30 - O Retorno ao Lar

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— Mestre, me permita partir, por favor — disse Eliza.

— Então vá logo. Não me lembro de ter proibido sua partida.

— Bem, é que eu terei que interromper o treinamento e não seria adequado simplesmente ir embora.

— Não seria mesmo, mas se eu não lhe desse minha permissão isso não a impediria, certo?

— Tem razão — ela sorriu. — Voltarei quando terminar.

— E quanto a nossa amiga loirinha? — Perguntou Arda.

— Posso deixar ela amarrada por meses se quiser — comentou Nerog.

— Não me agrada prender alguém assim por tanto tempo, mas ela é muito perigosa então não temos escolha. Por favor mantenha ela bem, mestre.

— Vou tomar conta dela, além disso preciso de alguém para bater um papo depois que os outros forem embora.

— Está nos expulsando? — Perguntou a elfa.

— Duvido que você e o rapaz sombrio ali desejem ficar por aqui após a partida da Liz.

— Pensou certo — Arda confirmou — Ei, ruivinha, será que rola outra pele de diamante? Creio que falta pouco para o valor que combinamos.

— Está brincando? Eu quase morri! Não vou usar aquilo de novo tão cedo, além disso eu não sei ao certo como usei. Foi tudo tão... estranho.

— Você não está nem perto de chegar naquele nível. Atualmente você consegue usar magias de Classe B. Aconteceu algo de diferente enquanto ativava aquela magia?

— Eu estava em um campo de trigo.

— Ah, então este deve ser o seu Refugio da Alma.

— Sim, a ordem comentou sobre ele uma vez, mas para que ele serve, além de ser um refúgio?

— Lá os Cavaleiros Elementais podem se esconder em caso de necessidade. O tempo flui de uma maneira diferente naquele lugar e o cenário pode mudar de acordo com o estado de espírito da pessoa. É, normalmente, para lá que vocês vão logo após passarem pelo ritual de aceitação das pedras sagradas.

— Esse mundo costuma ser habitado por algo ou alguém?

— Por que a pergunta? — O dragão estava intrigado. — Encontrou algo estranho?

— Sim, um... espantalho, mas ele não me falou nada, só usava gestos.

— Um espantalho, não é? Não pensei que fosse possível.

— Pode me explicar melhor? — Falou confusa.

— Liz, você ainda não foi capaz de invocar seu familiar, mas pelo visto conseguiu se encontrar com o espantalho. Isso prova que está se mostrando digna do legado de Lucas.

— Mas o que aquele espantalho tem a ver com o príncipe Lucas?

— O espantalho era o familiar de Lucas.

— O que?!

— É o que você ouviu. Raras vezes após a morte de um membro da ordem seu familiar passa a habitar a pedra relativa a seu poder. Quando isso acontece é possível encontrá-lo ao visitar o Refugio da Alma. Ele carrega a vontade final de seu mestre e só desaparecerá quando ela for cumprida ou quando você morrer.

— Então eu provavelmente vou encontrá-lo várias vezes, não é?

— Provavelmente, pois não sabemos qual foi o desejo final de Lucas, mas acho que esse assunto pode ficar para depois. Você tem uma cidade para salvar, não é?

A Saga de Arietis. Livro 1 - Fé (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora