Queria ter a sua vida

1 - Último ano

Sehun passou a bola de basquete para Chanyeol, completamente sem ânimo.

— Eu não acredito que nosso descanso está acabando e o último ano está chegando, pior, que nossas mães nos trocaram de escola só para que tivéssemos um estudo mais rigoroso esse ano. — desabafou Chanyeol, errando a cesta.

— Pior não é isso, cara. O pior é eu ter que entrar em um novo grupo de teatro que eu odeio e você ter que fazer teste para outra equipe de basquete. — esbravejou, roubando a bola e fazendo a cesta — "e ai de você que seja menos do que o armador, você merece comandar uma equipe". — Sehun imitou a voz da mãe do melhor amigo, o fazendo rir. — Se ela soubesse que você odeia jogar. — disse rindo.

— E se sua mãe descobrisse que você faz de propósito para nunca ser escalado como papel principal de uma peça? "Meu filho merece brilhar, eu vou falar com esse diretor, cansei de papéis de árvore cenográfica".

Os dois se jogaram na grama rindo.

— A gente deveria era trocar de vida. — disse rindo e olhando para a noite estrelada.

— Sehun, isso é uma ideia incrível. A gente se conhece bem demais, sabe as manias um do outro, nos conhecemos há anos. Nessa escola ninguém vai conhecer a gente, por que não tentar? Não digo pelo ano todo, mas por um mês quem sabe. Ninguém vai saber. Você volta pra casa e me diz quais os planos do treinador para os principais jogos e eu te digo quais os livros vamos ler e tudo mais.

— Chanyeol, ficou doido? Se nossas mães descobrirem elas piram!

— Um mês Sehun, a gente vai levar no máximo uma suspensão por ter trocado algumas atividades por um tempo.

— Isso é crime, Park.

— Vamos lá. No final dia vamos chegar em casa finalmente felizes de ter feito algo que preste. — disse rindo e sacudindo o melhor amigo.

— Tá, tudo bem. A gente vai tentar. Mas se não der certo. Não diga que eu não avisei.

— Vai dar certo. Vai ser só um mês. — sorriu convencido.

{...}

Sehun foi pra casa pensando ainda se deveriam mesmo fazer aquilo, era uma tremenda loucura, mas estava sentindo um frio na barriga só de pensar em fazer algo que realmente lhe agradava, era uma excitação surpreendente.

Já Park Chanyeol por mim momento esqueceu do acordo que tinha feito, deitando em sua cama frustrado mais uma vez ao ouvir a mãe falando o quanto deveria ser bom no basquete, algo que definitivamente já estava deixando de gostar.

Ficava pensando em sua infância e no momento que disse que queria ser jogador. Crianças dizem esse tipo de coisa é sempre assim, mas os pais não costumam o jogar contra o céu quando dizem que querer ser astronautas, mas sua mãe o jogava contra a quadra desde o dia que abriu a boca.

Acontece que como toda a criança, as escolhas mudam, vida muda. Chanyeol gostava mais de ser o nerd reservado, gostava das aulas de literatura e jogar videogame no fim de semana, o total oposto de seu melhor amigo que gostava de festas, jogar basquete e manter um estilo próprio que chamasse atenção, ainda bem que Sehun gostava de videogames, não queria se ver longe do melhor amigo.

{...}

1º Dia

Acordaram naquela manhã de segunda-feira com um frio na espinha, uma sensação de que algo estranho estava por vir ou apenas o medo de uma catástrofe iminente.

Tomara o café da manhã e saíram de suas casas, seguindo o caminho de pedras rumo a parada do ônibus escolar.

— Você tem ideia de que no momento que sairmos daquele ônibus eu vou ser você e você vai ser eu? — perguntou Sehun baixinho.