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Depois de algum tempo correndo, parei quando tive certeza que estava longe o suficiente

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Depois de algum tempo correndo, parei quando tive certeza que estava longe o suficiente

Ofegante, com lágrimas escorrendo por minha face
Procurei por um lugar onde pudesse encontrar algo para vestir
E achei um brechó aberto, todos me olharam, uns com nojo e outros confusos
Provavelmente pensando "Por que essa garota está nua?"

Pego a primeira roupa que vejo, até porque não dá pra escolher nada estando nua

Pago pela roupa no caixa

—Posso te ajudar com mais alguma coisa menina? — A moça me olha preocupada e meus olhos se enchem d'água

—Eu...— Olho ao redor — Está tudo bem

—Sei que não está — Ela segura minha mão — GABY! FICA AQUI NO CAIXA — Ela chama outra pessoa para ficar no seu lugar e me leva para fora do brechó — Pronto, agora me diga o que aconteceu — Ela insiste — Pode confiar em mim, talvez eu possa te ajudar

Respiro fundo

—Há alguns anos, minha mãe namorou um cara que, além de ser traficante era, também, um alcoólatra — Suspiro fundo — Eles ficaram juntos por volta de uns 4 anos, e durante todo esse período, ele me abusava, tanto psicologicamente, quanto sexualmente
Depois de cada estupro, ele dizia: "Não conte para ninguém, sua vadia" e eu concordava, porque sabia que se eu contasse, ninguém acreditaria em mim, somente diriam que eu tinha uma imaginação muito fértil ou algo assim
Depois de 3 anos, eu já não aguentava mais, estava cheia de hematomas pelo corpo, abalada, magra. Decidi contar para a minha mãe, e o que eu mais temia, aconteceu
Ela disse que isso nunca aconteceu, e que se realmente tivesse acontecido, certamente foi porque eu quis, porque eu o seduzi. Resumindo, ela não terminou com ele, só fez pouco caso da minha situação
No ano seguinte, eles terminaram por causa de dinheiro, acho, mas agora ele voltou para novamente acabar com a minha vida — Volto a chorar, estava desesperada

—Calma, vai ficar tudo bem — Ela diz me tranquilizando, passando a mão pelo meu cabelo — Vou ligar para a polícia

—NÃO — Ela se assusta com a minha reação — Eu não sei até quando ele ficaria preso

—Tudo bem...— Ela diz compreensiva — Tem alguém que eu possa ligar para vir te buscar?

—Não...— Digo de cabeça baixa

—Um amigo? Namorado?

Automaticamente me lembrei do Austin

—Tenho sim, mas não sei o número dele de cor

—Sabe onde ele mora? — Balanço a cabeça positivamente — Eu te levo lá

Ela me leva até seu carro e abre a porta do passageiro para eu entrar
Eu indico o caminho e ela me deixa na porta da casa dele

—Obrigada — Sorrio fraco

—Estarei sempre aqui para ajudar, a propósito me chamo Clarisse

—Claire

Eu lhe dou um abraço e saio do carro
Toco a campainha de Austin e depois de alguns minutos, ele abre

—Claire? — Ele franze o cenho — Você está bem? — Meus olhos lacrimejam e ele me abraça — Calma, eu estou aqui meu amor — Ele passa a mão nas minhas costas me acalmando, fazendo com que eu me sinta protegida — Vamos entrar — Ele me leva até seu quarto — Quer falar sobre o que aconteceu? — Eu nego com a cabeça

Ele me deita em sua cama, logo em seguida fazendo o mesmo
Me abraça por trás e fica fazendo cafuné no meu cabelo
Até que adormeço

•••••••

Acordo assustada após um pesadelo com aquele maldito homem
Ofegante e suada, percebo que Austin dorme ao meu lado, tranquilo, sereno

Passo a mão por seu rosto e ele acorda no mesmo instante

—Você está bem? — Pergunta preocupado, se sentando na cama

—Estou melhor, obrigada — Dou um sorriso sem graça

—Ei, porque está constrangida? — Como ele pode me conhecer tão bem? — Não ouse ficar assim okay? Aquela moça, Clarisse veio aqui logo após você dormir e me contou o que aconteceu — Ele diz. Seus olhos se enchem de ódio — Eu mato aquele homem — Cerra os punhos — Eu mato ele. Como ele pôde fazer isso com você? Claire...eu sei que palavras não são o suficiente, mas eu sinto muito mesmo por isso
Eu deveria estar com você, te proteger

—Austin — Coloco a mão no seu rosto e ele fecha os olhos — a culpa não foi sua, a culpa não é sua — Lhe dou um beijo suave

—Eu te amo tanto, você não tem noção do quanto — Ele diz sincero

—Eu também te amo — Beijo-o intensamente — Até o infinito? — Pergunto sorrindo

—Até o infinito

—Até o infinito

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Uma Adolescente Suicida {Concluído}Where stories live. Discover now