Capítulo 28

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O interfone tocou e o porteiro disse que James e Marianne estavam aguardando para subirem. Louise permitiu que subissem – mesmo que o jantar ainda não estivesse pronto – e enquanto eles subiam, ajeitava a mesa, com os pratos fundos, colheres, taças e duas garrafas de vinho – que infelizmente não era aquele da Toscana, que Louise havia adorado. O aroma do Yakissoba espalhou de tal forma pelo apartamento, que em poucos minutos já possuía também o corredor do andar em que Louise morava. Marianne entrou sem bater, como sempre fazia, passou pela sala e correu para a cozinha, de fato encantada com o aroma da "coisa gostosa".

Quando se aproximou do fogão, viu uma panela média cheia daquele macarrão instantâneo, mas de um tipo diferente, mais grosso e mais gostoso, que chamam de Yakissoba. Ficava cada vez mais com água na boca ao ver Antonio adicionar pimentão verde e vermelho, repolho, um pouco de brócolis, tomate e um pouco de orégano. (Até eu fiquei com água na boca agora!) Finalmente estava pronto. Antonio mandou que todos se sentassem à mesa, como um pai ordena aos filhos para jantarem em família. Ele mesmo serviu uma porção do Yakissoba para cada um, depois os serviu com vinho até a metade da taça e por fim, sentou-se com eles, para degustarem juntos da maravilhosa culinária japonesa com um toque de "Deluca" como se gabava Antonio.

O jantar foi tomado de muitas risadas, com direito às piadas sem graça de Marianne que já estava bêbada depois de perder as contas de quantas taças de vinho havia bebido. Todo mundo sabe que, quando uma pessoa está bêbada, ela pode achar engraçada a coisa mais absurda do mundo. Essa era Marianne bêbada! E o mais incrível era que de alguma forma ela conseguia se controlar, mesmo tendo a ajuda de James, isso fazia com que ela fosse suportável.

— Está tarde, vamos Marianne, Antonio precisa descansar... — disse James, segurando o braço da namorada que mal podia ficar em pé. O tom de voz dele foi seco, porém educado, pois só assim Marianne obedeceria.

— Tá bom... Aproveitem vocês dois...não se esqueçam da cam... — James tapou a boca dela com uma das mãos e levou-a até a sala. Louise arregalou os olhos, enquanto Antonio ficou todo sem graça, sorrindo e erguendo as sobrancelhas, enquanto encarava Louise envergonhada.

— Você a conhece Lou, sempre passando dos limites! — disse James rindo. — Nós vamos indo, aproveitem e Antonio, boa viajem! — James estendeu a mão e depois ambos se abraçaram.

— Obrigado James! Cuida dessa doida! — ele riu, referindo-se à Marianne.

Antonio despediu-se do casal e trancou a porta, caminhou até a janela cerrando-a e voltou para a cozinha, onde Louise estava encostada na cadeira de mau jeito, de braços cruzados e olhar vago. Depois que James e Marianne foram embora, o apartamento ficou num silêncio triste e melancólico, quase que sombrio, como se algum dos dois soubessem que algum deles iriam morrer. E era isso que Louise sentia. Uma parte de si estava prestes à ir embora, não para sempre, mas por um longo tempo.

Depois, Louise com a ajuda de Tony, lavou a louça e juntos ajeitaram a mesa, antes que a preguiça chegasse. Louise terminou de lavar e foi para a sala, se jogou no sofá e ficou por lá, parecendo que estava prestes a morrer – como se a sua palidez já não fosse um pouco assustadora. Antonio guardou as últimas coisas que ainda restavam para ser enxugadas e foi para a sala carregando duas taças e uma garrafa de vinho nas mãos, caminhando de forma preguiçosa até o Home Theater que ficava no centro da sala.

— Vem cá. — chamou ele, estendendo a mão esquerda, enquanto com a direita manuseava o aparelho de som. — Vamos espantar um pouco essa tristeza.

Louise foi praticamente arrastada do sofá, porque ela não estava nem um pouco a fim de se levantar. Se fosse morrer, seria daquele jeito mesmo – e claro, ela estava sendo dramática. Aos poucos uma música romântica iniciou-se baixinho e foi aumentando na medida em que Antonio mexia no botão do volume. Louise estava abraçada ao italiano de olhos fechados e não pôde distinguir que tipo de música estava tocando no começo, adorava músicas mas nunca era boa para definir gêneros musicais, só sabia que nunca havia escutado essa música e o principal, estava apaixonada por ela. Quando abriu os olhos, viu-se dançando lentamente, com seu rosto encostado ao de Antonio, que a guiava o tempo todo, no ritmo da música lenta.

Um Italiano em Minha Vida {DEGUSTAÇÃO}Where stories live. Discover now