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09. Tempestade | PARTE IV

A temperatura está caindo
Eu não tenho certeza se consigo
Ver isso acabando algum dia
Não se esqueça de mim
Mesmo quando eu duvido de você
Eu não sou boa sem você
Espero que você não tenha partido sem mim

Doubt | Twenty One Pilots

MAXINE WOODS

Cheguei ao alojamento com meu par de botas nas mãos, molhada da cabeça aos pés. A tempestade caiu com toda a força que havia ameaçado. O barulho da chuva se intensificava pelos cascalhos do telhado, e tudo o que eu podia ver através do vidro da janela central do quarto era o breu infinito, que se tingia de branco vez ou outra com os relâmpagos.

Quando tranquei a porta, chamei por Vicky, mas embora Wade a tivesse colocado em sua moto e a trazido para cá como uma presidiária, ela não estava no alojamento e, honestamente, eu agradeci. Tudo o que eu precisava naquele momento era apenas o barulho da chuva e o silêncio do quarto para tentar colocar meus pensamentos no lugar.

Porra, Chace havia mentido. Mas o que mais me magoava era o fato de que eu já esperava por essa merda.

E ainda assim eu me sentia brutalmente traída, confusa e, sobretudo, sozinha. Estúpida também era uma palavra que percorria minha cabeça toda vez que eu pensava no quanto me esforcei para confiar nele. Confiar naquela parte dele. Confiar no líder, no CK, no cara que comandava aquela universidade. Eu engoli todas as minhas inseguranças e confiei nesse cara, porque o outro cara, o Chace, o que me levou à um restaurante e me pediu em casamento, o que dizia que me amava e me fazia ser a garota mais feliz do mundo, nesse cara, eu confiava cegamente fácil.

Mas eu deveria saber.

Todos nós somos fragmentados. Todos nós temos lados dos quais não nos orgulhamos e, ainda assim, não conseguimos apagar. Eu tinha a raiva. O rancor. A impetuosidade. E eu precisei machuca-lo para perceber o quanto eu estava me afogando nos meus próprios erros e destruindo tudo o que eu amava. E o que mais doía, agora, era descobrir que, embora ele também tivesse me machucado, minha dor parecia não ter sido o suficiente para que ele se livrasse de tudo o que havia me ferido também.

E foi bem ali, naquele colchão de alojamento tão diferente da cama que eu compartilhei por tanto tempo com Chace, que desabei tão forte quanto a chuva que caía lá fora, até apagar completamente.

A vibração incessante do celular me fez abrir os olhos. Minha cabeça doía. Meus olhos estavam irritados. Acima de mim, na prateleira de livros pregada à parede, o aparelho vibrava sem parar. Me ergui preguiçosamente e o puxei do fio do carregador, me jogando de volta na cama.

O número era desconhecido, mas mesmo assim atendi.

— Max? Cacete! — Reconheci a voz de Vicky do outro lado da linha. — Onde você se meteu?