Tequila

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A passagem do Shawn pelo Brasil, como sempre, foi bem corrida. Deu pra aproveitarmos bastante, fomos a praia, apesar de que não deu pra ficar muito tempo lá por conta do temporal que teve. Mas foi bem divertido, ficamos em casa, vimos alguns filmes, jogamos baralho, teve até a chamada de vídeo que fizemos com os pais do Shawn. Meu pai ficou super animado quando soube que Manny falava português, claro que era o português de Portugal, mas já era uma coisa boa, uma língua praticamente idêntica. Minha mãe e Karen também conversaram, e eu traduzindo tudo. Eles já tinham tido outras conversas, mas eram sempre por mensagem, e aquela chamada de vídeo foi como um cara a cara.

No final foi uma ligação muito boa, o que só reforçou a ideia de irmos para o Canadá no natal, principalmente depois do Shawn ter explicado para os meus pais sobre as milhas, que ele tinha e poderia trocar por passagens aéreas, tecnicamente o dinheiro ainda sairia do bolso dele, já que essas milhas eram acúmulos por conta das inúmeras viagens que ele fazia, mas parecia uma idéia melhor do que ele desembolsar o dinheiro em mãos para comprar as passagens.

Aali e meu irmão também tinham trocado contato, estavam sempre se falando, Gabriel também tinha gostado bastante dela, no final das contas, todos tinham se dado bem.

Como eu já não tinha mais o curso, eu só tava trabalhando mesmo, tomava conta da Bia durante a manhã e buscava ela a tarde. Tinha até pensado em voltar pra academia, já que a tarde eu ficava praticamente atoa, mas limpar casa e dormir me parecia bem melhor então não voltei.

Tinha acabado de pegar Bia na escolinha, mesma escola em que minha mãe estava trabalhando ajudando com as crianças, ia ter uma reunião porque tinha trocado de diretora, então minha mãe acabou ficando e eu fui andando pra casa com a Bia, não era longe mesmo.

- A gente pintou vários desenhos, minha professora disse que meu desenho ficou lindo, minha mãe vai adorar

Bia disse animada, ela era bem tagarela pra uma criança de cinco anos

- Ah ela vai sim, certeza que ficou lindo

Falei sorrindo, segurando a mão dela

- Olha Isa, um gatinho

Ela disse e eu arregalei os olhos, olhando na direção que ela apontou.

- Ah olha que fofinho

Falei me abaixando, era um filhotinho mesmo, tinha uma caixa de papelão que ele tava com metade do corpo dentro e metade pra fora da caixa já, meu coração apertou de dó, tinham deixado o coitadinho ali.

- Vamos levar pra sua casa?

Ela perguntou me olhando e eu olhei ela

- Minha mãe vai me matar _ eu ri _ mas vou levar sim, tadinho... Ele tá abandonado. Sua mãe gosta de gato?

Perguntei já pensando em um segundo lar pra ele, caso minha mãe não aceite ele lá.

- Eu não sei _ ela riu baixinho, enquanto eu colocava o gatinho na caixa e segurava ela com cuidado, voltando a andar em direção a minha casa, sem soltar a mão da Bia _ eu acho que gosta, não sei… a gente só tem cachorro

Ela disse e eu concordei rindo

- Depois a gente pergunta ela

Falei olhando pro gato na caixa

- Sua mãe gosta de gato?

Bia perguntou me olhando, erguendo a sobrancelha, ela era baixinha, cabelo levemente ondulado, num tom castanho, olhos no mesmo tom e a pele bronzeada, mais o menos da minha cor, lindinha e inteligente demais.

- Ah ela não gosta muito de nada que se mova

Falei e ela riu alto

- Você é engraçada. Acha que ela vai te deixar ficar com ele?

Amor de IntercâmbioOù les histoires vivent. Découvrez maintenant