Anahi sabia que tinha sido uma pessoa complicada, apesar de tentar parecer bem sempre que os dois se falavam. Mas era tão difícil ficar longe dele...

Sentia-se apavorada só de pensar que Alfonso podia nunca mais voltar. Tentava se mostrar positiva em todas as mensagens de texto ou nos e-mails que mandava, mas, na verdade, sempre esperava que Alfonso fosse dizer a ela que ficaria de vez por lá, ou que tinha arranjado outra pessoa. Anahi se deu conta de como aquilo tudo era ridículo. Sabia que Alfonso a amava, exatamente como ela o amava, mas a morte do pai tinha trazido para o mundo de Anahi a grande realidade da vida: nada dura para sempre, e isso era absolutamente assustador. Ela morreria, com toda a certeza, se perdesse mais alguém na vida; principalmente se esse alguém fosse Alfonso. Seu coração não iria aguentar. No entanto, sabia que, se o impedisse de ir, ele ficaria ressentido. Começariam a surgir rachaduras na relação dos dois e, então, seria apenas uma questão de tempo para que tudo acabasse entre eles.

Respirou fundo e abraçou o namorado com mais força.

– Você tem que ir, Poncho.

Por um breve instante, ele pareceu atordoado.

– O quê?

– É uma oportunidade que não aparece todo dia. Quando vai ter uma chance dessas de novo?

– Mas vai ser o ano inteiro – disse ele, baixinho, pondo uma mecha do cabelo dela para trás da
orelha. – Sei como esse ano foi difícil para você, e seria muito tempo longe.

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