05. Família

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Eu te conheci no escuro
Você me iluminou
Você me fez sentir
Como se eu fosse suficiente
Nós dançamos de noite
Bebemos demais
E você parece mais bonita a cada dia
E eu juro que você parece melhor a cada dia
Eu estou apaixonado por você
Espero que saiba

James Arthur | Say You Won't Let Go

MAXINE WOODS

A corrente gelada de vento invadia o quarto pela pequena fresta da janela. O tempo havia começado a fechar desde o fim da tarde, quando saí do alojamento e vim até o apartamento de Chace para me arrumar. E apesar da chuva forte que ameaçava cair naquela noite, nada parecia ser capaz de impedir que a festa de iniciação acontecesse.

A tradição da primeira festa do ano - que além de dar boas-vindas à todos e convocar os inscritos para os trotes - era um rito de passagem, uma noite quase cultural, não só para os membros e futuros membros, mas também para a maior parte dos estudantes de NiKho. E isso significava que haveriam mais pessoas na fraternidade do que eu sequer poderia imaginar. Também significava muita bebida. Muita farra. E, no meu caso, muita força força de vontade para lidar com toda aquela coisa regida hierarquicamente pelo meu digníssimo e ligeiramente prepotente noivo, que, ao contrário de mim, adorava cada segundo de seu reinado.

Enquanto eu bufava, pedindo aos céus uma chuva tão forte que cancelasse tudo aquilo, meus dedos deslizavam impacientemente pelas roupas e sondavam cada pequena peça escura, até mesmo as esquecidas bem no fundo da gaveta. Tinha quase meia hora que eu estava ali, enfiada dentro do guarda-roupa, vestida como uma stripper, usando apenas uma lingerie de renda e um par de bota-coturno de salto grosso.

De frente para o espelho da suíte de Chace, tentando escolher algo que dizia "vejam como eu sou foda e não me importo com o que vocês pensam sobre mim'', eu percebia o quanto aquilo era uma mentira. Eu me sentia fútil e, principalmente, patética. Mas, inevitavelmente, para cada roupa que eu colocava, minha cabeça viajava até o momento em que o Jeep de Chace estacionaria no gramado da fraternidade e eu entraria na maldita festa ao seu lado tão discretamente quanto a árvore de Natal do Central Park.

Já ele, por outro lado, parecia desprovido de problemas, entrando no quarto com toda a sua beleza arrebatadora e obscena. A camisa grande e verde, que combinava lindamente com a cor de seus olhos, estava coberta pela jaqueta preta dos Nebulosos. Seu perfume começou a flutuar pelo espaço conforme ele se aproximava de mim, e eu comecei a pensar que, se eu já estava quase nua, sua presença ali só terminaria de me despir.

— Some daqui — mandei, puxando uma saia preta cintura alta de botões e voltando a encarar o espelho.

Ele riu, como se soubesse exatamente o porquê eu estava mandando-o sair.

— Só vim perguntar se já está pronta, diabinha — comentou casualmente, descendo o olhar pervertido até minha bunda. — Mas graças à Deus vejo que não.

Cerrei meus olhos, encarando os seus pelo reflexo. Chace chegou mais perto, com aquele sorriso de canto como quem sabia perfeitamente que tinha efeito suficiente sobre mim.

— Nem tente — avisei, me curvando para vestir a saia. — Todo mundo está esperando por você na fraternidade e eu já atrasei te suficiente.

— Te vendo desse jeito eu não poderia me importar menos com o resto do mundo — ele respondeu, no momento em que me ergui. Suas mãos seguraram minha cintura e eu amoleci quando ele mordiscou o lóbulo da minha orelha, depois depositou um beijo em meu pescoço e desceu um pouco mais até meu ombro.

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