Seokjin

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titia voltou, me deixem saber o que acharam.


   Conseguir aquele estágio era tudo o que eu mais queria na vida.

Era a quarta vez que eu me inscrevia para tentar vaga em alguns dos restaurantes e, finalmente, tive sucesso. E o melhor de tudo é que foi junto com meu melhor amigo e parceiro de vida e confusão, o Jimin.

Cursar gastronomia sempre foi meu sonho, sabe. Desde pequeno, quando eu via minha família junta preparando os grandes almoços que tínhamos, me dava uma vontade de ajudar e aprender cada vez mais, eu me metia no meio de quem estivesse na cozinha todas as vezes. Minha mãe sempre incentivou esse lado meu, e por mais que meu pai tenha ficado um pouco receoso de eu estar seguindo essa profissão e não algo como medicina, que era o que ele tanto queria, no fim das contas ele lida bem com o que eu escolhi e serve até de cobaia experimentando as combinações que eu testo em casa antes de levar pro restaurante do senhor Kim ou para as aulas experimentais.

Estar na cozinha é o que realmente me faz feliz, talvez alguém ache isso algo meio estranho de se dizer, mas eu me sinto realmente completo quando finalizo um prato e consigo ver que a pessoa que o comeu está feliz e satisfeita.

Comer é sempre bom.

É prazeroso gostar do que se faz e eu realmente amo o que escolhi pra mim. Nunca fui um nerd, por assim dizer, e nem estou querendo me gabar, longe disso, mas sei que sou bom no que faço e isso é comprovado através das minhas notas e dos elogios que recebo dos meus familiares, dos professores e do senhor Kim.

Ah, e do Namjoon também, ele vive enchendo minha bola!

Eu tenho material o suficiente para criar uma conta no Twitter com o nome sendo algo do tipo "a cantada que Kim Namjoon me passou hoje", quem sabe até fizesse sucesso por que elas são realmente péssimas.

Mas eu gosto tanto.

A primeira que ele me mandou foi aquela do bombonzinho fora da caixa, sabe? Eu até estava bebendo água no momento e, sim, me engasguei por motivos de: é péssimo!

Namjoon é bobo demais.

E eu sou bobo por ele também, mas tenho medo de falar que é recíproco e nós engatarmos num romancinho que talvez depois vire uma coisa mais séria e isso venha de alguma forma atrapalhar meu rendimento no restaurante, ou que isso me faça ter algum tipo de privilégio diante dos outros. Pode parecer que não, mas eu percebo certos olhares que recebo quando o senhor Kim me elogia na frente da equipe toda, o Jimin fala que é coisa da minha cabeça, mas no fundo eu sei que só diz isso pra que eu não me sinta mal.

Mas eu preciso é parar de ser iludido! Pff, namoro com o Namjoon, imagina...

É até engraçado imaginar que ele vai me querer de verdade quando tem um monte de gente que dá maior bola pra ele lá na universidade, o cara vive rodeado de amigos e eu já vi uma menina topando numa pedra enquanto andava e olhava ele arrumando o cabelo no reflexo do vidro da van. Eu confesso que ri na hora.

Mas mesmo achando que ele não quer nada comigo, eu me pego lembrando as três vezes que ele me chamou pra sair e eu recusei por ser um grande e belo bocó.

Isso mesmo, eu sou um bocó inseguro que não consegue nem revelar pro cara que gosta os verdadeiros sentimentos por puro medo. É o que eu sinto. No fundo é tudo medo que fica entre perder a vaga ou ser efetivado só por ter entrado para a família. E não é isso o que eu quero, nunca foi, eu me esforço muito e todos os dias pra simplesmente ter tudo indo por água abaixo só por estar dando bitoquinhas no filho do meu patrão.

Eu vivo de inventar desculpas e tento ao meu máximo evitar que ele tenha uma chance de me chamar de novo, dói demais no meu coraçãozinho ter que fingir que não quero ir porque no fundo mesmo eu só quero encher aquela boquinha bonita de beijinhos e ficar deitado fazendo carinho naquele cabelinho cheiroso que eu sei que ele tem. Eu já senti e quase tive um infarto por que, sério, um homem daquele usando shampoo com cheiro de maçã é demais pra mim.

Mas a partir do momento que começa a cair um temporal completamente aleatório na saída da aula, que me deixa quase uma hora de castigo debaixo de uma árvore na entrada da universidade, eu não tenho muita escolha a não ser entrar na van branca, com o motorista bonito de sorriso de covinhas que me oferece carona.

Se isso for um jogo, eu espero que Deus saiba que eu quero que ele me mate agora.

E daí eu entro na van né?! Carona é carona, e mesmo que seja o homem-dos-meus-sonhos-que-eu-não-posso-ter-pelo-menos-por-enquanto, é o horário do estágio que está em jogo e também minha saúde, afinal eu já tinha dado uns cinco espirros seguidos, o que demonstra uma iminente crise de rinite no meio da minha tarde.

Uhul. Que alegria.

E nós seguimos protegidos pela van, mas debaixo de uma chuva danada e talvez eu desse tudo para hoje, só hoje, não precisar ir ao estágio. Qual é, dia de chuva assim deveria ser proibido da gente precisar levantar da cama! Por mais que eu ame fazer o que faço, às vezes bate uma preguicinha e uma vontade de fazer com que os cinco minutinhos que a gente pede pra mãe antes de levantar se transforme em um dia inteiro de procrastinação. Mas a vida é isso né, a gente tem que crescer e se virar pra arranjar o dinheiro que vai pagar nossas contas, não se pode ficar de boca aberta esperando que caia alguma coisa do céu.

Provavelmente se cair vai ser presente de algum passarinho.

Eu fico um tempo imerso nesse mundinho de pensar em como queria estar na minha cama, o rádio tocado baixinho algum viral do momento que o faz cantarolar, até que a van para num sinal e ele se vira para mim com aquele sorriso sacana mostrando as covinhas que eu tanto gosto.

Até já sei o que vem pela frente.

E sim, é isso mesmo. Ele se vira pra mim, sorri, olha pelo vidro da frente e manda de uma vez:

-Muita chuva, né? Mas se você fosse resfriado eu andaria pelado nela só pra te pegar!

Tá vendo o motivo do meu sofrimento? Ele vem com essas coisas pro meu lado, um monte de cantada brega que eu tenho certeza que se fossem ditas por outro cara eu já teria mandado sumir da minha frente e não aparecer nunca mais.

Mas é o Namjoon. Ele me deixa mole de um jeito tão bom, eu me sinto tão bem perto dele que por mais que tivéssemos ficado quase cinco minutos sem nos falar até aquele momento, não era um silêncio ruim, muito pelo contrário, ele é confortante e me faz sentir bem. Eu adoraria passar mais tempo com ele, a gente s conheceria melhor e quem sabe até rolasse o romance que eu tanto queria.

Só que aí eu paro e penso no quanto lutei pra chegar até aqui, pra conseguir esse estágio e crescer sozinho. O Jimin vive falando pra eu retribuir diretamente, ele diz que o senhor Kim não me trataria diferente dos outros só por ser um possível genro dele, mas eu fico confuso! Até falei pra minha mãe do que se passava na minha cabeça e ela disse que se eu queria tanto retribuir, que retribuísse, afinal, eu posso ser jovem, mas só se vive uma vez e quem sabe se eu deixasse o Namjoon passar, no futuro quando o arrependimento batesse na minha porta, eu abrisse e ganhasse um soco no meio da minha cara.

Minha mãe é esse amor todo que vocês podem ver e, sabe, eu quero considerar dar uma chance a ele sim, afinal eu nem sei se no final de tudo serei efetivado mesmo. Seria o meu sonho? Seria, mas o futuro não cabe a mim e talvez isso nunca aconteça e de quebra eu ainda ganhe um coração partido, afinal eu não me surpreenderia em nada se encontrasse o Nam um dia e ele estivesse com outra pessoa por ter se cansado de investir num bocó inseguro que ria das cantadas, mas rejeitava os encontros.

E é com o pensamento de que sim Seokjin, só se vive uma vez, que no final daquele mesmo dia com a chuva que achávamos que não iria passar nunca e depois de queimar duas vezes o meu dedo pensando nisso, quando ele vem todo faceiro me chamando pra sair de novo - dessa vez até me dando um chocolate! -, eu digo sim.

Eu vou deixar minha confusão de lado e, finalmente, sair com Kim Namjoon.

Deus me leve agora!



na quarta vez [ namjin ]Where stories live. Discover now