Capítulo 17: Novas Estrelas

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Raúl acordou de supetão, muito assustado. Ele estava numa das cadeiras de tomar sol no deck panorâmico do barquinho de papel, na beira da piscina. O Garoto-da-Torre estava desorientado, não sabia direito onde estava e nem quanto tempo tinha se passado, parecia que um caminhão tinha passado por cima dele.

O clima era sombrio. O céu estava num cinza escurecido, sem nenhum sinal do sol. Também havia uma névoa estranha em todo o lugar, o que deixava tudo mais fantasmagórico. Sem falar no silêncio quase mórbido que reinava por alí.

Raúl sentiu um arrepio percorrer a espinha quando viu um vulto se aproximando rapidamente pela névoa, em sua direção. Ele ficou estático, como se já estivesse se entregando a seja lá o que fosse aquilo. Foi então que Lírio saiu da névoa, correndo desesperado e agarrando o braço do jovem para que os dois fossem embora de lá.

- Lírio!? - disse o menino surpreso, enquanto esforçava-se para manter o ritmo da corrida do amigo.

- Raúl, aconteça o que acontecer, não olhe para trás! - exclamou o menino de cabelo arco-íris.

Eles correram por todo o navio, tanto pelo lado de dentro, quanto pelo lado de fora. A todo momento, se ouvia o som estridente de um apito. Raúl não fazia idéia do que estava perseguindo eles, e certamente não queria ficar ali para descobrir.

Chegando na porta principal, viram que estava trancada, então eles voltaram para o lado de fora, pela lateral. Os dois rapazes correram até a ponta da frente do barquinho. Foi aí que Raúl percebeu que eles não estavam navegando e que tinham alcançado terra firme. Era uma pequena praia que dava para uma floresta densa, sombria, como se quem entrasse nunca mais saísse, pelo menos não com vida.

Jhonatan os estava esperando, com dois cipós na mão, na ponta da frente da embarcação. Quando os garotos puderam enchergá-lo através da névoa, foram ao seu encontro. O amigo de Brie estava com uma cara de desespero.

- Venham depressa! - exclamou.

Assim que conseguiram chegar, Jhonn tratou logo de entregar os cipós para eles.

- Não se preocupem, eu dou cobertura, só saiam daqui. Agora!

Lírio foi o primeiro a saltar. O cipó estava preso a uma árvore. Num instante ele estava caindo, pendurado, no outro havia sumido dentro da mata fechada.

Raúl pegou seu cipó e olhou para Jhonatan.

- Eu não posso Jhonn! Estou com muito medo - O Garoto-da-Torre tinha muito medo de altura. Ele estava a uns 40 metros do chão - Quem está nos perseguindo? E você, o que vai ser de você?

Quanto mais o tempo passava, mais a coisa que estava correndo atrás deles se aproximava, os rugidos e urros ficavam mais altos a cada minuto e o barco balançava.

Jhonatan sorriu sereno para Raúl.

- Não se preocupe Garoto-da-Torre, ficarei bem. Quando chegar a hora, ouça seu Coração de Melão. Estará com quem ama, do amor surgem as Novas Estrelas. Lembre-se disso - disse ele.

- Oi? - o garoto disse inclinando a cabeça, sem entender nada.

Não houve tempo para explicações, o Garoto-da-Torre estava segurado no cipó, Jhonatan o empurrou lá de cima.

Ele viu Raúl sumir na imensidão verde de plantas da floresta logo a frente, enquanto gritava. Então ele se virou e encarou o que quer que fosse aquilo.

Raúl conseguiu entrar na vegetação densa, com um pouso turbulento. Em seu caminho passou por folhagens e vários galhos que arranhavam. Quando chegou ao chão, quase tombando, estava com as roupas todas rasgadas. A primeira coisa que ouviu quando aterrizou foi um grito de terror, que vinha de onde ele mesmo tinha vindo.

O Garoto da Torreحيث تعيش القصص. اكتشف الآن