O QUE RESTOU - Dennis, Split (1) [REVISANDO]

TRÊS - light punishment

C A S E Y C O O K E

Eu simplesmente paralisei quando notei que aquele corredor não possuía qualquer saída, meus dedos do pé direito se apertavam dentro da bota, lutando por espaço necessário, devo tê-los machucado enquanto corria velozmente tentando salvar minha própria vida, sentindo minha alma disparar entre o intervalo de um suspiro e outro. Meu Deus, por quê eu? E o que estou fazendo aqui? Dou meia volta, sentindo meus joelhos perderem a força, não resistindo ao desespero que gradualmente vai me consumindo, fazendo com que eu perca o raciocínio.

Um nó resistente entala na minha garganta, impedindo que a respiração se naturalize, sento-me próxima a uma fileira de armários, decaindo junto com meu medo. Meus pés estão formigando por ter corrido o mais rápido que podia, por uma porção considerável de tempo. Não sei como fiz isso, mas consegui deixar o quarto escuro e isolado. Ele tinha razão quando ocasionalmente permitiu que escapasse de seus lábios que o lugar não era nenhum pouco seguro antes de tentar torná-lo, todas as paredes aparentemente eram resistentes, porém uma parte do teto não. Havia um sistema de ventilação de ar acima dele, sem pensar duas vezes saltei para dentro do tubo, após rasgar o teto com o salto da minha bota esquerda, o socando por diversas vezes e acidentalmente a deixando cair para trás.

Sinto meus demônios reagirem satisfeitos com essa situação, eu sei o que cada um deles diria: que mereço o que está acontecendo comigo porque não me comportei como devia, que isso só ocorreu porque não obedeci o tio John, que mereço ser castigada por aquele homem porque tenho um cabelo bonito e os olhos mais brilhantes que o mesmo já viu na vida. Ah, por quê me sinto tão culpada?  E se foi o maldito do John que contratou esse homem para me testar, para saber se seria capaz de desobedecê-lo ou... Ou pior, se ele o contratou para me matar de uma vez por todas, simplesmente porque não segui suas regras infames? Ou talvez ele tenha ficado com medo de que eu contasse algo sobre o que sempre acontece em casa para alguém durante a festa... E se foi por isso?! Não, não pode ser! Casey, não é hora de ficar maluca com essas suposições. Quem sabe eles nem se conheçam, é muito provável que não.

Consigo ouvir, quase que em câmera lenta, as vozes dos meus pais gritando em minha mente: apenas corra, Casey! Mas pra onde?! - é alguma espécie de alerta sobre o que está por vir ou apenas o pânico me cegando novamente? -  Há muitas grades no final desse detestável corredor, e se for mais uma armadilha? Estou cansada disso, de ser perseguida. Será que esse sofrimento nunca vai acabar? Vou precisar mesmo fugir de homens como esses pelo resto da minha vida? Eu não quero isso. Preciso sair viva daqui. Se é pra escolher entre esse inferno e o qual já estou acostumada a viver, prefiro voltar para casa.

— Hey! — aquela voz rouca ecoa novamente ao outro lado do corredor, meu coração perde a força enquanto abafo meus ouvidos com as palmas de minhas mãos, sentindo meu estômago revirar ao escutar de súbito os mesmos passos de antes.