23- Laços de sangue

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Lucas não quis ir para o casamento de Alex com Dan e comigo.

Embora Dan tenha tentando esconder, foi fácil ver a mágoa dentro dos olhos azuis enquanto ele dirigia pelo caminho que levava ao hotel-fazenda onde ocorreria a cerimônia e a viagem foi silenciosa.

Brinquei com os seus dedos que estavam apoiados na minha coxa enquanto descíamos a serra em direção à propriedade rural super fofa. Observei a forma como suas sobrancelhas estavam franzidas, preocupadas.

Ensaiei perguntar se ele queria conversar sobre o que o estava incomodando, mas, vergonhosamente, não tive coragem. Tínhamos finalmente nos acertado na noite anterior, era tão errado assim da minha parte só querer curtir o fim de semana com o meu namorado?

Assim, continuamos em silêncio, de mãos dadas, por uma boa hora até chegarmos na propriedade rural. O  lugar onde Alex e Felipe escolheram para trocar a alianças era absurdamente bonita:  um campo aberto com árvores cujo nome eu não sabia, mas que tinha belas flores roxas circulando a lindíssima construção branca que lembrava bastante o estilo português de quando os portugueses vieram para essas terras, mais de trezentos anos antes.

Já na entrada havia uma grande movimentação de pessoas montando as estruturas de metal ao redor do imenso espaço gramado, onde seria a cerimônia. Algumas cadeiras já estavam no graamdo esperando para serem organizadas.

Dan estacionou o carro perto dos outros, na lateral da construção bonita pintada de branco.

— Ei! — Gael cumprimentou pulando de uma árvore para nos saudar. Seu rosto estava manchado de fuligem e seu peito desnudo brilhava de suor. Se aquele não fosse Gael, eu até pensaria que ele era um belíssimo de um gostoso, mas só esse pensamento era muito esquisito porque era Gael e ele era quase meu irmão.

Meu amigo passou o dorso da mão pela testa, retirando as gotas salgadas dali. O cabelo ruivo parecia castanho graças ao fato de estar molhado de suor. Eca.

Ele estendeu os braços para um abraço e me escondi atrás de Dan, não querendo me sujar. Gael estreitou os olhos e flexionou os joelhos como um felino prestes a dar o bote.

— Abraço — disse me encarando ainda com os braços imensos abertos.

Deixei a minha mala cheia de roupas, maquiagem e perfume na grama e neguei com a cabeça, recuando a passos lentos.

Gael deu impulso e eu dei as costas a ele.

Eu ri e saí correndo pelo gramado, chutando grama para todos os lado, desviando do pessoal do cerimonial que estava organizando tudo para o almoço das famílias, uma coisinha fofa que Alex tinha resolvido fazer para que seus sogros e cunhada conhecessem a família dele — a família de Felipe era do Rio de Janeiro e tinha vindo apenas para o casamento.

Dei um gritinho quando Gael me pegou pela cintura e me apertou contra o tronco molhado de suor. Lutei contra ele, gargalhando.

— Ai, nojento — reclamei quando me soltou e empurrei seu peito.

Ele riu e bagunçou o meu cabelo com carinho como fazia desde que eu me entendia por gente.

Dan nos observava com os olhos azuis queimando e os braços cruzados no peito. Se eu não o conhecesse, diria que Dan estava com ciúmes.

Fiz menção de pegar a minha mala, mas Dan afastou a mão e a pegou. Suspirei e tirei o seu terno — encaixado em um cabide — da outra mão dele, assim como a própria sacola de roupas de Dan. Ergui as sobrancelhas esperando que ele reclamasse.

— E aí — Gael cumprimentou, parecendo alheio aos sentimentos do outro. Ele estendeu a mão para o meu namorado. — Bom ver que você não mudou de ideia, ainda tenho muitas ameaças para fazer caso você machuque a Sofs.

Mentira Perfeita [CONCLUÍDA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora