25- Crueldade

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A mão de Dan estava na minha coxa enquanto ele dirigia de volta para a cidade. Lucas e Mel estavam dormindo no banco de trás, meio que de costas um para o outro. Parecia que a lua-de-mel do casalzinho vinte tinha chegado ao fim. Não que a minha amiga quisesse me dizer o que aconteceu. Ela só fez cara feia e desconversou quando perguntei o que tinha acontecido, o que era bem incomum já que Melissa amava ouvir o som da própria voz.

Dan estacionou diante do casarão da minha melhor amiga e depois dirigiu para deixar Lucas no portão do condomínio caro onde ele vivia.

Dan suspirou, mas em vez de me deixar em casa dirigiu para a casa dele.

— A minha casa é para o outro lado — assoprei e ele ergueu uma sobrancelha.

— Você quer dirigir? — questionou cheio de marra e revirei os olhos antes de desviar o olhar para a cidade que voava através do vidro escuro da janela.

— Babaca — resmunguei  antes de voltar a olhar para seu rosto, onde um sorrisinho perdurava.

Seus dedos apertaram a minha coxa.

— E você ama esse babaca — zombou brincando com o piercing usando a pontinha da língua.

Suspirei, fingindo estar desolada, mas na verdade eu queria era beijar aquela boca linda e morder o piercing.

— O amor é cego — respondi.

Dan riu e eu não pude conter o meu sorriso.

Só consegui parar de sorrir quando ele entrou na garagem do casarão e eu percebi que o carro do pai dele ainda estava ali.

— Não vai me dizer que está com medo — Dan desafiou. Claro que eu estava! Em especial depois daquele jantar desastroso.

— O seu pai tá lá dentro — reclamei, apontando na direção da casa pela pequena passagem entre a garagem e o corredor.

Dan revirou os olhos.

— Você já conhece o meu pai, Sofia.

— É diferente — tentei explicar, mas ele não parecia entender. O doutor Ricci não era só pai do meu namorado, mas também tinha muitas relações com a minha mãe com a família do meu ex.  Não era tão simples assim enfrentá-lo.

Tentei explicar isso para Dan, mas suas sobrancelhas muito pretas estavam unidas em uma careta e desisti. Ele não entenderia.

Dan cruzou os braços, me encarando.

— O que exatamente seria diferente?

— E se ele não gostar de mim? — comecei com a maior dúvida, aquela que revirava o meu estômago.

Dan  me abraçou, respirando o cheiro do meu cabelo com força como se quisesse guardar dentro dele.

— Meu pai te ama — declarou me olhando nos olhos.

— Claro que amo — veio a voz de trovão do meu sogro e estremeci, dando um passo para trás do seu filho.

O homem estava usando roupas quase casuais: uma bermuda cargo e camisa pólo listrada, ambos brancos, contrastando com o filho vestido da cabeça aos pés em preto. A roupa clara fazia o homem parecer ainda mais bronzeado.

Dan apertou os meus dedos — me garantindo sem palavras que tudo ficaria bem — antes de se virar para encarar o pai. Suas costas estavam eretas e ele parecia mais alto e largo, imponente.

— Como vai, querida? — Giuseppe Ricci cumprimentou, simpático, com os olhos azuis brilhando na minha direção de um jeito muito parecido com o do filho.

Mentira Perfeita [CONCLUÍDA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora